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Objetividade e Subjetividade Estética

 De onde vem o valor estético?

Objetividade e Subjetividade Estética

A estética é uma área da filosofia que estuda a natureza da arte e sua relação com os seres humanos.

Mas o valor estético (a beleza) é uma propriedade do objeto/fenômeno ou um modo de um sujeito perceber um certo objeto/fenômeno?

Enquanto alguns argumentam que a beleza e o valor estético são determinados exclusivamente pelos gostos e percepções individuais, outros defendem que há critérios objetivos para a avaliação estética.

Essas duas posições são conhecidas como subjetividade estética e objetividade estética, respectivamente.

A “subjetividade estética” e a “objetividade estética” são conceitos fundamentais na estética e na filosofia da arte.

A diferença entre eles está relacionada à forma como percebemos e avaliamos a arte.

Como veremos, a subjetividade estética enfatiza a importância das emoções e experiências pessoais na experiência estética, enquanto a objetividade estética enfatiza a importância de critérios objetivos na avaliação da qualidade da obra de arte – como sua estrutura formal e as técnicas utilizadas pelo artista.

Ambas as perspectivas são importantes para entender como percebemos e avaliamos a arte, e o objetivo deste texto é apresentar as principais ideias desses conceitos e apresentar uma conciliação entre essas duas visões aparentemente opostas.

Reduziremos as respostas a três perspectivas fundamentais: objetivismo, subjetivismo e uma mescla destas duas que tenta integrá-las.

A seguir veremos os princípios básicos destes entendimentos que se propõem a explicar as fontes da qualidade estética.

Objetivismo Estético

 O objetivismo concebe o objeto como o que existe em si e por si, à margem de qualquer relação com o sujeito, seja qual for essa relação e o modo como é concebido pelo sujeito.

A objetividade estética reconhece que a obra de arte é um objeto autônomo, que existe independentemente da experiência individual do observador.

Os antecedentes dessa concepção estética já são encontrados na Antiguidade grega desde os pitagóricos, para os quais a beleza é uma propriedade do universo e das coisas e, portanto, o que se percebe como belo existe independente de ser percebido ou não.

O sujeito limita-se a perceber a beleza nos objetos e só lhe cabe descobrir o que já existe – não importando a sua relação com ele.

Tal ponto de vista defende que a fonte da qualidade estética está em certas qualidades das coisas e da natureza e se manifesta em certas estruturas formais (simetria, proporção, harmonia, etc), e associadas a determinadas fórmulas ou relações matemáticas (como é o caso da “seção áurea” ou “número de ouro”).

Portanto, o objetivismo enfatiza a importância de critérios universais, tais como a harmonia, a proporção, a simetria e a coerência, que podem ser aplicados para avaliar a qualidade estética de uma obra de arte.

Essa perspectiva tem sido defendida por muitos filósofos, desde Immanuel Kant até Clive Bell.

De certa maneira, o objetivismo estético radical não admite multiplicidade de significados, ou “inserir” um significado (emocional, expressivo) que não “pertence” ao objeto/experiência, pois as qualidades definidas pelo próprio objeto são o que são – e apenas o que são, nada mais –, portanto, não mudam de acordo com quem as observa ou de como se observa.

Portanto, a qualidade estética de uma obra de arte pode ser avaliada de forma objetiva, sem levar em consideração as opiniões pessoais e subjetivas dos indivíduos que a experimentam.

No caso de uma composição musical, são levados em conta aspectos como: técnica, coerência, unidade, originalidade, complexidade, entre outros atributos.

A partir desta perspectiva, uma obra de arte pode ser considerada bela ou de alta qualidade com base apenas em seus atributos técnicos, independentemente das opiniões pessoais dos indivíduos que a experimentam.

É como se o valor estético já estivesse contido na estrutura do objeto artístico e o sujeito apenas “testemunha” seus significados sem contribuir nem interferir em nada.

Em última análise, se o observador não tem influência nenhuma sobre a qualidade estética de uma obra de arte, então isso quer dizer que, segundo a perspectiva da objetividade estética, só há uma interpretação possível para cada obra.

Só há uma interpretação “correta” – ou, na melhor das hipóteses, algumas poucas possibilidades de interpretações diferentes.

Subjetividade Estética

Diametralmente oposta à perspectiva objetivista que desconsidera o papel do sujeito na manifestação da qualidade estética, está o subjetivismo, que absolutiza o papel da subjetividade, deixando de lado as qualidades e os fatores objetivos da relação estética com o objeto.

A subjetividade estética se refere à ideia de que a experiência estética é pessoal e única para cada indivíduo.

Ela destaca a importância do sujeito na apreciação da obra de arte, reconhecendo que o gosto estético de cada pessoa é influenciado por suas experiências pessoais, emoções, educação, cultura e tempo histórico em que vive.

É uma maneira do sujeito “interpretar” as coisas do mundo, inclusive as obras de arte.

De certa forma, a ideia radical da subjetividade encarna a ideia dos sofistas, da qual o homem era a medida de todas as coisas e, portanto, também da beleza.

