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Forma musical estrofe-refrão: melodia e letra características de cada seção

Forma Musical:

Forma Musical

Toda obra musical possui uma estrutura que a sustenta, seja uma canção ou uma peça puramente instrumental. Essa organização é o que chamamos de Forma Musical.

Esta forma pode seguir padrões estabelecidos e conhecidos ao longo do tempo, ou pode ser inovadora, trazendo uma configuração totalmente nova.

Compreender as formas básicas da música é crucial para criar composições coesas e bem elaboradas, mesmo que futuramente se opte por explorar formas mais experimentais.

Neste artigo, exploraremos uma forma musical muito comum na música popular dos séculos XX e XXI: a Forma Estrofe-Refrão e suas seções.

Contraste na música:

A Forma Musical desempenha um papel crucial na criação de contraste em uma composição. Ao alternar entre diferentes seções, como estrofe, refrão, ponte e finalização, o compositor consegue destacar elementos distintos da música, tornando-a mais cativante e evitando a monotonia. Essa capacidade de controlar o contraste é essencial para manter o interesse do ouvinte ao longo da música.

Ao separar e destacar cada seção, a Forma Musical torna a estrutura da música mais compreensível para o ouvinte, permitindo-lhe seguir a progressão da história musical de maneira mais clara. Em essência, a Forma Musical funciona como um mecanismo de controle de contraste, capacitando o compositor a manipular a energia e os elementos da música.

Todas as músicas possuem uma energia musical única, que naturalmente tende a aumentar ao longo da música para manter o interesse do ouvinte. Essa energia é o que impulsiona a música e mantém o ouvinte envolvido até o fim. Elementos como letra, melodia, progressão de acordes e instrumentação afetam essa energia. Ela pode se manifestar de forma intensa, levando os ouvintes a dançar, ou de forma sutil, incentivando a reflexão.

Ao longo de uma música, é fundamental que a energia aumente progressivamente, preparando o terreno para um clímax emocional ou um momento de maior intensidade. Esse aumento da energia pode ser conquistado por meio de uma variedade de elementos musicais e composicionais. Por exemplo, é possível aumentar a dinâmica, acrescentar instrumentos, intensificar a complexidade rítmica e harmônica, entre outras técnicas.

Neste artigo, exploraremos as características específicas que tanto a letra quanto a melodia devem apresentar em cada seção de uma canção com a forma estrofe-refrão. Ao entendermos como esses elementos se interligam e evoluem ao longo da música, seremos capazes de criar composições que cativam e emocionam os ouvintes de forma mais eficaz.

A melodia e a letra de cada seção da música:

Cada parte de uma canção desempenha funções distintas dentro da estrutura da composição. Neste artigo, examinaremos as diferentes seções de uma música com Forma Estrofe-Refrão e as características gerais da letra e da melodia para cada seção.

Quando consideramos a melodia de uma canção, é crucial compreender que ela é concebida para ser cantada por uma voz humana. Isso implica em considerar não apenas a própria melodia, mas também como ela se adapta ao esforço e às características da voz humana ao ser entoada.

O alcance vocal é fundamental, pois influencia a energia e a dinâmica da música. Notavelmente, quanto mais aguda a voz, mais dinâmica e enérgica se torna a canção.

Cantores que exploram um registro vocal mais agudo precisam de uma técnica vocal sólida e realizar um esforço maior para alcançar e sustentar essas notas agudas. Esse esforço não apenas se manifesta na qualidade da interpretação, mas também contribui para a energia percebida e sentida pelos ouvintes.

Como cada seção de uma canção precisa ter um nível de energia específico, uma das melhores maneiras de fazer isso é construir uma melodia condizente para cada seção.

Assim como a melodia, a letra desempenha um papel crucial na definição das diferentes seções de uma música e na transmissão da emoção desejada. Cada parte da música – como estrofes, refrões, pré-refrões e pontes – tem uma função específica, e a letra é uma das principais ferramentas para diferenciá-las.

Essa diferenciação na natureza da letra entre as seções contribui para a dinâmica da música, criando contrastes que mantêm o ouvinte engajado e acrescentam profundidade emocional à composição.

Agora vamos explorar minuciosamente cada seção de uma canção com Forma Estrofe-Refrão, compreendendo sua função e como a letra e a melodia se relacionam em cada uma delas.

Introdução:

Esta é a primeira seção que encontramos em uma música. Pode consistir em uma parte do refrão ou da estrofe tocada instrumentalmente.

Alternativamente, pode ser algo completamente diferente do restante da música, como uma entrada grandiosa.

