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Palavras e Melodia: A Prosódia na Composição Musical

 

Palavras e Melodia: A Prosódia na Composição Musical

Prosódia na linguística

Prosódia

Na linguística, a prosódia é o ramo da gramática que se dedica à escolha precisa da sílaba tônica ao pronunciarmos uma palavra. É ela que nos guia na delicada arte de dar o som correto a cada sílaba, contribuindo para uma pronúncia precisa e uma acentuação silábica adequada.

Se, por exemplo, dissermos “NÓbel” em vez de “noBEL”, estamos incorrendo em um deslize prosódico, o que chamamos de “silabada”.

Prosódia na música

Já na música, a prosódia assume um papel ainda mais desafiador. Aqui, precisamos harmonizar a letra com a melodia, respeitando tanto as acentuações das palavras quanto as acentuações da melodia.

Quando essas acentuações não estão alinhadas, o resultado pode ser uma experiência auditiva desconfortável para o ouvinte, além de dificultar a compreensão da mensagem e, em alguns casos, até mesmo alterar o significado das palavras.

O maior perigo da silabada

O desafio de sincronizar a letra com a melodia respeitando suas acentuações é crucial para a compreensão da música. A falta de alinhamento entre as sílabas tônicas das palavras e os tempos fortes da melodia pode resultar em uma experiência auditiva desconfortável para o ouvinte, além de dificultar a compreensão da letra, tornando-a menos natural.

Esse desalinhamento, conhecido como silabada, deve ser evitado para manter a fluidez e a coerência do texto. Além disso, a acentuação incorreta pode alterar o significado das palavras, causando confusão no entendimento da mensagem original da música.

Portanto, a correta sincronização entre letra e melodia é essencial para uma comunicação eficaz e uma experiência musical satisfatória.

Exemplos de palavras que mudam de significado dependendo da posição da sílaba tônica:

Fábrica / Fabrica

Camelo / Camelô

País / Pais

Sabiá / Sábia

Carnê / Carne

Está / Esta

Agência / Agencia

Mesmo quando a silabada não ocorre com palavras que mudam de significado, a falta de sincronia entre acentuações ainda pode gerar confusão para quem ouve, dificultando a assimilação da letra e prejudicando a fluidez da mensagem. O ouvinte pode se sentir desconectado da música e ter dificuldade em acompanhar o seu conteúdo, resultando em uma experiência auditiva menos envolvente e impactante.

Portanto, a atenção à prosódia musical é essencial não apenas para evitar alterações de significado, mas também para garantir a clareza e a coesão da comunicação.

Exemplos de silabada

Um exemplo clássico de como a silabada pode alterar o significado de uma palavra é encontrado na música “Será” do grupo Legião Urbana. Quando a sílaba “se” da palavra “será” coincide com uma nota acentuada da melodia, o ouvinte tende a interpretar a palavra como “sÊra”, o que pode ser confundido com “cera”, como a substância utilizada para limpeza doméstica ou automotiva, resultando em uma compreensão distorcida da letra.

Outro exemplo ilustrativo é percebido na música folclórica “Atirei o pau no gato”. Muitas vezes, entoamos “berrÔ”, enfatizando a última sílaba, quando, na verdade, a sílaba tônica está na primeira, “bÉrro”. Esse desalinhamento entre acentuação e melodia é o que caracterizamos como “silabada”, um deslize na harmonia entre palavras e música.

Outro exemplo ocorre em algumas interpretações do clássico nordestino “Lamento Sertanejo” (Dominguinhos/Gilberto Gil), onde as acentuações acabam deixando a letra assim:

“[…] Eu quase que não consigo

FÍcar na cidade sem viver contrariado.

Por ser de lá

Na certÁ por isso mesmo

Não gostÚ de cama mole

Não sei cÔmer sem torresmo […]”

Silabada proposital

Embora as silabadas devam ser evitadas para manter a naturalidade do texto, há momentos em que os compositores as utilizam de forma deliberada para criar efeitos específicos.

Um exemplo marcante é encontrado na música “O Velho Francisco” de Chico Buarque, onde palavras como “comida” são pronunciadas como se fossem proparoxítonas (“cÔmida”), e “roupa lavada” soa como “roupa lÁvada”.

Nesse caso, o compositor brinca com a sonoridade das palavras, adicionando camadas de significado e expressão à sua obra.

Assonância e Aliteração

Compreender como a prosódia opera na música não apenas nos permite reconhecer os erros, mas também nos capacita a utilizar conscientemente figuras de linguagem que exigem controle e sensibilidade rítmica.

Um exemplo claro disso são a aliteração e a assonância, recursos literários que dependem fortemente do ritmo e da acentuação das palavras para alcançar seu efeito desejado.

A assonância, por exemplo, é caracterizada pela repetição harmoniosa de sons vocálicos (vogais) numa frase, o que intensifica a musicalidade e o ritmo, conferindo maior expressividade ao texto. É um recurso estilístico amplamente utilizado na literatura, música e provérbios populares, oferecendo uma riqueza sonora que enriquece a experiência auditiva do público. Por exemplo, na música “Atrás da Porta” de Chico Buarque, há a repetição das vogais “ei”:

“Juro que não acreditei, eu te estranhei

Me debrucei sobre teu corpo e duvidei

E me arrastei e te arranhei

E me agarrei nos teus cabelos”

 

Outro exemplo é a música “Minha foz do Iguaçu” de Djavan, com a repetição da vogal “u”:

“Minha foz do Iguaçu

Pólo sul, meu azul

Luz do sentimento nu”

 

Na minha composição “Gente Bem-Amada” (Gandhi Martinez) faço uso da assonância repetindo o som da letra “i”:

“Isso meu amigo eu te digo é um perigo

Pois a vida sem amor não vale nada”

 

A aliteração é uma figura de linguagem que consiste na repetição de fonemas consonantais em uma sequência de palavras ou em um verso. Essa repetição sonora cria um efeito rítmico e melódico, contribuindo para a musicalidade do texto. O objetivo da aliteração é provocar um impacto auditivo, sugerindo uma sensação de harmonia e fluidez na expressão verbal. Essa técnica é frequentemente utilizada na poesia e na literatura para enfatizar determinados sons e criar uma atmosfera sensorial mais rica e envolvente.

Na música “Parabólica” (Engenheiros do Hawaii) há a repetição da letra “p” durante toda a letra:

“Ela para e fica ali parada

Olha-se para nada

Paraná

Fica parecida paraguaia

Para-raios em dia de sol

Para mim

Prenda minha parabólica

Princesinha parabólica

O pecado mora ao lado

E o paraíso

Ele paira no ar

Pecados no paraíso”

 

Ou na música “Ode ao Rato” (Chico Buarque), que contém intensa repetição do som da letra “r” (mas também ocorre assonância em algumas partes):

“Rato

Rato que rói a roupa

Que rói a rapa do rei do morro

Que rói a roda do carro

Que rói o carro, que rói o ferro

Que rói o barro, rói o morro

Rato que rói o rato

Ra-rato, ra-rato

Roto que ri do roto

Que rói o farrapo

Do esfarra-rapado

Que mete a ripa, arranca rabo

Rato ruim

Rato que rói a rosa

Rói o riso da moça

E ruma rua arriba

Em sua rota de rato”

 

Pode-se dizer que a distinção entre assonância e aliteração está na natureza dos sons que cada uma enfatiza. Enquanto a assonância destaca a repetição de sons de vogais, a aliteração foca na repetição de sons de consoantes. Essa compreensão é fundamental para que o compositor ou letrista possa aplicar essas figuras de linguagem de forma eficaz e significativa em suas composições.