Ou seja, é a mente humana que faz as coisas parecerem belas.

Assim, a fonte da estética é transposta do objeto para o sujeito.

Só o fato de algo ser entendido como “belo”, já denota a percepção de uma mente.

“A beleza não é nenhuma qualidade das coisas em si mesmas. Existe na mente de quem as contempla, e cada mente percebe uma beleza diferente”. (David Hume)

O subjetivismo contém em si esses dois aspectos fundamentais: a negação das qualidades objetivas e a absolutização do papel do sujeito.

Não há objeto estético se o sujeito não o converte em tal ao interessar-se por ele.

O juízo de valor estético que empregamos é o que determina a nossa posição e interpretação sobre um determinado objeto ser ou não belo, ser ou não uma obra de arte, ter ou não ter valor estético/artístico, e assim por diante.

Estes juízos são pessoais, mas são influenciados pelo contexto cultural e tempo histórico que estamos inseridos, portanto, estão sujeitos a mudanças.

Segundo a perspectiva do subjetivismo estético, é impossível encontrar um juízo universal acerca de determinada obra de arte, porque a arte não tem valor intrínseco em si: não há critérios absolutos que tornam certo objeto belo ou não para todas as pessoas.

O valor estético deriva do interesse do sujeito e não das qualidades do objeto.

Uma grande queda d’água – como uma catarata –, por exemplo, carece de valor estético até que uma sensibilidade (mente) humana a considere sublime. Ou seja, a catarata não é sublime em si, necessita do sujeito que a perceba e considere como tal.

O mesmo ocorre em relação às artes.

Por exemplo, na música, é quase impossível haver objetividade.

As razões que levam uma pessoa gostar da “5ª Sinfonia” de Beethoven e outra pessoa da música “Que tiro foi esse” de Jojo Todynho são diferentes, uma vez que não só as obras são diferentes entre si, mas também os critérios de cada indivíduo são diferentes: dependem de seu background cultural, seu senso de identidade, diferenças de educação, modos de vida e visões de mundo.

Mas aí surge uma pergunta: se a beleza está 100% “nos olhos de quem vê”, então o que diferencia um objeto qualquer de uma obra de arte?

Algumas obras que desafiaram essa noção de subjetividade extrema foram Urinol (1917) do artista plástico francês Marcel Duchamp e a obra 4:33 (1952) do compositor americano John Cage.

Os problemas de cada perspectiva

 Tanto o objetivismo quanto o subjetivismo têm sua parcela de verdade quanto à fonte da qualidade estética, mas erram ao tentar chamar para si toda a explicação do fenômeno e ignorar o “outro lado”.

O objetivismo reduz o papel do sujeito a um simples registro do já ocorrido esteticamente no objeto em si, sem que participe ativamente em sua constituição.

O objetivismo estético baseia o estético em certas estruturas formais, associadas a certas propriedades – simetria, harmonia, proporção. No entanto, cabe observar que a mera presença dessas características não basta para que os objetos em que estas ocorrem adquiram um valor estético.

A simetria, por exemplo, não é garantia de esteticidade, já há objetos que são considerados belos sem que sejam simétricos, ou, ao contrário, que são simétricos, mas não são belos.

No que diz respeito às fórmulas matemáticas que regem certas estruturas formais (número de ouro, sequencia de Fibonacci), pode-se afirmar que essas fórmulas “são encontradas também em inúmeras obras medíocres”, ou seja, sem valor estético.

Já o subjetivismo absolutiza o papel do sujeito, portanto, transforma o objeto numa mera projeção de uma faculdade sua e dá a esta faculdade uma dimensão universal, sem levar em conta fatores históricos.

No entanto, o sujeito não vive num vácuo, isolado do seu contexto histórico e social. Muito pelo contrário, ele está permeado pelo complexo ideológico que rege sua respectiva época, e está submerso pelos embates sociais e culturais.

Portanto, o sujeito reflete toda esta carga histórico-sócio-cultural em todos os julgamentos de valor que venha a fazer, inclusive nos julgamentos de cunho estético.

Neste sentido, o sujeito não carrega uma subjetividade isolada e única, mas uma subjetividade inserida em um contexto particular.

Conciliação entre Subjetividade e Objetividade

Uma visão balanceada entre essas duas perspectivas sugere que não significa que basta a intervenção do sujeito para que este considere qualquer objeto belo ou sublime, por exemplo, algumas características precisam estar contidas neste objeto para que, ao contrário de outros objetos, este em particular provoque no sujeito o sentimento de beleza ou sublimidade.

Enquanto não há relação com o sujeito o objeto estético só existe potencialmente, ou seja, só passa a existir efetivamente ao se tornar um objeto para o homem que, em determinadas condições sociais e históricas, assume um determinado paradigma estético.

Só quando a ideologia estética (presente na mente do indivíduo) existe e está estabelecida numa certa sociedade é que se criam as condições para que se produzam os encontros concretos, singulares, entre sujeito e objeto que chamamos de situações/fruições estéticas.

