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Se é Mozart, é bom? O efeito de prestígio na música

Se é Mozart, é bom?

Se é Mozart, é bom? O efeito de prestígio na música

O efeito de prestígio na música

Fischinger, Kaufmann e Schlotz (2018) conduziram um experimento para investigar como a percepção e a apreciação de uma obra musical podem ser influenciadas por informações fornecidas em notas de programas.

O experimento usou o paradigma do enquadramento e envolveu 170 ouvintes de diferentes idades (entre 19 e 80 anos) que leram descrições em forma de notas de programa antes de ouvir uma obra musical pouco conhecida de Mysliveček.

Os autores manipularam os textos em duas dimensões:

(1) modo de escrita da descrição (analítico versus expressivo). O modo de escrita analítico usou uma linguagem objetiva e analítica, enquanto o modo de escrita expressivo focou na qualidade afetiva da música;

(2) autoria (atribuição da peça musical a dois compositores de prestígio e destaque muito diferente). Os textos sobre Mysliveček ou Mozart incluíam aspectos como antecedentes familiares, reputação e contexto da obra.

Os participantes leram a descrição em uma tela de computador e, em seguida, ouviram a peça musical através de fones de ouvido.

Depois, preencheram um questionário computadorizado sobre gosto e características percebidas da música ouvida. A avaliação de gosto foi medida em uma escala de 1 a 6, enquanto as características musicais foram avaliadas em 28 itens com uma escala de 1 a 7.

Resultados

Os resultados mostraram diferenças significativas na avaliação de gosto e no caráter afetivo da música, dependendo do modo de escrita da descrição (analítico ou expressivo).

As avaliações de gosto foram significativamente maiores para os participantes que leram a descrição escrita no modo expressivo em comparação com o modo analítico.

Além disso, os participantes que leram a descrição expressiva classificaram a música como mais leve, relaxada, suave, alegre e lírica em comparação com o modo analítico.

O estudo também mostrou que os efeitos de prestígio foram moderados pela idade. Atribuições de autoria a compositores distintos (Mysliveček ou Mozart) levaram a diferentes avaliações de gosto apenas em participantes mais jovens, enquanto os mais velhos foram menos suscetíveis à sugestão de prestígio e tiveram uma maior independência interpretativa.

Essas descobertas são consistentes com um estudo anterior de Bennett e Ginsborg (2018), que examinou as reações do público às notas de programa (embora sem foco nos efeitos de prestígio). Os autores relataram que os ouvintes mais experientes eram mais propensos a rejeitar as informações da nota do programa em favor de sua própria interpretação.

Segundo Fischinger, Kaufmann e Schlotz (2018), os ouvintes mais jovens (com idade ≤ 40) provavelmente “engajaram um ‘piloto automático’ de avaliação estética, o que estaria de acordo com a definição clássica de efeitos de prestígio em termos de: ‘Se é Mozart, deve ser bom!’

Usos práticos

Os compositores podem se beneficiar das descobertas do estudo em suas carreiras artísticas de diversas maneiras. Aqui estão três usos práticos:

  1. Escrever notas de programa que enfatizem a qualidade afetiva da música pode aumentar a apreciação da obra por parte dos ouvintes, especialmente entre os mais jovens. Portanto, os compositores podem se beneficiar ao trabalhar com escritores e musicólogos para criar descrições que transmitam não apenas informações técnicas, mas também emoções e sensações que a música possa evocar.
  2. Compositores podem considerar a idade de seu público-alvo ao escolher a forma e o conteúdo das notas de programa. Se o público for predominantemente mais jovem, é provável que uma descrição expressiva e envolvente seja mais eficaz para aumentar a apreciação da música. Por outro lado, se o público for mais velho e experiente, pode ser melhor fornecer menos informações detalhadas e permitir que o público forme suas próprias interpretações.
  3. Atribuir uma obra musical a um compositor de prestígio pode influenciar positivamente a avaliação da música pelos ouvintes mais jovens. Assim, os compositores podem se beneficiar em colaborar com intérpretes renomados e em garantir que a atribuição de autoria de suas obras seja divulgada adequadamente em materiais de promoção.

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Sobre o autor

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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