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Efeito de Contraste na Música
3 dicas essenciais

Hoje vamos descobrir o que é o efeito de contraste e 3 maneiras de como podemos utilizá-lo para melhorarmos a experiência dos ouvintes com a nossa música.
Esse efeito é MUITO PODEROSO!
A ciência comprova! Veremos resumidamente os resultados de 3 artigos científicos que comprovam o efeito de contraste na música.
Mas antes de vermos o efeito de contraste na música especificamente, vamos entender como esse efeito foi descoberto e quais suas principais características.
Vem comigo!
Efeito de Contraste – Hedônico ou Estético
O efeito de contraste hedônico, também conhecido como efeito de contraste estético ou apenas como efeito de contraste, diz respeito a como os julgamentos hedônicos e estéticos podem ser influenciados pelo contexto.
O contraste hedônico foi descrito pela primeira vez por Gustav Theodor Fechner em 1898 – que na época chamou de Princípio de Contraste Estético.
Seu princípio geral de contraste hedônico era:
“Aquilo que dá prazer dá mais prazer quanto mais entra em contraste com fontes de desprazer ou de menor prazer; e uma proposição correspondente vale para aquilo que dá desprazer”.
Tendemos a classificar estímulos médios como inferiores quando precedidos por exemplares “mais positivos” e como superiores quando precedidos por exemplares “mais negativos”. Quando são classificados como superiores, isso é chamado de contraste positivo, e quando classificados como inferiores, isso é chamado de contraste negativo.
Por exemplo, quando água morna parece quente ao toque quando precedida de água fria, e fria quando precedida de água quente.
Vamos ver outro exemplo. Suponhamos a seguinte situação:
Vamos dizer que você tenha comido um pedaço de pizza e, numa escala de 1 a 10, você deu a nota 5.
Segundo o conceito de contraste hedônico, provavelmente você daria uma nota mais baixa para essa pizza se tivesse experimentado uma pizza extremamente boa (nota 10) antes dessa, e uma nota mais alta se tivesse experimentado uma pizza extremamente ruim (nota 1) antes.
Ou seja, uma refeição mediana, quando precedida por uma péssima, é melhor avaliada do que seria sem a refeição contrastante – e vice-versa.
Botas apertadas dão mais prazer
Preste atenção no trecho a seguir retirado do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis.
“Então considerei que as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar”.
Este trecho apresenta uma situação cotidiana que exemplifica bem o contraste hedônico: o prazer que alguém sente ao tirar as botas ao fim do dia é proporcionalmente inverso ao desconforto que estes lhe causaram apertando-lhe os pés durante o dia.
Em outras palavras: quanto mais as botas são apertadas, maior é o prazer ao tirá-las.
Ou seja, neste caso das botas apertadas, o efeito de contraste hedônico produz uma espécie de realce do prazer de uma situação (tirar as botas) através da discrepância em relação ao desprazer de uma situação anterior (as botas apertando os pés).
Parábola do Bode na Sala
Existe uma parábola muito conhecida que exemplifica perfeitamente o efeito de contraste hedônico no âmbito do cotidiano. É a parábola do Bode na Sala.
Certo dia um homem chegou até o sábio de sua região e falou:
– Na minha casa vai tudo mal, minha mulher implica comigo o tempo todo, meus filhos não me obedecem, tudo está uma bagunça, todos os dias tem discussão, não aguento mais.
Então o sábio lhe disse:
– Eu sei que o senhor tem um bode em sua propriedade. A partir de amanhã quero que coloque o bode para viver dentro da casa junto com vocês, ele não pode sair de dentro da casa por nada, volte em uma semana.
O homem achou aquele conselho muito estranho, mas resolveu seguir a recomendação, não tinha nada a perder.
Na semana seguinte o homem voltou transtornado até o sábio e falou:
– O seu conselho não deu nada certo. Minha vida está muito pior, eu, minha mulher e meus filhos passamos o dia tentando colocar a casa em ordem, é uma bagunça danada, uma sujeira terrível. O bode está comendo e quebrando tudo lá em casa! E o mau cheiro não tem fim! Eu não aguento mais!!
Então o sábio disse para o homem:
– Muito bem! Agora você vai colocar o bode para fora de casa.
– Só isso? – falou o homem.
– Sim! Volte daqui uma semana.
Na semana seguinte o homem voltou junto com a família, todo feliz, com um sorriso de orelha a orelha:
– Sábio, a nossa vida está tão boa, a gente não briga mais, minha mulher não passa mais o dia implicando comigo, nem meus filhos brigam mais, a casa está limpa, organizada, nunca estivemos tão felizes. Me explique qual foi a sua mágica.
E o sábio respondeu:
– Não foi mágica, vocês só precisavam de um problema maior na vida de vocês para perceberem a insignificância dos problemas que estavam enfrentando antes.
Efeito de Contraste nas Artes visuais
Trazendo para o campo artístico, “uma pintura bonita é percebida de forma mais positiva quando é apresentada depois de uma pintura considerada feia, e vice-versa” (DROUIN, 2022).