A Introdução (ou Intro) é uma seção opcional, destinada principalmente a capturar o interesse do ouvinte.

A Introdução desempenha um papel crucial ao definir a tonalidade e o estilo da música. Em outras palavras, ela estabelece o ambiente estilístico e a atmosfera geral da composição.

Uma introdução eficaz deve incorporar algumas dessas características essenciais:

1 – Define o ambiente emocional (triste, alegre, eufórico, romântico, agressivo, etc.).

2 – Indica o estilo musical predominante (Rock, MPB, Pop, etc.).

3 – Estabelece o andamento da música (tempo – velocidade).

4 – Determina a tonalidade principal da música.

Estrofe:

A estrofe é a seção inicial da letra, destinada a narrar a história e apresentar a melodia da música.

Geralmente, consiste em duas ou três partes com estrutura semelhante, mantendo métrica, tamanho e número de versos. Cada verso desenvolve a ideia iniciada no anterior.

Sua função principal é estabelecer a narrativa de forma relativamente contida, preparando o terreno emocional para o refrão, onde a intensidade aumenta.

A estrofe deve desenvolver a narrativa da música e criar uma conexão com o ouvinte.

Letra da estrofe:

Na estrofe, a letra estabelece o tema da música e desenvolve a história que está sendo contada, geralmente atraindo a atenção do ouvinte com declarações marcantes ou questionamentos.

Cada nova estrofe continua a história de forma coerente, servindo como preparação para o refrão. As estrofes são cruciais para envolver o ouvinte à medida que a trama se desenrola.

Nas estrofes, a letra muitas vezes assume um caráter mais narrativo. Ela é responsável por desenvolver a história ou a mensagem que está sendo transmitida pela música. Nesse sentido, a letra nas estrofes pode descrever cenários, eventos ou experiências de forma mais detalhada e elaborada, criando uma base sólida para a narrativa da canção.

Melodia da estrofe:

A melodia da estrofe desempenha um papel fundamental na captura da atenção do ouvinte e na preparação para o impacto do refrão. Ela estabelece a atmosfera geral da música e deve estar em sintonia com o estilo musical escolhido.

A melodia da estrofe deve, ainda, complementar as ideias descritas na letra, sem se tornar excessivamente complexa e distrair o ouvinte da narrativa. Ela deve servir como um suporte para as palavras, enfatizando o significado e o tom emocional da letra, sem competir com ela.

Portanto, é aconselhável manter a melodia da estrofe simples, pois o uso excessivo de saltos e variações pode atrapalhar o propósito principal da estrofe e distrair o ouvinte da letra.

Pausas na melodia podem ajudar na compreensão das frases.

A melodia da estrofe deve permanecer em uma região mais próxima da fala, com notas mais curtas, para criar um contraste efetivo com as notas longas e mais agudas do refrão. Isso ajuda a destacar a diferença entre as seções da música, permitindo que o refrão se destaque como um ponto de maior energia e impacto emocional.

Pré-Refrão:

O pré-refrão é uma seção que antecede o refrão em algumas músicas, servindo para melhorar a transição entre a estrofe e o refrão.

Geralmente mais curto que a estrofe, o pré-refrão aumenta rapidamente a energia para conectar-se ao refrão. Pode-se aumentar a energia adicionando instrumentos, aumentando a dinâmica ou movendo a melodia para uma região mais aguda.

Nem todas as músicas precisam de um pré-refrão, mas é útil quando a melodia da estrofe é muito similar à do refrão, quando as melodias estão em regiões muito diferentes ou quando a melodia da estrofe é muito curta. É importante que o pré-refrão crie energia para preparar o refrão; caso contrário, sua inclusão na música não faz sentido.

O Pré-Refrão, é uma ferramenta valiosa para modificar a forma básica de uma música no formato Estrofe-Refrão. Ele ajuda a conectar de forma mais coesa a estrofe e o refrão, além de permitir uma construção mais adequada da história da letra antes de chegar ao refrão.

O pré-refrão pode usar a mesma letra a cada vez ou variar a letra, dependendo das intenções do compositor.

Letra do pré-refrão:

A letra do pré-refrão deve manter a coesão com o conteúdo da estrofe, proporcionando uma continuidade narrativa e emocional para a história que está sendo contada. Ele atua como uma espécie de elo entre as duas seções, construindo uma ponte que prepara o terreno para a entrada do refrão de forma suave e coesa.