No entanto, para utilizar esses recursos de maneira precisa, é imprescindível ter consciência não apenas da distinção entre vogais e consoantes, mas também da prosódia, isto é, da forma como as palavras são acentuadas e pronunciadas em uma frase ou verso.

Além disso, é essencial compreender a instância rítmica e as acentuações da melodia, pois a interação entre a música e a letra é crucial para o sucesso da composição.

Benção ou maldição?

Entender os conceitos de prosódia e os possíveis erros que podem ocorrer pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição para os amantes da música.

Por um lado, esse conhecimento nos capacita a apreciar mais profundamente a complexidade e a beleza das composições musicais. Ao compreender como a prosódia influencia a qualidade e o impacto das músicas, somos capazes de mergulhar em uma nova camada de apreciação artística, reconhecendo e admirando o trabalho dos compositores em um nível mais detalhado.

No entanto, essa nova perspectiva também pode se tornar uma maldição, pois uma vez que começamos a perceber os erros de prosódia em músicas, é difícil ignorá-los. Onde antes apenas ouvíamos uma melodia agradável, agora somos constantemente distraídos por sílabas tônicas mal colocadas ou acentuações desalinhadas. Isso pode afetar nossa capacidade de desfrutar plenamente da música, pois nos tornamos críticos mais exigentes e sensíveis a esses detalhes.

Entender como funciona a prosódia e como ocorrem as silabadas pode ser uma faca de dois gumes para os apreciadores de música. Por um lado, nos permite uma apreciação mais profunda das composições, reconhecendo a complexidade e a arte por trás delas. Por outro lado, isso pode nos tornar mais críticos e sensíveis a pequenos detalhes, podendo afetar nossa capacidade de desfrutar plenamente da música.

No entanto, essa consciência também pode nos motivar a buscar uma maior compreensão e apreciação da arte musical, permitindo-nos descobrir novas camadas de significado e beleza nas composições que amamos.

Erros de prosódia não são o fim do mundo!

É crucial reconhecer que, como vimos anteriormente, até mesmo composições clássicas imortais e músicas folclóricas podem conter erros de prosódia, e isso, por si só, não determina a qualidade da obra. Muitas músicas que apresentam vários desses erros ainda alcançam sucesso comercial e recebem o respeito do público especializado.

Por outro lado, o oposto também é verdadeiro: a ausência de erros de prosódia não garante automaticamente que uma música será considerada excelente. A qualidade de uma canção é determinada por uma variedade de fatores, incluindo composição, arranjo, melodia, letra e a capacidade de transmitir uma emoção ou mensagem.

Assim, embora a prosódia seja importante, ela é apenas uma parte do quadro geral na avaliação da música.

Palavras finais

O desafio de sincronizar a letra com a melodia, respeitando suas respectivas acentuações, vai além da mera questão técnica. Trata-se de uma jornada artística que requer sensibilidade e habilidade para transmitir efetivamente a mensagem da música.

Quando as sílabas tônicas das palavras e os tempos fortes da melodia estão alinhados, criamos uma experiência sonora envolvente e coesa, capaz de capturar a atenção do ouvinte e conduzi-lo por uma viagem emocional.

No entanto, quando ocorre um desalinhamento, seja por uma simples silabada ou por uma escolha deliberada do compositor, isso pode resultar em uma quebra na narrativa da música, prejudicando sua fluidez e impacto.

Portanto, a atenção à prosódia musical não se limita apenas à correção técnica, mas também envolve a expressão artística e a comunicação eficaz. Dominar essa simbiose entre letra e melodia é fundamental para criar obras que não apenas soem bem aos ouvidos, mas que também emocionem aqueles que as escutam.

Sobre o autor

Gandhi Martinez

Como compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos, trago uma vasta experiência e dedicação ao universo da música. Minha jornada acadêmica inclui graduação em Música, mestrado em Interpretação e Criação Musical, e atualmente estou dedicado ao doutorado em Processos Criativos, com foco na Composição Musical. Fui reconhecido entre os 21 melhores instrumentistas do Brasil com o lançamento do meu primeiro CD, e desde então, tenho compartilhado minha arte através de diversos trabalhos, incluindo 5 CDs, 2 DVDs e vários singles, todos marcados pela autenticidade das minhas composições autorais.

Gandhi Martinez

Minhas composições abrangem um amplo espectro musical, que vai desde a riqueza da canção popular brasileira até a sofisticação da música instrumental popular e peças eruditas. Além de prosseguir com meu Doutorado, estou intensamente comprometido em compor minhas próprias canções, explorando diversas influências e estilos musicais. Paralelamente, dedico-me ao ensino, compartilhando meu conhecimento e paixão pela composição musical com aqueles que desejam explorar e desenvolver sua criatividade na música.

 

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Composição VERSUS Improvisação

Composição VERSUS Improvisação

Qual é melhor?

Composição VERSUS Improvisação

O estudo de Anglada-Tort (2018) mostra como a informação contextual pode afetar as avaliações subjetivas da música.

Neste estudo, o autor comparou as avaliações de uma mesma peça musical quando apresentada como improvisação ou composição pré-existente.

Participantes altamente treinados ouviram a mesma gravação da peça, divididos em dois grupos.

O grupo 1 (improvisação) foi informado que a música era uma improvisação, enquanto o grupo 2 (composição) recebeu a informação de que se tratava de uma performance ao vivo de uma composição.

O autor escolheu uma peça musical ambígua em relação à sua categoria para realizar o estudo.

Resultados

Os resultados mostraram que a peça foi avaliada de forma mais negativa quando experimentada como composição, pois foi vista como “carente de qualquer tipo de organização formal numa grande escala de tempo”.

No entanto, a falta de organização não foi vista como negativa no grupo 1 (improvisação), pois os participantes não esperavam uma estrutura bem definida na música improvisada.

Esses resultados destacam a importância da categoria sob a qual uma peça musical é percebida e como isso afeta sua interpretação estética.

Isso levanta questões interessantes sobre como nossos estilos favoritos podem afetar nossa percepção de uma determinada música.

Além disso, o autor salienta que os resultados podem ser diferentes se a amostra fosse de não músicos, que não possuem conhecimento específico extra e podem ter expectativas diferentes.

Usos práticos

Em resumo, o estudo de Anglada-Tort (2018) fornece insights interessantes sobre como a informação contextual afeta nossas avaliações subjetivas da música e como a categoria sob a qual a música é percebida pode afetar sua interpretação estética.

Os compositores podem se beneficiar das descobertas mencionadas no estudo de Anglada-Tort (2018) em suas carreiras artísticas de várias maneiras, incluindo:

1 – Conscientização sobre a importância da apresentação e contextualização da obra: Compreender a influência da informação contextual na avaliação da música pelos ouvintes pode incentivar os compositores a apresentar suas obras de maneiras diferentes para diferentes públicos.