É nesse cenário que os objetos dotados de certas qualidades (portanto, não qualquer objeto) adquirem uma existência estética efetiva.

Enquanto não entra em uma situação estética concreta (enquanto não é percebido ou contemplado), o objeto, mesmo possuindo as qualidades ou propriedades necessárias, só possui um potencial estético. Para que possa realizar sua “esteticidade” (ou seja, passar do mero potencial), exige-se a participação do sujeito. Só então o objeto “revela” sua forma sensível à qual é imanente um significado e, ao percebê-lo, o sujeito não inventa essa forma nem esse significado.

Portanto, se o objeto prescindisse destas formas e significados, não se realizaria a “esteticidade” do objeto (que é o que não entende o subjetivismo).

Por sua vez, prescindindo da intervenção do sujeito, tal encontro (entre sujeito e objeto) não alcançaria um plano estético (e isso é o que o objetivismo não entende).

Concluindo, a fruição estética (ou a possibilidade de existir um valor estético), não se trata de uma habilidade universal aplicável a qualquer objeto, mas sim de um “interesse” que surge e se mantém na relação do sujeito com um objeto que possui certas qualidades.

Ou seja, o valor estético e os significados de uma obra de arte não “irradiam” das propriedades físicas e sensíveis do objeto, mas sim da interação com os indivíduos em suas respectivas particularidades.

Outros valores

O assunto deste artigo diz respeito ao valor estético, mas numa obra de arte também podem existir valores de outras ordens, tais como sociais, políticos, históricos, morais, religiosos, etc.

Muitas vezes uma obra acaba sendo valorizada por causa destes parâmetros, e não a partir de seus atributos especificamente estéticos.

Sem dúvida estes valores têm sua importância, mas devem ser compreendidos como aspectos de segunda ordem, ou seja, não devem ser centrais em uma obra de arte, apenas complementares.

A balança atual pende para a subjetividade e o relativismo

Numa sociedade baseada no individualismo, a visão subjetivista tende a prosperar, já que cada pessoa acredita que possui uma perspectiva única sobre tudo e, consequentemente, por ser única, “é muito especial”.

Quando a subjetividade (ou seja, o “gosto” individual de cada pessoa) se torna o único ponto de referência para avaliar o valor da arte, é inevitável termos por consequência o total relativismo da arte e uma impossibilidade de debate fora dessa perspectiva.

É aqui que as teorias subjetivistas possibilitam o relativismo do valor da arte, da inexistência de valores estéticos objetivos. Se cada sujeito é único e fruirá da obra à sua maneira, então não é possível falar de valores objetivos, mas apenas de valores subjetivos, ou seja, do gosto pessoal. É extremamente comum ouvirmos as frases “arte é subjetiva” ou que é uma “questão de opinião”. Esse tipo de pensamento abre caminho para um relativismo total da obra de arte, na qual toda e qualquer interpretação está correta e é válida.

Por isso é que é tão difícil falar objetivamente sobre uma música, um estilo ou um gênero musical ser bom (ter valor estético) ou ruim (não ter valor estético), por exemplo, porque sempre pode haver o argumento que “se você não está percebendo o valor estético dessa música é por que você não possui o background sociocultural necessário para compreendê-lo”; ou porque “você está tentando encaixar esta música num modelo estético que valoriza outros atributos”.

É evidente que uma obra de arte pode ter diversas interpretações, contudo, é prudente se prevenir de uma relativização total da objetividade dos valores estéticos. O relativismo extremo, tão comum nos nossos dias, deve ser sempre avaliado com cautela e, quando necessário, questionado através de uma crítica pautada nos valores intrínsecos da obra de arte, nos valores estéticos objetivos da obra em si, e não a partir apenas de gostos subjetivos e preferências de modas artísticas passageiras.

Esse movimento se faz necessário porque a balança do valor estético pendeu desproporcionalmente para o lado do subjetivismo e relativismo. É necessário propor uma visão mais balanceada e próxima da realidade do mundo estético.

O valor intrínseco da obra de arte

Não se deve confundir o valor intrínseco de uma obra de arte com as flutuações dos gostos e das modas de determinado momento histórico. Da mesma forma que uma obra antiga pode renovar sua importância em outro momento histórico, uma obra que marcou época pode se mostrar totalmente irrelevante com o passar dos anos.

Se o valor da obra é autêntico, ele não se depreciará com o passar do tempo. Ou seja, não estará submetido às questões de gostos e preferências de determinado momento histórico.

As obras que possuem um valor intrínseco, que atendem às categorias estéticas objetivas, perduram ao longo das diferentes épocas, visto que a obra supera a particularidade histórica na qual foi produzida, e supre necessidades intelectuais, emocionais e artísticas do gênero humano.

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

Sobre o autor

Gandhi Martinez

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

Conheça Meu Livro De Composição

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O Poder Da Melodia É Incrível

O poder da melodia é incrível!

A música tem significado?

O poder da melodia é algo surpreendente, mas todos os significados da música são poderosos.

Mas afinal, qual é o significado de uma peça musical?

A grosso modo, é tudo o que entendemos quando escutamos uma obra musical.