Portanto, ao compor um pré-refrão, é essencial garantir que sua letra esteja alinhada com o tema e o fluxo narrativo da estrofe, de modo que o pré-refrão funcione efetivamente em termos de conteúdo lírico.

Melodia do pré-refrão:

A melodia do pré-refrão desempenha um papel fundamental como uma transição entre a estrofe e o refrão, servindo como uma preparação emocional para o clímax da música.

Ela é construída a partir dos elementos estabelecidos na estrofe, incluindo sequências de acordes e letra diferentes, que direcionam a construção melódica dessa seção.

Geralmente, a melodia do pré-refrão é mais aguda que a estrofe, mas menos intensa que o refrão, agindo como uma ponte entre as duas partes da música.

Além disso, é comum variar o ritmo da melodia no pré-refrão, tornando-o mais rápido do que na estrofe, para aumentar a expectativa e preparar o ouvinte para a explosão emocional do refrão.

No entanto, é crucial equilibrar a intensidade entre o pré-refrão e o refrão da música. Se o pré-refrão for excepcionalmente forte, o refrão deve superá-lo para evitar decepcionar o ouvinte.

Portanto, é importante reservar o destaque máximo para o refrão e, se necessário, ajustar o pré-refrão para garantir que o refrão seja o ponto alto da música.

Refrão:

O refrão é a parte da música que deve ser fácil de cantar e memorável, pois é uma repetição da ideia central.

É mais enérgico e emotivo que a estrofe, com instrumentação intensificada e uma melodia mais aguda. Sua letra tende a evocar emoções fortes, como alegria, nostalgia ou tristeza.

O refrão é essencialmente a parte emocionalmente mais impactante da música.

Letra do refrão:

A letra do refrão deve ser o aspecto mais memorável de uma música. Deve resumir de forma simples e marcante o tema estabelecido nas estrofes, e frequentemente apresenta o título da música.

O refrão pode consistir em poucas palavras repetidas ou ser mais extenso, enfatizando emocionalmente o conteúdo das estrofes.

O desafio do compositor é criar um refrão cativante que permaneça na mente do ouvinte e o faça querer cantar junto.

Um refrão emocionalmente impactante tem mais probabilidade de fixar-se na memória do ouvinte e de ser compartilhado por muitas pessoas. Portanto, ao compor uma música com o objetivo de ser memorável e cantada em conjunto, a atenção à letra do refrão é fundamental, já que ele encapsula a essência da música.

No refrão, a ênfase geralmente está na emoção. Aqui, a letra tende a ser mais direta e emotiva, transmitindo a essência da música de uma forma mais concisa e poderosa.

O refrão muitas vezes contém o gancho principal da música, aquela frase ou linha cativante que fica na mente do ouvinte e define a mensagem central da canção.

Portanto, a letra do refrão geralmente é formulada para ser memorável, impactante e capaz de ressoar com o público de forma instantânea.

Melodia do refrão:

Criar uma melodia envolvente para o refrão é essencial para garantir que sua música seja memorável e cativante. O refrão é a peça central das canções com a forma Estrofe-Refrão e é o que fica gravado na mente das pessoas, sendo cantado repetidamente após um show, festa ou qualquer ocasião.

Ao compor a melodia para o refrão, é fundamental que ela seja o ponto culminante da canção.

Para preparar adequadamente o terreno para o refrão, é recomendável aumentar gradualmente a energia no final da estrofe ou usar um pré-refrão.

A melodia do refrão deve ser o ápice da sua música, apresentando notas mais altas e, às vezes, os maiores saltos na melodia (intervalos entre uma nota e outra), dependendo do estilo musical.

Uma boa melodia de refrão deve conduzir o cantor para regiões vocais mais agudas, gerando assim mais energia. Isso é particularmente importante, pois a letra do refrão geralmente é mais emotiva e exige uma intensidade maior. Ou seja, a união entre uma letra emotiva e uma melodia mais energética faz o refrão ser especialmente poderoso.

Ponte:

A ponte é uma seção da música projetada para criar contraste e evitar monotonia, geralmente posicionada após o segundo refrão. Ela pode conter letra ou ser apenas instrumental, mas sua função principal é oferecer variedade ao ouvinte, trazendo uma melodia, letra e progressão harmônica diferentes.

Características importantes incluem a introdução de novos materiais melódicos, harmônicos e poéticos, evitando repetição excessiva e ajudando a aumentar a energia da música, preparando o ouvinte para o clímax no último refrão.

Um solo instrumental é uma técnica comum para criar energia durante a ponte, com instrumentos como saxofone, guitarra, piano, sintetizador, trompete e gaita de boca sendo populares.