Exemplo disto foi demonstrado no trabalho de Dolese et al., (2005), onde os autores descobriram que pinturas consideradas pouco atraentes de Goya aumentaram as avaliações positivas de pinturas consideradas mais atraentes do próprio pintor.
Ou seja, os participantes que viram primeiro pinturas consideradas hedônica e esteticamente negativas do “período negro” de Francisco Goya posteriormente fizeram avaliações mais favoráveis às pinturas do “período da tapeçaria” de Goya (consideradas mais positivas) do que os participantes que viram apenas as pinturas da tapeçaria.
Efeito de Contraste na música
Exemplo 1
No estudo de Temme e Gieszen (1995) os autores relataram que música tradicional (Bach, Mozart e Mendelssohn) foi classificada como mais agradável depois que os sujeitos ouviram música moderna (Schönberg, Bartok e Stravinsky) – mas não encontraram contraste negativo para os sujeitos que ouviram a música tradicional primeiro.
Exemplo 2
No estudo de Parker et al., (2008), os autores pediram aos participantes que avaliassem alguns trechos musicais depois de ouvir outros trechos musicais que haviam sido previamente classificadas como “agradáveis” ou “desagradáveis”.
As composições “agradáveis” tinham ritmos estáveis e harmonias tonais (predominantemente terças maiores e quintas justas).
As composições “desagradáveis” tinham ritmo menos previsível e incluíam harmonias dissonantes (predominantemente segundas menores e quintas diminutas).
Os resultados apontaram que quando os trechos musicais “desagradáveis” foram ouvidos após uma música “agradável”, foram classificados pior do que quando foram ouvidos primeiro. E quando trechos musicais “agradáveis” foram ouvidos após uma música “desagradáveis”, foram classificados melhor do que quando foram ouvidos primeiro.
Exemplo 3
Os resultados do estudo de Peynircioglu et al., (2013) demostraram que melodias “felizes”, quando precedidas por uma melodia “mais feliz”, foram julgadas como “menos felizes”. O mesmo ocorreu com melodias tristes.
Usos práticos do Efeito de Contraste na Música
Esse tipo de ideia já ronda intuitivamente por aí, mas é bom saber que isso é comprovado cientificamente.
O contraste hedônico pode ser utilizado de várias formas num show:
Escolher a ordem das músicas
Quer enfatizar a tristeza de uma música? Toque uma música super agitada e feliz ANTES dela!
Quer enfatizar a melancolia de uma música? Toque uma música super feliz e agitada ANTES dela.
Isso vale tanto para pensar no setlist de um show quanto na ordem das músicas de um álbum (CD, DVD etc)
Escolher a ordem dos improvisos
Músicos de jazz: nos improvisos, comece pelo músico menos efusivo para o mais efusivo – ou pelo menos mescle.
Tente não encerrar o ciclo de improvisos com um improvisador muito “morno”. Procure finalizar a seção de improvisos com um clímax.
Para facilitar que isso aconteça, preceda o último improvisador de outro mais calmo e lírico – e deixe o efeito de contraste acontecer na música e na cabeça dos ouvintes.
Escolher a ordem das bandas
Se possível, evite ser um rabo de foguete no festival.
A expressão “pegar um rabo de foguete” quer dizer tocar depois de uma banda MUITO melhor e/ou mais animada que a sua. Ou que tem músicas mais conhecidas e que o público conhece e gosta, canta junto, dança etc.
O primeiro artista incendeia o público com seu repertório e deixa a “bucha” na mão do próximo. Ou seja, o artista ou banda que vem depois tem a obrigação de entregar um show NO MÍNIMO com a mesma energia do que veio antes.
Se por acaso o seu show pegar um rabo de foguete e não conseguir superar ou se igualar ao show anterior, corre enorme risco de ser visto como um show ruim.
Isso acontece porque MUITO PIOR do que seria se tivesse sido feito sem um super show antes.
Assista ao vídeo completo sobre este artigo!
OI, EU SOU GANDHI…
Oi, eu sou Gandhi Martinez, e acredite, eu já passei por isso.
Sei como é frustrante passar horas tentando transformar boas ideias em música e não ficar satisfeito com o resultado. A sensação de ter algo valioso na cabeça, mas não conseguir colocá-lo no mundo do jeito certo, pode ser desanimadora. Mas estou aqui para te dizer uma coisa: não precisa ser assim.
Hoje, sou Doutor em Música (Composição Musical), tenho 8 trabalhos autorais lançados e sou professor universitário no Curso de Música da UNIVALI. Já ajudei mais de 500 pessoas a entender e aplicar, de forma profissional e descomplicada, os conceitos certos para criar suas próprias músicas – alcançando resultados MELHORES com MENOS esforço.
O sucesso dos meus alunos é o que me move.
Acredito que VOCÊ tem uma visão de mundo única e uma história que merecem ser expressas artisticamente. Sou apaixonado por ensinar e amo ver pessoas – como você – conquistando liberdade criativa e impactando o mundo com suas músicas.
Por isso, estou compartilhando um guia completo e testado por centenas de alunos: o melhor passo a passo para transformar suas ideias em composições profissionais.
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