Mas um significado que valorizamos muito são as emoções expressas nas obras musicais.

Nem toda música expressa emoções, é claro, mas neste artigo falaremos sobre este poder específico. E sobretudo, sobre o poder da melodia no âmbito dos significados emocionais.

Além de provocar respostas emocionais nos ouvintes (como arrepios, choro, irritação, bem-estar, etc), a música pode ser vista como um meio pelo qual algumas qualidades emocionais podem ser comunicadas aos ouvintes (ou seja, nós entendemos que a música expressa tristeza, alegria, empolgação, etc).

A música, neste caso, poderia ser entendida como uma espécie de “linguagem das emoções”, que comunica significados emocionais aos ouvintes.

Apesar de ainda serem raros os estudos que investigam explicitamente até que ponto os compositores conseguem comunicar emoções específicas aos ouvintes, um bom exemplo é o estudo de Thompson e Robitaille (1992), que veremos a seguir.

O experimento

Neste experimento, os autores queriam testar o poder da melodia isolada.

Portanto, pediram a cinco músicos experientes para compor melodias curtas (menos de 1 minuto) que deveriam transmitir seis emoções específicas:

alegria

tristeza

excitação

tédio

raiva

paz

Os compositores tiveram duas semanas para compor as melodias que comunicassem as qualidades emocionais associadas aos termos fornecidos.

PS: Uma melodia é definida simplesmente como uma textura monofônica, ou seja, uma textura na qual não mais do que uma nota soando ao mesmo tempo.

Lembrando que estas melodias NÃO TÊM LETRA atrelada a elas. São melodias puramente instrumentais.

Os compositores foram solicitados a enviar as melodias na forma de partituras musicais: com notação de alturas (notas), armaduras de clave, andamentos e quaisquer outras indicações relevantes, como marcações de dinâmica e ornamentação.

Os participantes ouviram as melodias “interpretadas” por um sequenciador eletrônico MIDI – e foram solicitados a julgar a qualidade emocional de cada uma delas.

 

Uma coisa importante:

Como geralmente a pesquisa sobre música e emoções considera as conotações emocionais de performances musicais gravadas (ou seja, que contêm textura harmônica, orquestração, estrutura melódica, variações de performance e outros fatores que se combinam para formar um conjunto complexo de influências na interpretação do ouvinte), este estudo se concentrou especificamente na composição musical (melodias curtas) e excluiu variáveis ​​associadas à textura harmônica, orquestração ou as contribuições expressivas de um intérprete.

Resultados

O resultado foi que os participantes reconheceram TODAS AS EMOÇÕES nas melodias – mesmo sendo interpretadas eletronicamente –, ou seja, as melodias foram julgadas de acordo com a qualidade emocional que se pretendia transmitir com cada uma delas.

Os resultados deste estudo indicam que os compositores são capazes de comunicar qualidades emocionais distintas e definíveis aos ouvintes, até mesmo por meio de pequenas melodias, tocadas precisamente como notadas na partitura e sem intervenção humana.

Esse é o poder da melodia!

Mesmo sendo tão curta, sem acompanhamento e sem a interpretação de um ser humano a melodia é capaz de comunicar emoções aos ouvintes de forma eficaz.

Usos práticos

Este estudo comprovou que a melodia é extremamente importante e potente para transmitir emoções, mesmo quando isolada.

Devemos lembrar que a melodia é a parte que mais conecta os ouvintes com uma música e é a parte mais lembrada também. Pense em quantas melodias você sabe e nem entende ou lembra da letra. Pois é, a gente lembra de melodias inteiras de músicas que nem entendemos o idioma.

A melodia é extremamente poderosa!

Construa suas melodias com cuidado e dedicação. Sem pre lembre-se do poder da melodia!

Num outro artigo veremos quais características uma melodia deve ter para expressar diferentes emoções.

Mas se você quiser saber como compor uma melodia, temos um artigo específico sobre esse assunto aqui no blog. Acesse pelo link abaixo.

https://eucompositor.com/como-compor-uma-melodia/

Numa canção o caráter da melodia precisa ser congruente com o que está sendo dito na letra.

Ou seja, a melodia não pode contradizer o que está sendo dito na letra! Uma parte tem que potencializar a outra.

Se você está falando sobre algo feliz na sua letra tenha o cuidado de fazer uma melodia que transmita – por si só – emoções como felicidade, empolgação, etc.

Não vá escrever uma letra melancólica para uma melodia super feliz. A chance de uma música com essas características soar amadora são enormes.

Outro ponto que fica claro com este estudo, é que o compositor tem total controle sobre o caráter da sua música, sem depender do intérprete.

No entanto, o intérprete pode ressaltar o conteúdo da música (enfatizando os detalhes estruturais da composição, mesmo que não sejam indicadas na partitura) e pode até adicionar certas nuances a sua música.

Os intérpretes podem adicionar novas qualidades emocionais à música através de ações expressivas que são características de seu próprio estilo de execução.

Vale a pena se dedicar para conversar com as pessoas que vão interpretar sua música, isso pode fazer toda diferença no resultado final.