A duração da ponte pode variar, mas geralmente é do tamanho de uma estrofe ou refrão, intensificando-se no final e conectando-se ao último refrão ou, ainda, dissipando sua energia se conectando a uma estrofe adicional.

Depois de ouvir a estrofe e o refrão algumas vezes, o ouvinte busca algo novo para manter a experiência interessante. A ponte pode oferecer essa novidade. Isso renova a energia da música antes de finalizar a música, criando um momento de contraste marcante para o compositor explorar.

Letra da ponte:

Em termos de letra, a ponte pode finalizar uma ideia, expandir o tema principal ou oferecer um momento de descanso para o ouvinte.

É importante que a letra da ponte traga um contraste em relação ao restante da música, seja refletindo sobre ideias anteriores de uma maneira diferente ou ajustando o ritmo e a cadência das palavras para oferecer algo novo ao ouvinte.

O objetivo é criar um contraste eficaz para manter o interesse e a dinâmica da música.

Melodia da ponte:

A melodia da ponte desempenha um papel crucial na renovação e diversificação da música, proporcionando uma mudança de atmosfera e introduzindo novos elementos melódicos à composição. É a última oportunidade para expressar ideias, tanto líricas quanto melódicas, que ainda não foram abordadas nas outras seções da música. No entanto, a inclusão da ponte é totalmente opcional e deve ser cuidadosamente considerada para garantir que contribua positivamente para a música.

A melodia da ponte pode intensificar ainda mais a energia da música se o compositor sentir que falta um super clímax para a canção. Isso significa que a ponte oferece uma oportunidade valiosa para elevar a emoção e a intensidade da música a um novo nível.

Por outro lado, a melodia da ponte pode também ser mais suave quando a música já tem um nível de energia muito alto como um todo. Isso significa que, após uma sequência de estrofes e refrãos intensos, a ponte pode servir como um momento de descanso, permitindo que a melodia seja mais suave e relaxante.

Quando bem executada, a ponte traz um senso de renovação e vitalidade à música. Por outro lado, quando mal elaborada, pode fazer com que a música pareça excessivamente longa ou desarticulada.

Às vezes, uma simples ponte instrumental, como um solo improvisado ou uma melodia composta, é o suficiente para injetar nova energia na música.

Finalização (Coda):

A finalização, ou coda, desempenha um papel crucial na conclusão da música, oferecendo uma última impressão duradoura aos ouvintes. É a parte final da composição, que ocorre geralmente após o último refrão, e sua execução pode variar de acordo com a intenção e o estilo da música.

Uma abordagem comum para a finalização é a repetição do último refrão, muitas vezes acompanhada por um fade out gradual, onde o volume da música diminui lentamente até desaparecer. Essa técnica cria uma sensação de conclusão suave e gradual, permitindo que a música se desvaneça de forma orgânica.

Outra possibilidade é introduzir uma parte nova na finalização, oferecendo uma reviravolta final que surpreende e envolve os ouvintes. Isso pode incluir uma variação melódica ou harmônica, uma mudança no ritmo ou até mesmo a adição de novos instrumentos para criar um clímax emocional.

Além disso, a finalização pode trazer de volta elementos musicais apresentados anteriormente na música, como a repetição da introdução. Essa técnica cria uma sensação de circularidade e conclusão, unificando a composição de maneira coesa.

Exemplos de músicas com Forma Estrofe-Refrão:

A forma estrofe-refrão é a mais comum na música popular atual, onde as estrofes alternam-se com um refrão repetitivo.

As formas musicais não devem ser encaradas como regras rígidas, mas sim como ferramentas para guiar a composição. Muitas das melhores músicas já criadas não seguem essas formas convencionais.

Portanto, experimente e se desafie a explorar novas abordagens.

No entanto, é importante ter em mente que, se a sua música parecer confusa ou sem foco, pode ser necessário revisitar e refinar sua forma. O processo de criação musical é uma jornada de experimentação e descoberta, e encontrar a forma certa para sua música pode exigir tentativa e erro.

Aqui está uma lista de canções brasileiras que utilizam todas as variações da Forma Estrofe-Refrão:

Lágrimas e Chuva, Fixação, Pintura Íntima, Como Eu Quero (Kid Abelha) | Exagerado, Codinome Beija-Flor (Cazuza) | Esperanças Perdidas (Originais do Samba) | Quem De Nós Dois (Ana Carolina) | Delírio (Secos e Molhados) | Bloco na Rua (Sergio Sampaio) | Zero (Liniker) | Sol (Vitor Kley)

Exemplos autorais:

Abaixo você pode conferir algumas músicas de minha autoria que possuem Forma Estrofe-Refrão.