2 – Exploração de novos formatos musicais: Ao perceber que a falta de organização formal em uma grande escala de tempo pode ser vista como um aspecto negativo para alguns ouvintes, os compositores podem experimentar com formatos musicais diferentes, como peças curtas ou mais estruturadas, para agradar a diferentes audiências.

3 – Desenvolvimento de uma narrativa musical mais forte: Saber que a percepção da música depende fortemente da categoria sob a qual o objeto em questão está sendo percebido pode incentivar os compositores a criar uma narrativa musical mais forte, de modo que sua obra possa ser facilmente categorizada e compreendida pelos ouvintes.

4 – Exploração de novos gêneros musicais: Compreender a importância da categorização da música na percepção estética pode encorajar os compositores a explorar novos gêneros musicais e a expandir seu repertório, de modo que possam atrair diferentes públicos.

5 – Adaptação à diversidade cultural: Compreender como a percepção da música pode ser afetada por diferenças culturais pode incentivar os compositores a adaptar suas obras a diferentes culturas e a incluir elementos musicais que possam ser mais atraentes para audiências específicas.

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

Sobre o autor

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Gandhi Martinez

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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Psicologia da música: informações biográficas afetam a experiência do ouvinte

Psicologia da música:

como informações biográficas afetam a experiência do ouvinte

Psicologia da música: como informações biográficas afetam a experiência do ouvinte

O estudo de Kiernan et al. (2021) investigou se a leitura de informações biográficas sobre o compositor Jan Dismas Zelenka (1679-1745) antes de ouvir sua música influenciaria as respostas emocionais dos ouvintes.

O estudo teve 179 participantes que leram uma biografia negativa ou neutra de Zelenka, ou nenhuma biografia, antes de ouvir dois pequenos trechos de sua música.

Depois de ouvir cada trecho, os participantes preencheram um questionário com 27 itens sobre suas respostas emocionais e foram solicitados a descrever com suas próprias palavras como a música os fazia sentir.

56 participantes leram uma biografia curta de Zelenka que usava uma linguagem relativamente neutra e não fazia afirmações sobre sua personalidade ou caráter.

“Algumas das obras mais célebres de Zelenka foram compostas durante os últimos anos de sua vida em Dresden. Quando ele morreu em 1745, o rei e a rainha, que não estavam em Dresden na época, foram imediatamente informados”

62 participantes leram uma biografia redigida com linguagem negativa e que continha fortes afirmações sobre a personalidade e o caráter do compositor.

“Ele parece ter tido uma personalidade neurótica e hipocondríaca, e morreu como um homem amargo e solitário em 1745”

Para 61 participantes nenhuma biografia foi fornecida antes da música.

Resultados

Os resultados apontaram que os participantes que leram a biografia negativa de Zelenka eram mais propensos a usar linguagem negativa para descrever como a música os fez sentir, enquanto os participantes que não leram nenhuma biografia eram mais propensos a usar linguagem neutra.

As descobertas sugerem que “informações biográficas sobre compositores (por exemplo, em notas de programa) podem ter um impacto nas experiências emocionais dos ouvintes”.

Os resultados deste estudo indicam que as respostas emocionais das pessoas à música são influenciadas não apenas pela estrutura da música, mas também por suas percepções da identidade do compositor – assim como também ocorreu no estudo de Margulis et al. (2017), no qual informações sobre as intenções expressivas de um compositor influenciaram a escuta da sua música.

No estudo atual, informações biográficas que descrevem a personalidade do compositor influenciaram as respostas emocionais dos ouvintes à sua música.

Usos práticos

Os compositores podem se beneficiar das descobertas deste estudo de várias maneiras. Aqui estão cinco exemplos de usos práticos:

  1. Considerar cuidadosamente a forma como suas biografias são apresentadas em notas de programa, redes sociais, entrevistas, sites, jornais, revistas etc a fim de moldar as percepções dos ouvintes sobre sua música. Isso pode incluir enfatizar elementos positivos de sua personalidade e caráter para influenciar as respostas emocionais dos ouvintes de forma positiva.
  2. Usar informações sobre as intenções expressivas em suas composições para ajudar os ouvintes a entender e apreciar melhor a música. Por exemplo, fornecer informações sobre a inspiração por trás de uma peça pode ajudar os ouvintes a se conectar emocionalmente com a música.
  3. Usar informações sobre a identidade do compositor para ajudar a promover sua música. Por exemplo, se um compositor tem uma história de vida interessante ou uma conexão com um evento importante, isso pode ser destacado para atrair a atenção do público.
  4. Considerar a forma como a música será ouvida e percebida pelos ouvintes, especialmente se a música for escrita para uma ocasião específica, como um filme ou uma peça de teatro. Isso pode incluir ajustar a música para se adequar à atmosfera ou ao tema do evento e fornecer informações contextuais para ajudar os ouvintes a entender melhor a música.

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

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Sobre o autor

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

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Se é Mozart, é bom? O efeito de prestígio na música

Se é Mozart, é bom?

Se é Mozart, é bom? O efeito de prestígio na música

O efeito de prestígio na música

Fischinger, Kaufmann e Schlotz (2018) conduziram um experimento para investigar como a percepção e a apreciação de uma obra musical podem ser influenciadas por informações fornecidas em notas de programas.

O experimento usou o paradigma do enquadramento e envolveu 170 ouvintes de diferentes idades (entre 19 e 80 anos) que leram descrições em forma de notas de programa antes de ouvir uma obra musical pouco conhecida de Mysliveček.

Os autores manipularam os textos em duas dimensões:

(1) modo de escrita da descrição (analítico versus expressivo). O modo de escrita analítico usou uma linguagem objetiva e analítica, enquanto o modo de escrita expressivo focou na qualidade afetiva da música;

(2) autoria (atribuição da peça musical a dois compositores de prestígio e destaque muito diferente). Os textos sobre Mysliveček ou Mozart incluíam aspectos como antecedentes familiares, reputação e contexto da obra.

Os participantes leram a descrição em uma tela de computador e, em seguida, ouviram a peça musical através de fones de ouvido.

Depois, preencheram um questionário computadorizado sobre gosto e características percebidas da música ouvida. A avaliação de gosto foi medida em uma escala de 1 a 6, enquanto as características musicais foram avaliadas em 28 itens com uma escala de 1 a 7.

Resultados

Os resultados mostraram diferenças significativas na avaliação de gosto e no caráter afetivo da música, dependendo do modo de escrita da descrição (analítico ou expressivo).

As avaliações de gosto foram significativamente maiores para os participantes que leram a descrição escrita no modo expressivo em comparação com o modo analítico.

Além disso, os participantes que leram a descrição expressiva classificaram a música como mais leve, relaxada, suave, alegre e lírica em comparação com o modo analítico.

O estudo também mostrou que os efeitos de prestígio foram moderados pela idade. Atribuições de autoria a compositores distintos (Mysliveček ou Mozart) levaram a diferentes avaliações de gosto apenas em participantes mais jovens, enquanto os mais velhos foram menos suscetíveis à sugestão de prestígio e tiveram uma maior independência interpretativa.

Essas descobertas são consistentes com um estudo anterior de Bennett e Ginsborg (2018), que examinou as reações do público às notas de programa (embora sem foco nos efeitos de prestígio). Os autores relataram que os ouvintes mais experientes eram mais propensos a rejeitar as informações da nota do programa em favor de sua própria interpretação.