O poder da melodia é incrível, mas com uma boa interpretação pode ficar mais poderosa ainda!

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

O PODER DA MELODIA É INCRÍVEL

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

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Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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Referências:

THOMPSON, W. F.; ROBITAILLE, B. Can composers express emotions through music? Empirical Studies of the Arts, 10, 79–89, 1992.

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Cuidado Com O Que Você Fala Sobre Sua Música

Cuidado com o que você fala da sua música

Cuidado Com O Que Você Fala Sobre Sua Música

O estudo de Margulis et al. (2017) investigou a influência de informações textuais sobre a apreciação estética de trechos musicais ambíguos (ou seja, trechos musicais que poderiam ser percebidos tanto como positivos quanto como negativos).

Os autores questionaram se informações sobre a intenção expressiva de um compositor em relação a uma obra pode influenciar a maneira com que esta peça musical é entendida em termos afetivos (emocionais).

Os trechos musicais, foram extraídos do estudo de Hunter, Schellenberg e Schimmack (2008). Seus estímulos eram trechos de aproximadamente 30s transmitiam afeto ambíguo misturando estruturas musicais “conflitantes” em valência (modo maior e andamento lento ou modo menor e tempo rápido). Esses estímulos abrangeram uma variedade de estilos musicais, mas todos eram trechos instrumentais sem letra ou parte vocal.

O experimento

Neste estudo, 118 indivíduos ouviram 18 trechos de 30s de música previamente caracterizados como expressivamente ambíguos precedidos por informações textuais com valência positiva, negativa ou neutra.

Os participantes foram informados que existiam informações sobre as intenções do compositor para cada trecho, por exemplo:

(1) descrições sobre intenções expressivas positivas diziam que o compositor escreveu a obra com a intenção de expressar sua paixão e devoção por seu amor;

(2) descrições negativas diziam que o compositor escreveu a peça para expressar luto pela morte de um membro da família;

(3) descrições neutras afirmavam que o compositor havia composto a peça para experimentar diferentes técnicas de composição.

Essas informações foram apresentadas numa tela de computador antes de cada trecho ser tocado.

6 trechos foram precedidos por informações com valência negativa

6 trechos foram precedidos por informações de valência positiva

6 trechos foram precedidos por informações de valência neutra

Após cada trecho, cinco perguntas foram apresentadas exigindo que o participante selecionasse uma resposta numa escala de 7 pontos (1 = mínimo; 7 = máximo):

(1) Quão feliz este trecho pareceu?

(2) Quão comovente este trecho pareceu?

(3) Quão triste este trecho pareceu?

(4) O trecho correspondeu à intenção do compositor?

(5) O quanto você gostou deste trecho?

Resultados

Os resultados apontaram que as informações textuais com valência positiva levaram os participantes a experimentar os trechos musicais ambíguos como mais felizes, e informações com valência negativa levaram a experimentar os trechos como mais tristes.

Além disso, informações prévias de valência positiva aumentaram o prazer e o grau em que as pessoas acharam os trechos musicais comoventes.

Isto aponta que informações textuais com conteúdo afetivo saliente influenciam e modificam o entendimento de conteúdos musicais com teor afetivo ambíguo.

Isso sugere que as pessoas podem integrar informações textuais fornecidas antes de uma experiência estético-musical em seu processamento dos conteúdos expressivo-afetivos da música. Se a apresentação de informações com valência positiva ou negativa impacta a avaliação da expressividade da música, isso sugere que as experiências estéticas com a música vão muito além do conteúdo intrínseco da obra – ou seja, apenas os sons musicais.

Há uma relação íntima entre ambiguidade expressiva e apreciação estética, e este estudo revelou que as pessoas preferem e se emocionam mais com os trechos musicais quando são precedidos por uma descrição textual positiva ou negativa.

Embora alguns estudos tenham exaltado o valor da ambiguidade em obras de arte, essa característica parece não se estender à ambiguidade afetiva. Isso sugere que as pessoas valorizam experiências estéticas proporcionadas por trechos com teor afetivo mais saliente e inequívoco.

Se fosse o contrário, os resultados apontariam para uma experiência estética mais positiva com os trechos musicais precedidos por informações neutras. Isso revelaria que as pessoas valorizam a presença de ambiguidade expressiva (multiplicidade de significados possíveis) em experiências estéticas com a música. No entanto, para nenhuma das categorias investigadas neste estudo foram preferidos os trechos ambíguos.

Uso prático

Tudo o que você fala sobre sua música pode modificar a forma com que seus ouvintes vão interpretar as suas composições!

Qualquer material associado a sua música vai ser absorvido inconscientemente pelo ouvinte e vai modificar a escuta da sua música. Principalmente as informações sobre a sua intenção expressiva e emocional com uma música (ou álbum)

Existem outros estudos que mostram isso, até fatos da biografia de um compositor ou se é profissional ou amador modificam a escuta.

Portanto, tenha muito cuidado ao dar entrevistas, participar de podcasts, fazer postagens nas redes sociais e até mesmo conversas casuais.

