Cuidado Com O Que Você Fala Sobre Sua Música

Cuidado com o que você fala sobre sua música

Cuidado Com O Que Você Fala Sobre Sua Música

O estudo de Margulis et al. (2017) investigou a influência de informações textuais sobre a apreciação estética de trechos musicais ambíguos (ou seja, trechos musicais que poderiam ser percebidos tanto como positivos quanto como negativos).

Os autores questionaram se informações sobre a intenção expressiva de um compositor em relação a uma obra pode influenciar a maneira com que esta peça musical é entendida em termos afetivos (emocionais).

Os trechos musicais, foram extraídos do estudo de Hunter, Schellenberg e Schimmack (2008). Seus estímulos eram trechos de aproximadamente 30s transmitiam afeto ambíguo misturando estruturas musicais “conflitantes” em valência (modo maior e andamento lento ou modo menor e tempo rápido). Esses estímulos abrangeram uma variedade de estilos musicais, mas todos eram trechos instrumentais sem letra ou parte vocal.

O experimento

Neste estudo, 118 indivíduos ouviram 18 trechos de 30s de música previamente caracterizados como expressivamente ambíguos precedidos por informações textuais com valência positiva, negativa ou neutra.

Os participantes foram informados que existiam informações sobre as intenções do compositor para cada trecho, por exemplo:

(1) descrições sobre intenções expressivas positivas diziam que o compositor escreveu a obra com a intenção de expressar sua paixão e devoção por seu amor;

(2) descrições negativas diziam que o compositor escreveu a peça para expressar luto pela morte de um membro da família;

(3) descrições neutras afirmavam que o compositor havia composto a peça para experimentar diferentes técnicas de composição.

Essas informações foram apresentadas numa tela de computador antes de cada trecho ser tocado.

6 trechos foram precedidos por informações com valência negativa

6 trechos foram precedidos por informações de valência positiva

6 trechos foram precedidos por informações de valência neutra

Após cada trecho, cinco perguntas foram apresentadas exigindo que o participante selecionasse uma resposta numa escala de 7 pontos (1 = mínimo; 7 = máximo):

(1) Quão feliz este trecho pareceu?

(2) Quão comovente este trecho pareceu?

(3) Quão triste este trecho pareceu?

(4) O trecho correspondeu à intenção do compositor?

(5) O quanto você gostou deste trecho?

Resultados

Os resultados apontaram que as informações textuais com valência positiva levaram os participantes a experimentar os trechos musicais ambíguos como mais felizes, e informações com valência negativa levaram a experimentar os trechos como mais tristes.

Além disso, informações prévias de valência positiva aumentaram o prazer e o grau em que as pessoas acharam os trechos musicais comoventes.

Isto aponta que informações textuais com conteúdo afetivo saliente influenciam e modificam o entendimento de conteúdos musicais com teor afetivo ambíguo.

Isso sugere que as pessoas podem integrar informações textuais fornecidas antes de uma experiência estético-musical em seu processamento dos conteúdos expressivo-afetivos da música. Se a apresentação de informações com valência positiva ou negativa impacta a avaliação da expressividade da música, isso sugere que as experiências estéticas com a música vão muito além do conteúdo intrínseco da obra – ou seja, apenas os sons musicais.

Há uma relação íntima entre ambiguidade expressiva e apreciação estética, e este estudo revelou que as pessoas preferem e se emocionam mais com os trechos musicais quando são precedidos por uma descrição textual positiva ou negativa.

Embora alguns estudos tenham exaltado o valor da ambiguidade em obras de arte, essa característica parece não se estender à ambiguidade afetiva. Isso sugere que as pessoas valorizam experiências estéticas proporcionadas por trechos com teor afetivo mais saliente e inequívoco.

Se fosse o contrário, os resultados apontariam para uma experiência estética mais positiva com os trechos musicais precedidos por informações neutras. Isso revelaria que as pessoas valorizam a presença de ambiguidade expressiva (multiplicidade de significados possíveis) em experiências estéticas com a música. No entanto, para nenhuma das categorias investigadas neste estudo foram preferidos os trechos ambíguos.

Uso prático

Tudo o que você fala sobre sua música pode modificar a forma com que seus ouvintes vão interpretar as suas composições!