Segundo Fischinger, Kaufmann e Schlotz (2018), os ouvintes mais jovens (com idade ≤ 40) provavelmente “engajaram um ‘piloto automático’ de avaliação estética, o que estaria de acordo com a definição clássica de efeitos de prestígio em termos de: ‘Se é Mozart, deve ser bom!’

Usos práticos

Os compositores podem se beneficiar das descobertas do estudo em suas carreiras artísticas de diversas maneiras. Aqui estão três usos práticos:

  1. Escrever notas de programa que enfatizem a qualidade afetiva da música pode aumentar a apreciação da obra por parte dos ouvintes, especialmente entre os mais jovens. Portanto, os compositores podem se beneficiar ao trabalhar com escritores e musicólogos para criar descrições que transmitam não apenas informações técnicas, mas também emoções e sensações que a música possa evocar.
  2. Compositores podem considerar a idade de seu público-alvo ao escolher a forma e o conteúdo das notas de programa. Se o público for predominantemente mais jovem, é provável que uma descrição expressiva e envolvente seja mais eficaz para aumentar a apreciação da música. Por outro lado, se o público for mais velho e experiente, pode ser melhor fornecer menos informações detalhadas e permitir que o público forme suas próprias interpretações.
  3. Atribuir uma obra musical a um compositor de prestígio pode influenciar positivamente a avaliação da música pelos ouvintes mais jovens. Assim, os compositores podem se beneficiar em colaborar com intérpretes renomados e em garantir que a atribuição de autoria de suas obras seja divulgada adequadamente em materiais de promoção.

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

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Sobre o autor

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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Efeito De Contraste Na Música

Efeito de Contraste na Música

3 dicas essenciais

Efeito de Contraste na Música

Hoje vamos descobrir o que é o efeito de contraste e 3 maneiras de como podemos utilizá-lo para melhorarmos a experiência dos ouvintes com a nossa música.

Esse efeito é MUITO PODEROSO!

A ciência comprova! Veremos resumidamente os resultados de 3 artigos científicos que comprovam o efeito de contraste na música.

Mas antes de vermos o efeito de contraste na música especificamente, vamos entender como esse efeito foi descoberto e quais suas principais características.

Vem comigo!

Efeito de Contraste – Hedônico ou Estético

O efeito de contraste hedônico, também conhecido como efeito de contraste estético ou apenas como efeito de contraste, diz respeito a como os julgamentos hedônicos e estéticos podem ser influenciados pelo contexto.

O contraste hedônico foi descrito pela primeira vez por Gustav Theodor Fechner em 1898 – que na época chamou de Princípio de Contraste Estético.

Seu princípio geral de contraste hedônico era:

“Aquilo que dá prazer dá mais prazer quanto mais entra em contraste com fontes de desprazer ou de menor prazer; e uma proposição correspondente vale para aquilo que dá desprazer”.

Tendemos a classificar estímulos médios como inferiores quando precedidos por exemplares “mais positivos” e como superiores quando precedidos por exemplares “mais negativos”. Quando são classificados como superiores, isso é chamado de contraste positivo, e quando classificados como inferiores, isso é chamado de contraste negativo.

Por exemplo, quando água morna parece quente ao toque quando precedida de água fria, e fria quando precedida de água quente.

Vamos ver outro exemplo. Suponhamos a seguinte situação:

Vamos dizer que você tenha comido um pedaço de pizza e, numa escala de 1 a 10, você deu a nota 5.

Segundo o conceito de contraste hedônico, provavelmente você daria uma nota mais baixa para essa pizza se tivesse experimentado uma pizza extremamente boa (nota 10) antes dessa, e uma nota mais alta se tivesse experimentado uma pizza extremamente ruim (nota 1) antes.

Ou seja, uma refeição mediana, quando precedida por uma péssima, é melhor avaliada do que seria sem a refeição contrastante – e vice-versa.

Botas apertadas dão mais prazer

Preste atenção no trecho a seguir retirado do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis.

“Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar”.

Este trecho apresenta uma situação cotidiana que exemplifica bem o contraste hedônico: o prazer que alguém sente ao tirar as botas ao fim do dia é proporcionalmente inverso ao desconforto que estes lhe causaram apertando-lhe os pés durante o dia.

Em outras palavras: quanto mais as botas são apertadas, maior é o prazer ao tirá-las.

Ou seja, neste caso das botas apertadas, o efeito de contraste hedônico produz uma espécie de realce do prazer de uma situação (tirar as botas) através da discrepância em relação ao desprazer de uma situação anterior (as botas apertando os pés).

Parábola do Bode na Sala

Existe uma parábola muito conhecida que exemplifica perfeitamente o efeito de contraste hedônico no âmbito do cotidiano. É a parábola do Bode na Sala.

Certo dia um homem chegou até o sábio de sua região e falou:

– Na minha casa vai tudo mal, minha mulher implica comigo o tempo todo, meus filhos não me obedecem, tudo está uma bagunça, todos os dias tem discussão, não aguento mais.

Então o sábio lhe disse:

– Eu sei que o senhor tem um bode em sua propriedade. A partir de amanhã quero que coloque o bode para viver dentro da casa junto com vocês, ele não pode sair de dentro da casa por nada, volte em uma semana.

O homem achou aquele conselho muito estranho, mas resolveu seguir a recomendação, não tinha nada a perder.

Na semana seguinte o homem voltou transtornado até o sábio e falou:

– O seu conselho não deu nada certo. Minha vida está muito pior, eu, minha mulher e meus filhos passamos o dia tentando colocar a casa em ordem, é uma bagunça danada, uma sujeira terrível. O bode está comendo e quebrando tudo lá em casa! E o mau cheiro não tem fim! Eu não aguento mais!!

Então o sábio disse para o homem:

– Muito bem! Agora você vai colocar o bode para fora de casa.

– Só isso? – falou o homem.

– Sim! Volte daqui uma semana.

Na semana seguinte o homem voltou junto com a família, todo feliz, com um sorriso de orelha a orelha:

– Sábio, a nossa vida está tão boa, a gente não briga mais, minha mulher não passa mais o dia implicando comigo, nem meus filhos brigam mais, a casa está limpa, organizada, nunca estivemos tão felizes. Me explique qual foi a sua mágica.

E o sábio respondeu:

– Não foi mágica, vocês só precisavam de um problema maior na vida de vocês para perceberem a insignificância dos problemas que estavam enfrentando antes.

Efeito de Contraste nas Artes visuais 

Trazendo para o campo artístico, “uma pintura bonita é percebida de forma mais positiva quando é apresentada depois de uma pintura considerada feia, e vice-versa” (DROUIN, 2022).

Exemplo disto foi demonstrado no trabalho de Dolese et al., (2005), onde os autores descobriram que pinturas consideradas pouco atraentes de Goya aumentaram as avaliações positivas de pinturas consideradas mais atraentes do próprio pintor.

Ou seja, os participantes que viram primeiro pinturas consideradas hedônica e esteticamente negativas do “período negro” de Francisco Goya posteriormente fizeram avaliações mais favoráveis às pinturas do “período da tapeçaria” de Goya (consideradas mais positivas) do que os participantes que viram apenas as pinturas da tapeçaria.