“Lembrar em paz”

“Não tem volta”

“Nada é em vão”

Sobre o autor

Gandhi Martinez

Como compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos, trago uma vasta experiência e dedicação ao universo da música. Minha jornada acadêmica inclui graduação em Música, mestrado em Interpretação e Criação Musical, e atualmente estou dedicado ao doutorado em Processos Criativos, com foco na Composição Musical. Fui reconhecido entre os 21 melhores instrumentistas do Brasil com o lançamento do meu primeiro CD, e desde então, tenho compartilhado minha arte através de diversos trabalhos, incluindo 5 CDs, 2 DVDs e vários singles, todos marcados pela autenticidade das minhas composições autorais.

Minhas composições abrangem um amplo espectro musical, que vai desde a riqueza da canção popular brasileira até a sofisticação da música instrumental popular e peças eruditas. Além de prosseguir com meu Doutorado, estou intensamente comprometido em compor minhas próprias canções, explorando diversas influências e estilos musicais. Paralelamente, dedico-me ao ensino, compartilhando meu conhecimento e paixão pela composição musical com aqueles que desejam explorar e desenvolver sua criatividade na música.

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Como Compor uma Música – 8 Dicas Infalíveis

Passo a passo para compor uma música do início ao fim

Como Compor Uma Música
Como Compor Uma Música

Existem muitas formas de se compor uma música. Alguns compositores começam escrevendo primeiro a letra, ou uma sequência de acordes, outros já saem criando a melodia com a letra junto, e por aí vai. Não existe uma fórmula que funcione para todos. Na maioria das vezes o que acontece é que o mesmo compositor tem várias maneiras de fazer música.

O que eu vou apresentar nesse artigo são dicas muito boas que você pode seguir como um passo-a-passo para compor uma música do início ao fim. Mas tenha em mente que essa é apenas UMA maneira de como compor uma música.

Fique comigo até o final que você não vai se arrepender.

Aqui está um passo-a-passo de como compor uma música do início ao fim. Aproveite!

(1) Escolha o estilo musical

Escolha o Estilo Musical
Escolha o Estilo Musical

Existem compositores que começam a compor uma música sem saber exatamente qual estilo musical que ela terá. Geralmente isso acontece quando o compositor começa pela letra. Mas se você já começar a compor uma música sabendo o estilo que ela terá, a composição fluirá mais facilmente.

Mas não basta escolher o estilo, você precisa estudar e analisar o estilo escolhido. A análise do estilo musical é fundamental! Duas características essenciais para se analisar são:

(1) A quantidade e os tipos de acordes mais comuns: preste atenção se os acordes são complexos ou simples e se as músicas desse estilo têm muitos acordes ou poucos.

(2) O conteúdo e a linguagem das letras: preste atenção em quais assuntos geralmente são abordados (amor, protesto, curtição, tristeza, sofrência, filosofia, etc). Preste atenção na linguagem utilizada: se é culta ou casual, se usa palavras de baixo calão, se usa gírias.

Analisando apenas esses detalhes com certeza você vai conseguir compor com mais facilidade e naturalidade. Esse tipo de exercício ajuda em todos os próximos passos.

(2) Defina a estrutura da música

Defina a Estrutura da Música
Defina a Estrutura da Música

O termo correto para se referir à estrutura de uma música é FORMA MUSICAL. A forma musical é um dos elementos mais importantes da música. Nada vai funcionar bem na sua música se ela não tiver uma forma equilibrada. Não adianta você conseguir criar aquele refrão matador se não souber como valorizar ele dentro da música.

Então vamos dar uma olhada nas SEÇÕES mais usadas nas formas musicais.

As formas musicais mais utilizadas no universo da música popular são variações dessas seções aqui:

Intro

Estrofe (ou verso)

Pré-refrão

Refrão

Solo

Ponte

Coda (finalização)

Essa sequência já pode ser considerada uma forma musical bem completa. É claro que nem todas as músicas utilizam todas essas seções e nem seguem essa estrutura exatamente. Algumas músicas não têm introdução, outras começam no refrão, outras não têm ponte nem solo, outras repetem o refrão várias vezes, e assim por diante.

O importante é você escolher como será a forma da sua música, ou pelo menos saber quais dessas seções a sua música terá.

Um bom jeito de decidir essas questões é prestar atenção nas formas utilizadas nas músicas do estilo que você quer compor. Tem estilos que não usam refrão e tem outros que valorizam muitíssimo o refrão, por exemplo.

