O estudo de Anglada-Tort (2018) mostra como a informação contextual pode afetar as avaliações subjetivas da música.
Neste estudo, o autor comparou as avaliações de uma mesma peça musical quando apresentada como improvisação ou composição pré-existente.
Participantes altamente treinados ouviram a mesma gravação da peça, divididos em dois grupos.
O grupo 1 (improvisação) foi informado que a música era uma improvisação, enquanto o grupo 2 (composição) recebeu a informação de que se tratava de uma performance ao vivo de uma composição.
O autor escolheu uma peça musical ambígua em relação à sua categoria para realizar o estudo.
Os resultados mostraram que a peça foi avaliada de forma mais negativa quando experimentada como composição, pois foi vista como “carente de qualquer tipo de organização formal numa grande escala de tempo”.
No entanto, a falta de organização não foi vista como negativa no grupo 1 (improvisação), pois os participantes não esperavam uma estrutura bem definida na música improvisada.
Esses resultados destacam a importância da categoria sob a qual uma peça musical é percebida e como isso afeta sua interpretação estética.
Isso levanta questões interessantes sobre como nossos estilos favoritos podem afetar nossa percepção de uma determinada música.
Além disso, o autor salienta que os resultados podem ser diferentes se a amostra fosse de não músicos, que não possuem conhecimento específico extra e podem ter expectativas diferentes.
Em resumo, o estudo de Anglada-Tort (2018) fornece insights interessantes sobre como a informação contextual afeta nossas avaliações subjetivas da música e como a categoria sob a qual a música é percebida pode afetar sua interpretação estética.
Os compositores podem se beneficiar das descobertas mencionadas no estudo de Anglada-Tort (2018) em suas carreiras artísticas de várias maneiras, incluindo:
1 – Conscientização sobre a importância da apresentação e contextualização da obra: Compreender a influência da informação contextual na avaliação da música pelos ouvintes pode incentivar os compositores a apresentar suas obras de maneiras diferentes para diferentes públicos.
2 – Exploração de novos formatos musicais: Ao perceber que a falta de organização formal em uma grande escala de tempo pode ser vista como um aspecto negativo para alguns ouvintes, os compositores podem experimentar com formatos musicais diferentes, como peças curtas ou mais estruturadas, para agradar a diferentes audiências.
3 – Desenvolvimento de uma narrativa musical mais forte: Saber que a percepção da música depende fortemente da categoria sob a qual o objeto em questão está sendo percebido pode incentivar os compositores a criar uma narrativa musical mais forte, de modo que sua obra possa ser facilmente categorizada e compreendida pelos ouvintes.
4 – Exploração de novos gêneros musicais: Compreender a importância da categorização da música na percepção estética pode encorajar os compositores a explorar novos gêneros musicais e a expandir seu repertório, de modo que possam atrair diferentes públicos.
5 – Adaptação à diversidade cultural: Compreender como a percepção da música pode ser afetada por diferenças culturais pode incentivar os compositores a adaptar suas obras a diferentes culturas e a incluir elementos musicais que possam ser mais atraentes para audiências específicas.
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Sobre o autor
Gandhi Martinez
Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).
Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.
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