Efeito de Contraste na música

Exemplo 1

No estudo de Temme e Gieszen (1995) os autores relataram que música tradicional (Bach, Mozart e Mendelssohn) foi classificada como mais agradável depois que os sujeitos ouviram música moderna (Schönberg, Bartok e Stravinsky) – mas não encontraram contraste negativo para os sujeitos que ouviram a música tradicional primeiro.

Exemplo 2

No estudo de Parker et al., (2008), os autores pediram aos participantes que avaliassem alguns trechos musicais depois de ouvir outros trechos musicais que haviam sido previamente classificadas como “agradáveis” ou “desagradáveis”.

As composições “agradáveis” tinham ritmos estáveis e harmonias tonais (predominantemente terças maiores e quintas justas).

As composições “desagradáveis” tinham ritmo menos previsível e incluíam harmonias dissonantes (predominantemente segundas menores e quintas diminutas).

Os resultados apontaram que quando os trechos musicais “desagradáveis” foram ouvidos após uma música “agradável”, foram classificados pior do que quando foram ouvidos primeiro. E quando trechos musicais “agradáveis” foram ouvidos após uma música “desagradáveis”, foram classificados melhor do que quando foram ouvidos primeiro.

Exemplo 3

Os resultados do estudo de Peynircioglu et al., (2013) demostraram que melodias “felizes”, quando precedidas por uma melodia “mais feliz”, foram julgadas como “menos felizes”. O mesmo ocorreu com melodias tristes.

Usos práticos do Efeito de Contraste na Música

Esse tipo de ideia já ronda intuitivamente por aí, mas é bom saber que isso é comprovado cientificamente.

O contraste hedônico pode ser utilizado de várias formas num show:

Escolher a ordem das músicas

Quer enfatizar a tristeza de uma música? Toque uma música super agitada e feliz ANTES dela!

Quer enfatizar a melancolia de uma música? Toque uma música super feliz e agitada ANTES dela.

Isso vale tanto para pensar no setlist de um show quanto na ordem das músicas de um álbum (CD, DVD etc)

Escolher a ordem dos improvisos

Músicos de jazz: nos improvisos, comece pelo músico menos efusivo para o mais efusivo – ou pelo menos mescle.

Tente não encerrar o ciclo de improvisos com um improvisador muito “morno”. Procure finalizar a seção de improvisos com um clímax.

Para facilitar que isso aconteça, preceda o último improvisador de outro mais calmo e lírico – e deixe o efeito de contraste acontecer na música e na cabeça dos ouvintes.

Escolher a ordem das bandas

Se possível, evite ser um rabo de foguete no festival.

A expressão “pegar um rabo de foguete” quer dizer tocar depois de uma banda MUITO melhor e/ou mais animada que a sua. Ou que tem músicas mais conhecidas e que o público conhece e gosta, canta junto, dança etc.

O primeiro artista incendeia o público com seu repertório e deixa a “bucha” na mão do próximo. Ou seja, o artista ou banda que vem depois tem a obrigação de entregar um show NO MÍNIMO com a mesma energia do que veio antes.

Se por acaso o seu show pegar um rabo de foguete e não conseguir superar ou se igualar ao show anterior, corre enorme risco de ser visto como um show ruim.

Isso acontece porque MUITO PIOR do que seria se tivesse sido feito sem um super show antes.

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

Sobre o autor

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Gandhi Martinez

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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Objetividade e Subjetividade Estética

 De onde vem o valor estético?

Objetividade e Subjetividade Estética

A estética é uma área da filosofia que estuda a natureza da arte e sua relação com os seres humanos.

Mas o valor estético (a beleza) é uma propriedade do objeto/fenômeno ou um modo de um sujeito perceber um certo objeto/fenômeno?

Enquanto alguns argumentam que a beleza e o valor estético são determinados exclusivamente pelos gostos e percepções individuais, outros defendem que há critérios objetivos para a avaliação estética.

Essas duas posições são conhecidas como subjetividade estética e objetividade estética, respectivamente.

A “subjetividade estética” e a “objetividade estética” são conceitos fundamentais na estética e na filosofia da arte.

A diferença entre eles está relacionada à forma como percebemos e avaliamos a arte.

Como veremos, a subjetividade estética enfatiza a importância das emoções e experiências pessoais na experiência estética, enquanto a objetividade estética enfatiza a importância de critérios objetivos na avaliação da qualidade da obra de arte – como sua estrutura formal e as técnicas utilizadas pelo artista.

Ambas as perspectivas são importantes para entender como percebemos e avaliamos a arte, e o objetivo deste texto é apresentar as principais ideias desses conceitos e apresentar uma conciliação entre essas duas visões aparentemente opostas.

Reduziremos as respostas a três perspectivas fundamentais: objetivismo, subjetivismo e uma mescla destas duas que tenta integrá-las.

A seguir veremos os princípios básicos destes entendimentos que se propõem a explicar as fontes da qualidade estética.

Objetivismo Estético

 O objetivismo concebe o objeto como o que existe em si e por si, à margem de qualquer relação com o sujeito, seja qual for essa relação e o modo como é concebido pelo sujeito.

A objetividade estética reconhece que a obra de arte é um objeto autônomo, que existe independentemente da experiência individual do observador.

Os antecedentes dessa concepção estética já são encontrados na Antiguidade grega desde os pitagóricos, para os quais a beleza é uma propriedade do universo e das coisas e, portanto, o que se percebe como belo existe independente de ser percebido ou não.

O sujeito limita-se a perceber a beleza nos objetos e só lhe cabe descobrir o que já existe – não importando a sua relação com ele.

Tal ponto de vista defende que a fonte da qualidade estética está em certas qualidades das coisas e da natureza e se manifesta em certas estruturas formais (simetria, proporção, harmonia, etc), e associadas a determinadas fórmulas ou relações matemáticas (como é o caso da “seção áurea” ou “número de ouro”).

Portanto, o objetivismo enfatiza a importância de critérios universais, tais como a harmonia, a proporção, a simetria e a coerência, que podem ser aplicados para avaliar a qualidade estética de uma obra de arte.

Essa perspectiva tem sido defendida por muitos filósofos, desde Immanuel Kant até Clive Bell.

De certa maneira, o objetivismo estético radical não admite multiplicidade de significados, ou “inserir” um significado (emocional, expressivo) que não “pertence” ao objeto/experiência, pois as qualidades definidas pelo próprio objeto são o que são – e apenas o que são, nada mais –, portanto, não mudam de acordo com quem as observa ou de como se observa.

Portanto, a qualidade estética de uma obra de arte pode ser avaliada de forma objetiva, sem levar em consideração as opiniões pessoais e subjetivas dos indivíduos que a experimentam.

No caso de uma composição musical, são levados em conta aspectos como: técnica, coerência, unidade, originalidade, complexidade, entre outros atributos.

A partir desta perspectiva, uma obra de arte pode ser considerada bela ou de alta qualidade com base apenas em seus atributos técnicos, independentemente das opiniões pessoais dos indivíduos que a experimentam.

É como se o valor estético já estivesse contido na estrutura do objeto artístico e o sujeito apenas “testemunha” seus significados sem contribuir nem interferir em nada.

Em última análise, se o observador não tem influência nenhuma sobre a qualidade estética de uma obra de arte, então isso quer dizer que, segundo a perspectiva da objetividade estética, só há uma interpretação possível para cada obra.

Só há uma interpretação “correta” – ou, na melhor das hipóteses, algumas poucas possibilidades de interpretações diferentes.