E claro, mais cuidado ainda com os conteúdos diretamente ligados a sua música, como encartes de CDs, LPs ou DVDs, descrições do YouTube ou outras plataforma de streaming (bio do Spotify, Deezer) e notas de programa de concertos e shows.

Faça músicas com teor afetivo evidente e específico, desta forma há uma chance maior das pessoas se conectarem e gostarem da sua música (fuja de músicas “sem sal” [não sabe se tá doce, amargo, azedo… então defina] “não fede e nem cheira”)

Use o título e as descrições para ajudar a definir o caráter afetivo da sua música

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Sobre o autor

Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (4 CDs, 2 DVDs, 1 EP e diversos singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

 

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Referências:

MARGULIS, E. H.; LEVINE, W. H.; SIMCHY-GROSS, R.; KROGER, C. Expressive intent, ambiguity, and aesthetic experiences of music and poetry. PLoS ONE, 12(7), e0179145, 2017.

Schellenberg EG, Peretz I, Vieillard S. Liking for happy – and sad -sounding music: Effects of exposure. Cogn Emot. 22: 218–237, 2008.

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O Título Da Música Importa – E a Ciência Prova

O TÍTULO DA MÚSICA IMPORTA MUITO MAIS DO QUE PODEMOS IMAGINAR

O Título Da Música Importa – E a Ciência Prova

Imagine uma exposição de arte onde quatro pinturas vermelhas idênticas são colocadas uma ao lado da outra. A única diferença entre elas é que são apresentadas com títulos diferentes.

(1) “Os israelitas cruzando o Mar Vermelho”

(2) “Banho de Sangue”

(3) “O Quadrado Vermelho”

(4) “Alcançando o Nirvana”

Os visitantes desta exposição perceberiam e apreciariam essas pinturas idênticas de maneiras diferentes, influenciados apenas pelos títulos e resultando em diferentes julgamentos estéticos.

É como diz o filósofo e crítico de arte Arthur Danto, “Um título é mais do que um nome: geralmente é uma orientação para a interpretação ou a leitura de uma obra”.

O TÍTULO INFLUENCIA A MÚSICA – E A CIÊNCIA PROVA

A influência dos títulos na apreciação e avaliação da arte tem sido amplamente estudada no mundo das artes visuais, mas neste estudo que vamos ver hoje é examinado até que ponto os títulos apresentados impactam a estética e os julgamentos de valor da música.

Assim, o presente estudo investiga os efeitos de títulos e nomes de artistas na avaliação e experiência estética da música.

Apresentar música com diferentes tipos de informações explícitas, como textos, rótulos e legendas, tem um impacto significativo nas avaliações de música. Quando apresentadas com música, informações explícitas podem intensificar a emotividade da música, aumentar a atenção e a compreensão das apresentações musicais e alterar avaliações de música dos ouvintes em diferentes dimensões de julgamento subjetivo (por exemplo, gosto e qualidade musical).

O ARTIGO SOBRE TÍTULOS QUE VEREMOS

O nome traduzido do artigo é: Nomes e títulos importam: o impacto da Fluência Linguística e da Heurística do Afeto sobre julgamentos estéticos e de valor da música. (ANGLADA-TORT, M., STEFFENS, J.; MÜLLENSIEFEN, D. 2019)

Ao manipular as propriedades linguísticas de nomes de artistas e títulos, o presente estudo fez uso (e testou) dois princípios heurísticos que desempenham um papel crucial no julgamento humano e na tomada de decisão, a saber, a fluência do processamento e a heurística do afeto.

Cada uma dessas heurísticas foi testada em um experimento separado do outro.

Mas afinal, o que são heurísticas?

Heurísticas são atalhos mentais que usamos para economizar tempo e energia quando precisamos emitir julgamentos ou tomar decisões. Elas costumam nos ajudar bastante, mas às vezes um atalho que economiza tempo pode te levar para o caminho errado.

Experimento 1

Vamos primeiro falar sobre o experimento que testou a Fluência de Processamento.

Essa heurística refere-se à tendência humana de avaliar informações fáceis de processar de forma mais positiva do que informações semelhantes, mas mais difíceis de processar. Estudos demonstraram que estímulos fáceis de processar são considerados mais verdadeiros, famosos, agradáveis e familiares do que estímulos semelhantes, mas menos fluentes.

E isso vale para a linguagem também, ou seja, para as palavras que lemos e escutamos. Neste caso, a heurística se chama fluência linguística. Palavras fáceis de entender são fluentes e as difíceis disfluentes (não fluentes)

Portanto, o Experimento 1 investigou se os julgamentos de valor e estéticos de uma música podem ser influenciados pela facilidade ou dificuldade de entender as palavras do título da música e o nome do artista.

A fluência linguística de títulos e nomes dos artistas foi manipulada utilizando nomes turcos: na condição fluente, os títulos e nomes de artistas eram fáceis de pronunciar (por exemplo, Dermod de Artan), enquanto na condição disfluente os nomes eram difíceis de pronunciar (por exemplo, Taahhut de Aklale). Esses nomes foram retirados de um estudo anterior que testou e determinou quais eram percebidos como fluentes ou disfluentes.