Qualquer material associado a sua música vai ser absorvido inconscientemente pelo ouvinte e vai modificar a escuta da sua música. Principalmente as informações sobre a sua intenção expressiva e emocional com uma música (ou álbum)

Existem outros estudos que mostram isso, até fatos da biografia de um compositor ou se é profissional ou amador modificam a escuta.

Portanto, tenha muito cuidado ao dar entrevistas, participar de podcasts, fazer postagens nas redes sociais e até mesmo conversas casuais.

E claro, mais cuidado ainda com os conteúdos diretamente ligados a sua música, como encartes de CDs, LPs ou DVDs, descrições do YouTube ou outras plataforma de streaming (bio do Spotify, Deezer) e notas de programa de concertos e shows.

Faça músicas com teor afetivo evidente e específico, desta forma há uma chance maior das pessoas se conectarem e gostarem da sua música (fuja de músicas “sem sal” [não sabe se tá doce, amargo, azedo… então defina] “não fede e nem cheira”)

Use o título e as descrições para ajudar a definir o caráter afetivo da sua música

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

 

OI, EU SOU GANDHI…

Oi, eu sou Gandhi Martinez, e acredite, eu já passei por isso.

Sei como é frustrante passar horas tentando transformar boas ideias em música e não ficar satisfeito com o resultado. A sensação de ter algo valioso na cabeça, mas não conseguir colocá-lo no mundo do jeito certo, pode ser desanimadora. Mas estou aqui para te dizer uma coisa: não precisa ser assim.

Hoje, sou Doutor em Música (Composição Musical), tenho 8 trabalhos autorais lançados e sou professor universitário no Curso de Música da UNIVALI. Já ajudei mais de 500 pessoas a entender e aplicar, de forma profissional e descomplicada, os conceitos certos para criar suas próprias músicas – alcançando resultados MELHORES com MENOS esforço.

O sucesso dos meus alunos é o que me move.

Acredito que VOCÊ tem uma visão de mundo única e uma história que merecem ser expressas artisticamente. Sou apaixonado por ensinar e amo ver pessoas – como você – conquistando liberdade criativa e impactando o mundo com suas músicas.

Por isso, estou compartilhando um guia completo e testado por centenas de alunos: o melhor passo a passo para transformar suas ideias em composições profissionais.

Nele, você vai descobrir exatamente como trazer para o mundo as músicas que estão na sua cabeça, mas que ainda não saíram do papel.

Se você está pronto para se tornar um compositor de alto nível, criando músicas de impacto que expressem a SUA verdade e criatividade, então esse guia é para você.

Clique na imagem abaixo para conferir!

 

Sobre o autor

Gandhi Martinez

Com mais de 15 anos de experiência como compositor, pianista, arranjador e educador musical, minha trajetória reflete dedicação e versatilidade no universo da música. Minha formação inclui graduação em Música, mestrado em Interpretação e Criação Musical, e doutorado em Processos Criativos com ênfase em Composição Musical. Atualmente, sou professor titular no Curso de Música da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), onde ministro disciplinas de piano e teoria musical nos cursos de Bacharelado e Licenciatura.

Em 2015, fui reconhecido como um dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o lançamento do meu primeiro CD, marco inicial de uma discografia autoral que inclui 5 CDs, 2 DVDs e diversos singles. Minha produção artística é caracterizada pela autenticidade e originalidade, elementos que também permeiam meu trabalho como educador e pesquisador na área da música.

Minhas composições abrangem um amplo espectro musical, unindo a riqueza e a expressividade da canção popular brasileira à sofisticação da música instrumental popular e a complexidade da música erudita. Todo esse trabalho pode ser encontrado no Spotify, YouTube e outras plataformas digitais. Atualmente, estou profundamente envolvido na criação de canções autorais, explorando uma rica diversidade de influências e estilos musicais.

Além da composição, dedico-me intensamente ao ensino, compartilhando meu conhecimento e paixão pela música com aqueles que desejam despertar e desenvolver sua criatividade. Esse compromisso vai além das salas de aula universitárias, estendendo-se também ao ambiente digital, onde procuro inspirar e orientar músicos e compositores.

 

Referências:

MARGULIS, E. H.; LEVINE, W. H.; SIMCHY-GROSS, R.; KROGER, C. Expressive intent, ambiguity, and aesthetic experiences of music and poetry. PLoS ONE, 12(7), e0179145, 2017.

Schellenberg EG, Peretz I, Vieillard S. Liking for happy – and sad -sounding music: Effects of exposure. Cogn Emot. 22: 218–237, 2008.

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