Subjetividade Estética

Diametralmente oposta à perspectiva objetivista que desconsidera o papel do sujeito na manifestação da qualidade estética, está o subjetivismo, que absolutiza o papel da subjetividade, deixando de lado as qualidades e os fatores objetivos da relação estética com o objeto.

A subjetividade estética se refere à ideia de que a experiência estética é pessoal e única para cada indivíduo.

Ela destaca a importância do sujeito na apreciação da obra de arte, reconhecendo que o gosto estético de cada pessoa é influenciado por suas experiências pessoais, emoções, educação, cultura e tempo histórico em que vive.

É uma maneira do sujeito “interpretar” as coisas do mundo, inclusive as obras de arte.

De certa forma, a ideia radical da subjetividade encarna a ideia dos sofistas, da qual o homem era a medida de todas as coisas e, portanto, também da beleza.

Ou seja, é a mente humana que faz as coisas parecerem belas.

Assim, a fonte da estética é transposta do objeto para o sujeito.

Só o fato de algo ser entendido como “belo”, já denota a percepção de uma mente.

“A beleza não é nenhuma qualidade das coisas em si mesmas. Existe na mente de quem as contempla, e cada mente percebe uma beleza diferente”. (David Hume)

O subjetivismo contém em si esses dois aspectos fundamentais: a negação das qualidades objetivas e a absolutização do papel do sujeito.

Não há objeto estético se o sujeito não o converte em tal ao interessar-se por ele.

O juízo de valor estético que empregamos é o que determina a nossa posição e interpretação sobre um determinado objeto ser ou não belo, ser ou não uma obra de arte, ter ou não ter valor estético/artístico, e assim por diante.

Estes juízos são pessoais, mas são influenciados pelo contexto cultural e tempo histórico que estamos inseridos, portanto, estão sujeitos a mudanças.

Segundo a perspectiva do subjetivismo estético, é impossível encontrar um juízo universal acerca de determinada obra de arte, porque a arte não tem valor intrínseco em si: não há critérios absolutos que tornam certo objeto belo ou não para todas as pessoas.

O valor estético deriva do interesse do sujeito e não das qualidades do objeto.

Uma grande queda d’água – como uma catarata –, por exemplo, carece de valor estético até que uma sensibilidade (mente) humana a considere sublime. Ou seja, a catarata não é sublime em si, necessita do sujeito que a perceba e considere como tal.

O mesmo ocorre em relação às artes.

Por exemplo, na música, é quase impossível haver objetividade.

As razões que levam uma pessoa gostar da “5ª Sinfonia” de Beethoven e outra pessoa da música “Que tiro foi esse” de Jojo Todynho são diferentes, uma vez que não só as obras são diferentes entre si, mas também os critérios de cada indivíduo são diferentes: dependem de seu background cultural, seu senso de identidade, diferenças de educação, modos de vida e visões de mundo.

Mas aí surge uma pergunta: se a beleza está 100% “nos olhos de quem vê”, então o que diferencia um objeto qualquer de uma obra de arte?

Algumas obras que desafiaram essa noção de subjetividade extrema foram Urinol (1917) do artista plástico francês Marcel Duchamp e a obra 4:33 (1952) do compositor americano John Cage.

Os problemas de cada perspectiva

 Tanto o objetivismo quanto o subjetivismo têm sua parcela de verdade quanto à fonte da qualidade estética, mas erram ao tentar chamar para si toda a explicação do fenômeno e ignorar o “outro lado”.

O objetivismo reduz o papel do sujeito a um simples registro do já ocorrido esteticamente no objeto em si, sem que participe ativamente em sua constituição.

O objetivismo estético baseia o estético em certas estruturas formais, associadas a certas propriedades – simetria, harmonia, proporção. No entanto, cabe observar que a mera presença dessas características não basta para que os objetos em que estas ocorrem adquiram um valor estético.

A simetria, por exemplo, não é garantia de esteticidade, já há objetos que são considerados belos sem que sejam simétricos, ou, ao contrário, que são simétricos, mas não são belos.

No que diz respeito às fórmulas matemáticas que regem certas estruturas formais (número de ouro, sequencia de Fibonacci), pode-se afirmar que essas fórmulas “são encontradas também em inúmeras obras medíocres”, ou seja, sem valor estético.

Já o subjetivismo absolutiza o papel do sujeito, portanto, transforma o objeto numa mera projeção de uma faculdade sua e dá a esta faculdade uma dimensão universal, sem levar em conta fatores históricos.

No entanto, o sujeito não vive num vácuo, isolado do seu contexto histórico e social. Muito pelo contrário, ele está permeado pelo complexo ideológico que rege sua respectiva época, e está submerso pelos embates sociais e culturais.

Portanto, o sujeito reflete toda esta carga histórico-sócio-cultural em todos os julgamentos de valor que venha a fazer, inclusive nos julgamentos de cunho estético.

Neste sentido, o sujeito não carrega uma subjetividade isolada e única, mas uma subjetividade inserida em um contexto particular.

Conciliação entre Subjetividade e Objetividade

Uma visão balanceada entre essas duas perspectivas sugere que não significa que basta a intervenção do sujeito para que este considere qualquer objeto belo ou sublime, por exemplo, algumas características precisam estar contidas neste objeto para que, ao contrário de outros objetos, este em particular provoque no sujeito o sentimento de beleza ou sublimidade.

Enquanto não há relação com o sujeito o objeto estético só existe potencialmente, ou seja, só passa a existir efetivamente ao se tornar um objeto para o homem que, em determinadas condições sociais e históricas, assume um determinado paradigma estético.

Só quando a ideologia estética (presente na mente do indivíduo) existe e está estabelecida numa certa sociedade é que se criam as condições para que se produzam os encontros concretos, singulares, entre sujeito e objeto que chamamos de situações/fruições estéticas.

É nesse cenário que os objetos dotados de certas qualidades (portanto, não qualquer objeto) adquirem uma existência estética efetiva.

Enquanto não entra em uma situação estética concreta (enquanto não é percebido ou contemplado), o objeto, mesmo possuindo as qualidades ou propriedades necessárias, só possui um potencial estético. Para que possa realizar sua “esteticidade” (ou seja, passar do mero potencial), exige-se a participação do sujeito. Só então o objeto “revela” sua forma sensível à qual é imanente um significado e, ao percebê-lo, o sujeito não inventa essa forma nem esse significado.

Portanto, se o objeto prescindisse destas formas e significados, não se realizaria a “esteticidade” do objeto (que é o que não entende o subjetivismo).

Por sua vez, prescindindo da intervenção do sujeito, tal encontro (entre sujeito e objeto) não alcançaria um plano estético (e isso é o que o objetivismo não entende).

Concluindo, a fruição estética (ou a possibilidade de existir um valor estético), não se trata de uma habilidade universal aplicável a qualquer objeto, mas sim de um “interesse” que surge e se mantém na relação do sujeito com um objeto que possui certas qualidades.

Ou seja, o valor estético e os significados de uma obra de arte não “irradiam” das propriedades físicas e sensíveis do objeto, mas sim da interação com os indivíduos em suas respectivas particularidades.

Outros valores

O assunto deste artigo diz respeito ao valor estético, mas numa obra de arte também podem existir valores de outras ordens, tais como sociais, políticos, históricos, morais, religiosos, etc.