Um bom exercício:

Escolha uma música que você gosta muito e analise a forma musical dela. Depois que você identificar cada seção e a maneira em que elas estão estruturadas, tente fazer uma música sua com essa mesma forma. Não se preocupe, isso não é plágio! Na verdade, algumas formas musicais são utilizadas em milhares (talvez milhões) de músicas e cada música dessas é diferente.

(3) Defina o “clima” da música

Defina o Clima da Música
Defina o Clima da Música

A escolha do “clima” é uma coisa que muitos compositores iniciantes (e até alguns experientes) deixam “ao acaso”. Mas se você perceber, todas as músicas que você adora têm um clima próprio e específico. Então, defina se a sua música vai ter um clima alegre, triste, agitado, tranquilo, agressivo, sombrio, etc. Isso facilita muito o processo de composição.

Por exemplo: se você decidir que a sua música terá um clima agressivo, talvez uma letra muito romântica não fique legal. Ou se o clima da música for muito tranquilo, talvez uma letra de protesto perca a força.

Quando você define o clima que a sua música vai ter, isso já facilita muito a sua vida, porque várias ideias que não combinariam com esse clima já são excluídas. Ou seja, você não perde tempo com ideias que ficariam ruins e, automaticamente, fica mais próximo de ideias que são mais propensas a funcionar bem com aquele clima. A escolha do clima influencia muito os três próximos passos.

(4) Crie progressões harmônicas

Crie Progressões Harmônicas
Crie Progressões Harmônicas

Uma progressão harmônica é uma sequência bem estruturada de acordes.

Esse passo tem tudo a ver com os passos 1, 2 e 3 que já vimos. Vamos ver as relações entre as progressões harmônicas e os passos anteriores:

Passo 1 – Existem progressões harmônicas típicas de cada estilo musical. Alguns estilos musicais usam acordes mais dissonantes e com sequências de acordes mais longas, já outros estilos usam acordes básicos e progressões curtas.

Passo 2 – Para cada seção (da forma musical) você vai precisar variar a progressão harmônica. A progressão utilizada no refrão geralmente é diferente da utilizada nas estrofes (versos) Apesar de isso não acontecer em todos os estilos musicais, é muito comum que cada seção da música use variações nas sequências de acordes. Alguns estilos fazem mudanças mais bruscas e outros fazem apenas algumas alterações sutis.

Passo 3 –  Os acordes têm o poder de modificar o clima musical. Se você quiser que a sua música tenha um clima triste, por exemplo, vai ser mais eficiente se você usar progressões harmônicas que privilegiem acordes menores e diminutos. Se quiser um clima mais alegre, acordes maiores podem funcionar melhor. É claro que essa história de acorde maior é alegre e acorde menor é triste não é uma coisa absoluta, mas pode ser um bom começo.

Pois bem, depois que você escolher as progressões harmônicas da sua música será mais fácil utilizá-las para seguir com o próximo passo.

(5) Crie a melodia

Crie a Melodia
Crie a Melodia

Vamos supor que você esteja seguindo esse passo-a-passo à risca e já decidiu em qual estilo musical irá trabalhar, já definiu a forma musical, já sabe qual clima a sua música terá e já criou algumas progressões harmônicas. Se você tiver tudo isso bem encaminhado, será muito mais fácil criar uma boa melodia para a sua música.

Uma coisa que você tem que entender é que cada seção da música exige uma melodia com características específicas:

Nas estrofes (ou versos): as melodias são mais graves, amenas e com carga emocional baixa. Geralmente a melodia dessas partes se repete, mas com letra diferente.

No refrão: a melodia geralmente atinge as notas mais agudas da canção, isso ajuda a elevar a carga emocional ao máximo.

No pré-refrão: a melodia precisa fazer uma ligação entre as notas graves e amenas da estrofe com as notas agudas e expressivas do refrão. Essa parte precisa preparar o ouvinte para o refrão.

Na ponte e no solo: a melodia pode variar bastante. Por exemplo, se a música já estiver com bastante energia nas outras seções, a ponte ou o solo podem dar uma aliviada na energia para preparar a entrada triunfal do último refrão. Se a música estiver com a energia baixa, essas seções podem ser utilizadas para criar um clímax.

Na introdução e na finalização: pode ser utilizada a melodia de alguma outra seção da música, mas de forma instrumental.

Essa parte da melodia confunde muita gente, por isso criei outro artigo explicando COMO COMPOR UMA MELODIA.