O uso de nomes turcos também ajudou a tornar menos óbvia a manipulação da fluência linguística, já que consciência da manipulação da fluência provavelmente é menor ao usar o turco do que ao usar nomes em inglês, especialmente quando os participantes são monolíngues (falantes de inglês).

Foram selecionados oito trechos de 15 segundos de música que não haviam sido divulgados publicamente.

Os participantes avaliaram cada trecho de música usando seis escalas de classificação.

Três escalas destinaram-se a medir as propriedades estéticas da música:

(1) gostar da música, numa escala de 1 (desgostei fortemente) a 7 (gostei fortemente);

(2) expressividade emocional, numa escala de 1 (muito ruim) a 7 (muito bom);

(3) qualidade musical, em uma escala de 1 (muito ruim) a 7 (muito boa).

Enquanto as outras três destinavam-se a medir o valor subjetivo da música utilizando uma escala de 1 (muito improvável) a 7 (muito provável):

(4) qual a probabilidade de a “música” ter sucesso comercial;

(5) qual a probabilidade dos participantes assistirem a um show do artista;

(6) qual a probabilidade dos participantes recomendarem a “música” a um amigo.

Resultados

Os resultados do Experimento 1 mostraram que os mesmos trechos musicais foram avaliados mais positivamente quando apresentados com nomes fáceis de pronunciar (fluentes) do que quando apresentados com nomes difíceis de pronunciar (disfluentes).

Ou seja, a fluência linguística de títulos e nomes de artistas teve impacto significativo nos julgamentos estéticos e de valor da música. A fluência dá origem a sentimentos de familiaridade e uma resposta afetiva positiva que resulta em julgamentos mais positivos.

Experimento 2

No segundo experimento foi testada a Heurística do Afeto

Heurística do Afeto refere-se à influência que sentimentos bons e ruins associados a um estímulo causam na tomada de decisões e nos julgamentos.

Pesquisa em psicolinguística demonstraram que palavras com conteúdo emocional (por exemplo, amor ou morte) são processadas de maneira diferente das palavras neutras (por exemplo, janela). E, além disso, palavras emocionais são mais fáceis de serem lembradas do que palavras neutras.

O Experimento 2 investigou se os julgamentos de valor e estéticos de uma música podem ser manipulados se os seus títulos tiverem diferenças em seu conteúdo emocional. Portanto, os participantes ouviram e avaliaram trechos musicais apresentados com títulos positivos (por exemplo, Beijo), negativos (por exemplo, Suicídio) e neutros (por exemplo, Esfera).

Também foram investigadas as diferenças nos julgamentos quando a música foi apresentada com e sem títulos utilizando estímulos musicais e dados do trabalho de um trabalho anterior que utilizou as mesmas músicas (Herzog et al., 2017).

Os participantes receberam os trechos musicais e seus títulos e, para garantir que os participantes lessem o título, eles foram solicitados a escrever o título em uma caixa de texto.

Os participantes avaliaram cada trecho de música usando 11 escalas de classificação divididas em três categorias: valor estético, valor pessoal e valor comercial.

Valor Estético

Na categoria Valor Estético foram utilizadas cinco escalas de classificação selecionadas de um estudo anterior (Herzog et al., 2017) onde os participantes avaliaram os mesmos trechos musicais apresentados sem títulos. Estas cinco escalas permitiram comparar as avaliações musicais na presença e ausência de títulos.

(1) avaliaram se gostaram da música de forma geral, utilizando uma escala de 1 (nada) a 6 (muito);

Em seguida avaliaram quão bem alguns atributos se adequavam ao trecho musical – utilizando escalas de 1 (muito mal) a 6 (muito bem):

(2) quão belo é o trecho,

(3) quão feliz,

(4) quão inspirador

(5) quão autêntico.

Valor Pessoal

Nas avaliações destinadas a medir o Valor Pessoal os participantes tiveram que avaliar o grau de concordância com três afirmações em uma escala de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente):

(1) “Quero saber mais sobre o artista da música”;

(2) “Eu compartilharia a música com meus amigos”;

(3) “Eu quero ver o artista da música tocar ao vivo”.

Valor Comercial

O Valor Comercial foi avaliado usando a mesma escala de 7 pontos de concordância-discordância. Os participantes tiveram que avaliar o grau de concordância com três afirmações:

(1) “A música tem potencial para sucesso comercial”;

(2) “Acho que a música é de um artista de sucesso”;

(3) “Acho que muitas pessoas gostariam dessa música”.

Resultados

Os resultados do Experimento 2 demonstram que, de forma geral, o conteúdo emocional de títulos influenciou os julgamentos de valor e estéticos da música. Essas descobertas confirmam a existência de uma heurística de afeto em avaliações estéticas da música.

Isso é muito importante: o teor emocional do título da música influencia a maneira com que essa música será entendida pelo ouvinte!