Muitas vezes uma obra acaba sendo valorizada por causa destes parâmetros, e não a partir de seus atributos especificamente estéticos.

Sem dúvida estes valores têm sua importância, mas devem ser compreendidos como aspectos de segunda ordem, ou seja, não devem ser centrais em uma obra de arte, apenas complementares.

A balança atual pende para a subjetividade e o relativismo

Numa sociedade baseada no individualismo, a visão subjetivista tende a prosperar, já que cada pessoa acredita que possui uma perspectiva única sobre tudo e, consequentemente, por ser única, “é muito especial”.

Quando a subjetividade (ou seja, o “gosto” individual de cada pessoa) se torna o único ponto de referência para avaliar o valor da arte, é inevitável termos por consequência o total relativismo da arte e uma impossibilidade de debate fora dessa perspectiva.

É aqui que as teorias subjetivistas possibilitam o relativismo do valor da arte, da inexistência de valores estéticos objetivos. Se cada sujeito é único e fruirá da obra à sua maneira, então não é possível falar de valores objetivos, mas apenas de valores subjetivos, ou seja, do gosto pessoal. É extremamente comum ouvirmos as frases “arte é subjetiva” ou que é uma “questão de opinião”. Esse tipo de pensamento abre caminho para um relativismo total da obra de arte, na qual toda e qualquer interpretação está correta e é válida.

Por isso é que é tão difícil falar objetivamente sobre uma música, um estilo ou um gênero musical ser bom (ter valor estético) ou ruim (não ter valor estético), por exemplo, porque sempre pode haver o argumento que “se você não está percebendo o valor estético dessa música é por que você não possui o background sociocultural necessário para compreendê-lo”; ou porque “você está tentando encaixar esta música num modelo estético que valoriza outros atributos”.

É evidente que uma obra de arte pode ter diversas interpretações, contudo, é prudente se prevenir de uma relativização total da objetividade dos valores estéticos. O relativismo extremo, tão comum nos nossos dias, deve ser sempre avaliado com cautela e, quando necessário, questionado através de uma crítica pautada nos valores intrínsecos da obra de arte, nos valores estéticos objetivos da obra em si, e não a partir apenas de gostos subjetivos e preferências de modas artísticas passageiras.

Esse movimento se faz necessário porque a balança do valor estético pendeu desproporcionalmente para o lado do subjetivismo e relativismo. É necessário propor uma visão mais balanceada e próxima da realidade do mundo estético.

O valor intrínseco da obra de arte

Não se deve confundir o valor intrínseco de uma obra de arte com as flutuações dos gostos e das modas de determinado momento histórico. Da mesma forma que uma obra antiga pode renovar sua importância em outro momento histórico, uma obra que marcou época pode se mostrar totalmente irrelevante com o passar dos anos.

Se o valor da obra é autêntico, ele não se depreciará com o passar do tempo. Ou seja, não estará submetido às questões de gostos e preferências de determinado momento histórico.

As obras que possuem um valor intrínseco, que atendem às categorias estéticas objetivas, perduram ao longo das diferentes épocas, visto que a obra supera a particularidade histórica na qual foi produzida, e supre necessidades intelectuais, emocionais e artísticas do gênero humano.

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

Sobre o autor

Gandhi Martinez

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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O Poder Da Melodia É Incrível

O poder da melodia é incrível!

A música tem significado?

O poder da melodia é algo surpreendente, mas todos os significados da música são poderosos.

Mas afinal, qual é o significado de uma peça musical?

A grosso modo, é tudo o que entendemos quando escutamos uma obra musical.

Mas um significado que valorizamos muito são as emoções expressas nas obras musicais.

Nem toda música expressa emoções, é claro, mas neste artigo falaremos sobre este poder específico. E sobretudo, sobre o poder da melodia no âmbito dos significados emocionais.

Além de provocar respostas emocionais nos ouvintes (como arrepios, choro, irritação, bem-estar, etc), a música pode ser vista como um meio pelo qual algumas qualidades emocionais podem ser comunicadas aos ouvintes (ou seja, nós entendemos que a música expressa tristeza, alegria, empolgação, etc).

A música, neste caso, poderia ser entendida como uma espécie de “linguagem das emoções”, que comunica significados emocionais aos ouvintes.

Apesar de ainda serem raros os estudos que investigam explicitamente até que ponto os compositores conseguem comunicar emoções específicas aos ouvintes, um bom exemplo é o estudo de Thompson e Robitaille (1992), que veremos a seguir.

O experimento

Neste experimento, os autores queriam testar o poder da melodia isolada.

Portanto, pediram a cinco músicos experientes para compor melodias curtas (menos de 1 minuto) que deveriam transmitir seis emoções específicas:

alegria

tristeza

excitação

tédio

raiva

paz

Os compositores tiveram duas semanas para compor as melodias que comunicassem as qualidades emocionais associadas aos termos fornecidos.

PS: Uma melodia é definida simplesmente como uma textura monofônica, ou seja, uma textura na qual não mais do que uma nota soando ao mesmo tempo.

Lembrando que estas melodias NÃO TÊM LETRA atrelada a elas. São melodias puramente instrumentais.

Os compositores foram solicitados a enviar as melodias na forma de partituras musicais: com notação de alturas (notas), armaduras de clave, andamentos e quaisquer outras indicações relevantes, como marcações de dinâmica e ornamentação.

Os participantes ouviram as melodias “interpretadas” por um sequenciador eletrônico MIDI – e foram solicitados a julgar a qualidade emocional de cada uma delas.

 

Uma coisa importante:

Como geralmente a pesquisa sobre música e emoções considera as conotações emocionais de performances musicais gravadas (ou seja, que contêm textura harmônica, orquestração, estrutura melódica, variações de performance e outros fatores que se combinam para formar um conjunto complexo de influências na interpretação do ouvinte), este estudo se concentrou especificamente na composição musical (melodias curtas) e excluiu variáveis ​​associadas à textura harmônica, orquestração ou as contribuições expressivas de um intérprete.

Resultados

O resultado foi que os participantes reconheceram TODAS AS EMOÇÕES nas melodias – mesmo sendo interpretadas eletronicamente –, ou seja, as melodias foram julgadas de acordo com a qualidade emocional que se pretendia transmitir com cada uma delas.

Os resultados deste estudo indicam que os compositores são capazes de comunicar qualidades emocionais distintas e definíveis aos ouvintes, até mesmo por meio de pequenas melodias, tocadas precisamente como notadas na partitura e sem intervenção humana.

Esse é o poder da melodia!

Mesmo sendo tão curta, sem acompanhamento e sem a interpretação de um ser humano a melodia é capaz de comunicar emoções aos ouvintes de forma eficaz.

Usos práticos

Este estudo comprovou que a melodia é extremamente importante e potente para transmitir emoções, mesmo quando isolada.

Devemos lembrar que a melodia é a parte que mais conecta os ouvintes com uma música e é a parte mais lembrada também. Pense em quantas melodias você sabe e nem entende ou lembra da letra. Pois é, a gente lembra de melodias inteiras de músicas que nem entendemos o idioma.

A melodia é extremamente poderosa!

Construa suas melodias com cuidado e dedicação. Sem pre lembre-se do poder da melodia!

Num outro artigo veremos quais características uma melodia deve ter para expressar diferentes emoções.

