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O poder da melodia é incrível!
A música tem significado?
O poder da melodia é algo surpreendente, mas todos os significados da música são poderosos.
Mas afinal, qual é o significado de uma peça musical?
A grosso modo, é tudo o que entendemos quando escutamos uma obra musical.
Mas um significado que valorizamos muito são as emoções expressas nas obras musicais.
Nem toda música expressa emoções, é claro, mas neste artigo falaremos sobre este poder específico. E sobretudo, sobre o poder da melodia no âmbito dos significados emocionais.
Além de provocar respostas emocionais nos ouvintes (como arrepios, choro, irritação, bem-estar, etc), a música pode ser vista como um meio pelo qual algumas qualidades emocionais podem ser comunicadas aos ouvintes (ou seja, nós entendemos que a música expressa tristeza, alegria, empolgação, etc).
A música, neste caso, poderia ser entendida como uma espécie de “linguagem das emoções”, que comunica significados emocionais aos ouvintes.
Apesar de ainda serem raros os estudos que investigam explicitamente até que ponto os compositores conseguem comunicar emoções específicas aos ouvintes, um bom exemplo é o estudo de Thompson e Robitaille (1992), que veremos a seguir.
O experimento
Neste experimento, os autores queriam testar o poder da melodia isolada.
Portanto, pediram a cinco músicos experientes para compor melodias curtas (menos de 1 minuto) que deveriam transmitir seis emoções específicas:
alegria
tristeza
excitação
tédio
raiva
paz
Os compositores tiveram duas semanas para compor as melodias que comunicassem as qualidades emocionais associadas aos termos fornecidos.
PS: Uma melodia é definida simplesmente como uma textura monofônica, ou seja, uma textura na qual não mais do que uma nota soando ao mesmo tempo.
Lembrando que estas melodias NÃO TÊM LETRA atrelada a elas. São melodias puramente instrumentais.
Os compositores foram solicitados a enviar as melodias na forma de partituras musicais: com notação de alturas (notas), armaduras de clave, andamentos e quaisquer outras indicações relevantes, como marcações de dinâmica e ornamentação.
Os participantes ouviram as melodias “interpretadas” por um sequenciador eletrônico MIDI – e foram solicitados a julgar a qualidade emocional de cada uma delas.
Uma coisa importante:
Como geralmente a pesquisa sobre música e emoções considera as conotações emocionais de performances musicais gravadas (ou seja, que contêm textura harmônica, orquestração, estrutura melódica, variações de performance e outros fatores que se combinam para formar um conjunto complexo de influências na interpretação do ouvinte), este estudo se concentrou especificamente na composição musical (melodias curtas) e excluiu variáveis associadas à textura harmônica, orquestração ou as contribuições expressivas de um intérprete.
Resultados
O resultado foi que os participantes reconheceram TODAS AS EMOÇÕES nas melodias – mesmo sendo interpretadas eletronicamente –, ou seja, as melodias foram julgadas de acordo com a qualidade emocional que se pretendia transmitir com cada uma delas.
Os resultados deste estudo indicam que os compositores são capazes de comunicar qualidades emocionais distintas e definíveis aos ouvintes, até mesmo por meio de pequenas melodias, tocadas precisamente como notadas na partitura e sem intervenção humana.
Esse é o poder da melodia!
Mesmo sendo tão curta, sem acompanhamento e sem a interpretação de um ser humano a melodia é capaz de comunicar emoções aos ouvintes de forma eficaz.
Usos práticos
Este estudo comprovou que a melodia é extremamente importante e potente para transmitir emoções, mesmo quando isolada.
Devemos lembrar que a melodia é a parte que mais conecta os ouvintes com uma música e é a parte mais lembrada também. Pense em quantas melodias você sabe e nem entende ou lembra da letra. Pois é, a gente lembra de melodias inteiras de músicas que nem entendemos o idioma.
A melodia é extremamente poderosa!
Construa suas melodias com cuidado e dedicação. Sem pre lembre-se do poder da melodia!
Num outro artigo veremos quais características uma melodia deve ter para expressar diferentes emoções.
Mas se você quiser saber como compor uma melodia, temos um artigo específico sobre esse assunto aqui no blog. Acesse pelo link abaixo.
https://eucompositor.com/como-compor-uma-melodia/
Numa canção o caráter da melodia precisa ser congruente com o que está sendo dito na letra.
Ou seja, a melodia não pode contradizer o que está sendo dito na letra! Uma parte tem que potencializar a outra.
Se você está falando sobre algo feliz na sua letra tenha o cuidado de fazer uma melodia que transmita – por si só – emoções como felicidade, empolgação, etc.
Não vá escrever uma letra melancólica para uma melodia super feliz. A chance de uma música com essas características soar amadora são enormes.
Outro ponto que fica claro com este estudo, é que o compositor tem total controle sobre o caráter da sua música, sem depender do intérprete.
No entanto, o intérprete pode ressaltar o conteúdo da música (enfatizando os detalhes estruturais da composição, mesmo que não sejam indicadas na partitura) e pode até adicionar certas nuances a sua música.
Os intérpretes podem adicionar novas qualidades emocionais à música através de ações expressivas que são características de seu próprio estilo de execução.
Vale a pena se dedicar para conversar com as pessoas que vão interpretar sua música, isso pode fazer toda diferença no resultado final.
O poder da melodia é incrível, mas com uma boa interpretação pode ficar mais poderosa ainda!
Assista ao vídeo completo sobre este artigo!
Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.
Sobre o autor
Gandhi Martinez
Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).
Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.
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Referências:
THOMPSON, W. F.; ROBITAILLE, B. Can composers express emotions through music? Empirical Studies of the Arts, 10, 79–89, 1992.