(6) Escreva a letra

Escreva a Letra
Escreva a Letra

Como já foi dito, existem muitas maneiras de como compor uma música. No caso deste passo-a-passo, a letra só vai começar a ser escrita agora, mas nada impede que você comece a compor uma música pela letra.

Também existem inúmeras maneiras de se fazer uma letra de música, aqui vou te propor uma que eu gosto muito e que funciona super bem.

Se você seguiu os passos até aqui, nesse momento já tem uma música quase completa. Já dá para tocar a sua música e sentir o clima dela e decidir o tema da sua letra. Então você pode fazer o seguinte. Siga esses passos:

(1) Grave a sua música tocando ela inteira e cantarolando a melodia sem letra mesmo, usando o velho “lá lá lá” ou fazendo da maneira que preferir. Não se preocupe se você não tiver um gravador profissional ou um programa de gravação no computador, pode usar o gravador do celular mesmo. Mas procure um local silencioso para fazer a sua gravação, isso ajuda muito.

(2) Depois você vai escutar algumas vezes o que gravou e escrever alguns temas que combinam com o clima da sua música. Nessa etapa você só precisa escrever os sentimentos gerais da sua música, como “triste”, “alegre”, “dançante”, “tranquilo”, etc.

(3) Agora chegou o momento de colocar a sua personalidade e escolher temas que tenham a ver com a sua experiência de vida. Por exemplo: se você identificou que o clima tá meio triste, chegou a hora de relacionar essa “tristeza musical” com algum fato triste da sua vida. Pode ser um namoro que terminou, uma mudança de cidade, um animal de estimação que morreu, ou qualquer outra coisa nesse sentido.

(4) Depois de definir qual fato específico vai inspirar a sua letra, você vai escrever como se sente em relação ao assunto. Esse é o momento de abrir o seu coração. Escreva como se fosse um diário, não precisa pensar em rimas nesse momento.

(5) Depois que você tiver bastante informações sobre o assunto, chegou a hora de lapidar o texto e deixar ele com cara de letra de música. Defina a linguagem que será utilizada na sua letra (lembre-se das análises feitas no passo 1). Se faça essas perguntas:

Sua letra vai ter uma linguagem informal? Ou o assunto é sério e precisa de uma linguagem mais culta? Você vai usar gírias e expressões regionais? Você quer contar uma história com começo meio e fim ou sua música terá poucas frases de efeito?

Pense nessas questões e ajuste o seu texto para que ele siga apenas um tipo de linguagem.

(6) Depois que tiver o texto lapidado, é hora de encaixar a letra na melodia que você já criou. Você vai prestar atenção nas acentuações melódicas. Toda melodia tem notas mais acentuadas que outras, é isso que você vai procurar. E pra que você precisa disso? Pra encaixar a letra de forma adequada!

(7) Agora que você já entendeu as acentuações melódicas, você vai começar a cantarolar a letra em cima dessa melodia. Mas vai prestar atenção e tentar encaixar as sílabas tônicas das palavras com as acentuações da melodia. Isso pode ser um pouco difícil no começo, mas essa etapa é uma das mais importante!

(8) Agora você vai gravar as partes que conseguiu encaixar. Você vai perceber que alguns ajustes serão necessários, tanto na letra quanto na melodia. A letra vai precisar ser modificada para criar esquemas de rimas que você achar interessante, e a melodia pode sofrer algumas alterações para privilegiar algumas palavras da letra.

DICA DE OURO

Não tente “forçar rimas” com frases terminando com coisas do tipo: “a fazer”, “a chorar” só para rimar com alguma palavra terminada em “er” ou “ar”. O mais natural nesse caso seria “fazendo” e “chorando”. Se você forçar a barra nas rimas, a chance de a sua letra parecer ridícula é muito grande.

Se esforce e faça modificações até ficar bom! Quando tiver dúvida sobre como a letra está soando, recite ela em voz alta e se estiver soando muito diferente de como você fala no dia-a-dia, ligue o sinal de alerta e tente reescrever a parte que está esquisita.

(7) Crie um título chamativo

Crie um Título Chamativo
Crie um Título Chamativo

“Os detalhes fazem toda a diferença”, você já deve ter ouvido essa frase, né? Pois é, isso é a mais pura verdade! E na música isso vale ouro. O título é um desses detalhes que fazem toda a diferença.

Quando uma pessoa vai ouvir uma música, geralmente, a primeira coisa com a qual ela tem contato é com o título. Isso quer dizer que o título já faz parte da música antes mesmo dela ser ouvida. Então o título precisa cativar a atenção da pessoa e fazer ela ter vontade de escutar a música.