Mas se você quiser saber como compor uma melodia, temos um artigo específico sobre esse assunto aqui no blog. Acesse pelo link abaixo.

https://eucompositor.com/como-compor-uma-melodia/

Numa canção o caráter da melodia precisa ser congruente com o que está sendo dito na letra.

Ou seja, a melodia não pode contradizer o que está sendo dito na letra! Uma parte tem que potencializar a outra.

Se você está falando sobre algo feliz na sua letra tenha o cuidado de fazer uma melodia que transmita – por si só – emoções como felicidade, empolgação, etc.

Não vá escrever uma letra melancólica para uma melodia super feliz. A chance de uma música com essas características soar amadora são enormes.

Outro ponto que fica claro com este estudo, é que o compositor tem total controle sobre o caráter da sua música, sem depender do intérprete.

No entanto, o intérprete pode ressaltar o conteúdo da música (enfatizando os detalhes estruturais da composição, mesmo que não sejam indicadas na partitura) e pode até adicionar certas nuances a sua música.

Os intérpretes podem adicionar novas qualidades emocionais à música através de ações expressivas que são características de seu próprio estilo de execução.

Vale a pena se dedicar para conversar com as pessoas que vão interpretar sua música, isso pode fazer toda diferença no resultado final.

O poder da melodia é incrível, mas com uma boa interpretação pode ficar mais poderosa ainda!

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

O PODER DA MELODIA É INCRÍVEL

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

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Referências:

THOMPSON, W. F.; ROBITAILLE, B. Can composers express emotions through music? Empirical Studies of the Arts, 10, 79–89, 1992.

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Cuidado Com O Que Você Fala Sobre Sua Música

Cuidado com o que você fala da sua música

Cuidado Com O Que Você Fala Sobre Sua Música

O estudo de Margulis et al. (2017) investigou a influência de informações textuais sobre a apreciação estética de trechos musicais ambíguos (ou seja, trechos musicais que poderiam ser percebidos tanto como positivos quanto como negativos).

Os autores questionaram se informações sobre a intenção expressiva de um compositor em relação a uma obra pode influenciar a maneira com que esta peça musical é entendida em termos afetivos (emocionais).

Os trechos musicais, foram extraídos do estudo de Hunter, Schellenberg e Schimmack (2008). Seus estímulos eram trechos de aproximadamente 30s transmitiam afeto ambíguo misturando estruturas musicais “conflitantes” em valência (modo maior e andamento lento ou modo menor e tempo rápido). Esses estímulos abrangeram uma variedade de estilos musicais, mas todos eram trechos instrumentais sem letra ou parte vocal.

O experimento

Neste estudo, 118 indivíduos ouviram 18 trechos de 30s de música previamente caracterizados como expressivamente ambíguos precedidos por informações textuais com valência positiva, negativa ou neutra.

Os participantes foram informados que existiam informações sobre as intenções do compositor para cada trecho, por exemplo:

(1) descrições sobre intenções expressivas positivas diziam que o compositor escreveu a obra com a intenção de expressar sua paixão e devoção por seu amor;

(2) descrições negativas diziam que o compositor escreveu a peça para expressar luto pela morte de um membro da família;

(3) descrições neutras afirmavam que o compositor havia composto a peça para experimentar diferentes técnicas de composição.

Essas informações foram apresentadas numa tela de computador antes de cada trecho ser tocado.

6 trechos foram precedidos por informações com valência negativa

6 trechos foram precedidos por informações de valência positiva

6 trechos foram precedidos por informações de valência neutra

Após cada trecho, cinco perguntas foram apresentadas exigindo que o participante selecionasse uma resposta numa escala de 7 pontos (1 = mínimo; 7 = máximo):

(1) Quão feliz este trecho pareceu?

(2) Quão comovente este trecho pareceu?

(3) Quão triste este trecho pareceu?

(4) O trecho correspondeu à intenção do compositor?

(5) O quanto você gostou deste trecho?

Resultados

Os resultados apontaram que as informações textuais com valência positiva levaram os participantes a experimentar os trechos musicais ambíguos como mais felizes, e informações com valência negativa levaram a experimentar os trechos como mais tristes.

Além disso, informações prévias de valência positiva aumentaram o prazer e o grau em que as pessoas acharam os trechos musicais comoventes.

Isto aponta que informações textuais com conteúdo afetivo saliente influenciam e modificam o entendimento de conteúdos musicais com teor afetivo ambíguo.

Isso sugere que as pessoas podem integrar informações textuais fornecidas antes de uma experiência estético-musical em seu processamento dos conteúdos expressivo-afetivos da música. Se a apresentação de informações com valência positiva ou negativa impacta a avaliação da expressividade da música, isso sugere que as experiências estéticas com a música vão muito além do conteúdo intrínseco da obra – ou seja, apenas os sons musicais.

Há uma relação íntima entre ambiguidade expressiva e apreciação estética, e este estudo revelou que as pessoas preferem e se emocionam mais com os trechos musicais quando são precedidos por uma descrição textual positiva ou negativa.

Embora alguns estudos tenham exaltado o valor da ambiguidade em obras de arte, essa característica parece não se estender à ambiguidade afetiva. Isso sugere que as pessoas valorizam experiências estéticas proporcionadas por trechos com teor afetivo mais saliente e inequívoco.

Se fosse o contrário, os resultados apontariam para uma experiência estética mais positiva com os trechos musicais precedidos por informações neutras. Isso revelaria que as pessoas valorizam a presença de ambiguidade expressiva (multiplicidade de significados possíveis) em experiências estéticas com a música. No entanto, para nenhuma das categorias investigadas neste estudo foram preferidos os trechos ambíguos.

Uso prático

Tudo o que você fala sobre sua música pode modificar a forma com que seus ouvintes vão interpretar as suas composições!

Qualquer material associado a sua música vai ser absorvido inconscientemente pelo ouvinte e vai modificar a escuta da sua música. Principalmente as informações sobre a sua intenção expressiva e emocional com uma música (ou álbum)

Existem outros estudos que mostram isso, até fatos da biografia de um compositor ou se é profissional ou amador modificam a escuta.

Portanto, tenha muito cuidado ao dar entrevistas, participar de podcasts, fazer postagens nas redes sociais e até mesmo conversas casuais.

E claro, mais cuidado ainda com os conteúdos diretamente ligados a sua música, como encartes de CDs, LPs ou DVDs, descrições do YouTube ou outras plataforma de streaming (bio do Spotify, Deezer) e notas de programa de concertos e shows.

Faça músicas com teor afetivo evidente e específico, desta forma há uma chance maior das pessoas se conectarem e gostarem da sua música (fuja de músicas “sem sal” [não sabe se tá doce, amargo, azedo… então defina] “não fede e nem cheira”)

Use o título e as descrições para ajudar a definir o caráter afetivo da sua música

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Sobre o autor

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

 

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Referências:

MARGULIS, E. H.; LEVINE, W. H.; SIMCHY-GROSS, R.; KROGER, C. Expressive intent, ambiguity, and aesthetic experiences of music and poetry. PLoS ONE, 12(7), e0179145, 2017.

Schellenberg EG, Peretz I, Vieillard S. Liking for happy – and sad -sounding music: Effects of exposure. Cogn Emot. 22: 218–237, 2008.