Isso não quer dizer que você tem que criar um título espalhafatoso só para chamar a atenção. É claro que não é isso! Mas você precisa dar um título interessante para a sua música e, principalmente, que tenha a ver com o que está sendo dito na música.

Uma forma de dar um bom título para uma música é tentar resumir o assunto da letra em poucas palavras. Geralmente a parte mais importante da letra está presente no refrão, então esse é um lugar muito bom para se procurar um título. Se você repete muitas vezes uma palavra ou uma frase durante a música, pode ser uma boa pedida usar essa palavra ou frase como título.

Nunca menospreze a importância de um bom título. Como você já deve saber, hoje em dia está muito fácil gravar música (em casa mesmo) e lançar nas plataformas digitais. Por um lado isso é bom porque muita gente pode se expressar através da música de forma acessível, mas por outro lado isso causa uma verdadeira avalanche de músicas sendo lançadas diariamente na internet.

Mas o que isso tem a ver com o título de uma música? Tudo!

No meio de tantas opções de músicas sendo lançadas, o título da sua música pode ser uma arma poderosa para se destacar. Muitas vezes as pessoas escolhem músicas novas para ouvir apenas por causa do título. Isso já deve ter acontecido com você também. Então use o título da sua música a seu favor!

(8) Finalize a música

Finalize a Música
Finalize a Música

Agora estamos na reta final da composição. Garanto que você já entendeu muitas coisas sobre como compor uma música. Vamos finalizar o trabalho!

Grave você tocando e cantando a música do início ao fim. Se tiver a possibilidade de fazer a introdução e os solos, melhor ainda, mas se não puder, grave as partes que tiver letra e seguindo a forma musical que você já escolheu.

Escute algumas vezes para ver se tudo está se encaixando. Perceba se não tem cortes bruscos e desnecessários, se está faltando um momento de clímax, se a história contada na letra está clara e compreensível, se a forma musical está adequada, se a música não está muito grande ou muito pequena, etc.

Depois disso, faça todos os ajustes necessários e regrave com as alterações feitas.

Depois de todos esses ajustes, chegou o momento de deixar a música “descansar”. Você vai ouvir ela no dia seguinte ou depois de alguns dias (mas não muitos dias!). Isso vai te ajudar a se distanciar da euforia causada pela finalização de uma composição.

Eu sei que finalizar uma música dá uma sensação ótima, mas temos que ir com calma. Nesse momento de euforia nós tendemos a achar que a nossa música está maravilhosa, que é uma obra-prima, que vai ser sucesso na certa, e coisas desse tipo.

Então precisamos nos distanciar um pouco dela para podermos ver com mais clareza os pontos fortes e os pontos fracos que ainda podem ser melhorados na nossa música.

Mas eu não estou falando para você esquecer a sua música por meses, não! Não faça isso! Poucos dias já são suficientes.

Depois de todas essas etapas você pode gravar a “versão definitiva” e enviar para alguns amigos ou familiares e perguntar o que eles acharam da música. Geralmente essas pessoas vão elogiar a sua música porque gostam de você. Mas existem algumas perguntas que você pode fazer para saber se a sua música está funcionando. Faça essas perguntas:

Teve alguma parte da música que chamou muito a sua atenção e ficou grudada na sua cabeça?

Você entendeu sobre o que eu estou falando? Gostou da forma que eu abordei o assunto?

Que tipo de sentimento a música te proporcionou? Tristeza, alegria, calma, vontade de dançar, etc?

Em qual local você gostaria de ouvir essa música? Relaxando no sofá de casa, escutando ela no fone de ouvido enquanto caminha, num jantar romântico, num filme de ação, numa novela, etc?

Essa música parece com as músicas de algum artista famoso que você gosta? Qual artista?

Com as respostas para essas perguntas você vai ter muita informação valiosa sobre a sua composição. Muito melhor do que respostas do tipo: “que lindo”, “parabéns”, “adorei a música” e coisas desse tipo que, na verdade, não dizem nada.

Dica extra: registre a sua música!

Registrar a sua música é imprescindível. Isso pode te poupar muita dor de cabeça no futuro. Você pode utilizar sites pagos como o Músicas Registradas (musicasregistradas.com) ou se filiar em associações como a UBC ou Abramus, que possuem serviços gratuitos de registro de música. Não vacile!

Sobre o autor

Gandhi Martinez
Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (3 CDs, 2 DVDs, 1 EP e alguns singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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