E tem mais! Ao final dos dois experimentos, os participantes foram questionados se achavam que foram afetados pelos nomes apresentados com a música, e adivinha? A maioria achava que NÃO era afetado! Ou seja, esse efeito ocorre inconscientemente nos ouvintes.

Em relação à comparação da música apresentada com e sem títulos, os resultados revelaram que os participantes gostaram significativamente mais da música quando ela foi apresentada com títulos do que na ausência deles, independentemente do conteúdo emocional do título.

Esse achado está de acordo com estudos anteriores que mostram que as mesmas obras de arte apresentadas com títulos são geralmente avaliadas de forma mais positiva do que quando apresentadas sem títulos – e que é compatível com a hipótese “fazer sentido traz prazer”, que sugere que os títulos aumentam as respostas emocionais positivas à arte ao torná-la mais compreensível.

Aplicações práticas

Como vimos, o título da música importa muito!

Você que é compositor, tenha em mente três coisas:

1 – Tomar cuidado com o grau de fluência das palavras dos títulos das suas músicas e do seu nome artístico

2 – Tomar cuidado com o teor emocional das palavras dos títulos das suas músicas

3 – Sempre colocar títulos criativos nas suas músicas, porque isso faz toda a diferença

Assista ao vídeo completo sobre este artigo!

Neste vídeo explico mais detalhes e dou mais informações sobre o artigo que vimos aqui. Aproveite e se inscreva no canal.

 

 

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16 Músicas Engraçadas

16 Músicas Engraçadas | Seleção de Sambas

 

Músicas Engraçadas | Seleção de Sambas

Se você quer aprender a fazer músicas engraçadas, você primeiro precisa ouvir muita música desse tipo, e o Samba é um ótimo estilo para começar.

Neste artigo você vai encontrar vários sambas com letras engraçadas.

O Samba é um gênero musical muito maleável. Podemos encontrar sambas que falam de diversos temas como amor, protesto, boemia, festa, filosofia, assuntos do cotidiano, e por aí vai. E temas cômicos são muito frequentes nesse gênero.

Alguns artistas compuseram ou interpretaram muitos sambas famosos e engraçados, como é o caso de Noel Rosa, Adoniram Barbosa, Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho.

 

Músicas Engraçadas

Neste artigo selecionei vários sambas com letras engraçadas. Aqui você vai encontrar sambas famosos, sambas desconhecidos, sambas antigos e sambas novos, tem para todos os gostos. As temáticas são muito variadas e o “politicamente correto” passa longe de algumas dessas músicas.

O Samba reflete muito bem a personalidade dos brasileiros, e como somos um povo que faz piada de tudo (até de nós mesmos), não poderia faltar sambas com letras engraçadas e divertidas.

Se você conhece outros sambas com letra engraçada que não estão nesta lista, escreva nos comentários que eu atualizarei o artigo.

Vamos começar então a minha seleção especial de músicas engraçadas – só sambas!

Conversa de Botequim | Noel Rosa

Este samba conta (de forma brilhante) a história de um cliente super folgado que está conversando com o garçom de um botequim. Nenhuma outra composição poderia abrir melhor uma lista de músicas engraçadas.

Letra Completa:

 

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa

Uma boa média que não seja requentada

Um pão bem quente com manteiga à beça

Um guardanapo e um copo d’água bem gelada

Feche a porta da direita com muito cuidado

Que eu não estou disposto a ficar exposto ao Sol

Vá perguntar ao seu freguês do lado

Qual foi o resultado do futebol

 

Se você ficar limpando a mesa

Não me levanto e nem pago a despesa

Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro

E um envelope e um cartão

Não se esqueça de me dar palito

E um cigarro pra espantar mosquito

Vá dizer ao charuteiro que me empreste

Umas revistas um cinzeiro e um isqueiro

 

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa

Uma boa média que não seja requentada

Um pão bem quente com manteiga à beça

Um guardanapo e um copo d’água bem gelada

Feche a porta da direita com muito cuidado

Que eu não estou disposto a ficar exposto ao Sol

Vá perguntar ao seu freguês do lado

Qual foi o resultado do futebol

 

Telefone ao menos uma vez para 34-4333

E ordene ao seu Osório

Que me mande um guarda-chuva

Aqui pro nosso escritório

Seu garçom me empresta algum dinheiro

Que eu deixei o meu com o bicheiro

Vá dizer ao seu gerente

Que pendure esta despesa no cabide ali em frente

 

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa

Uma boa média que não seja requentada

Um pão bem quente com manteiga à beça

Um guardanapo e um copo d’água bem gelada

Feche a porta da direita com muito cuidado

Que eu não estou disposto a ficar exposto ao Sol

Vá perguntar ao seu freguês do lado

Qual foi o resultado do futebol

 

Gago Apaixonado | Noel Rosa

Mais um samba genial do Noel Rosa. Aqui ele está contando a história de um gago que está apaixonado por uma mulher que o maltrata. Ele utiliza a repetição das sílabas (característica de pessoas gagas) como parte integrante da letra e com isso cria uma complexidade rítmica muito interessante para a letra.

Letra Completa:

 

Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago

Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago

Não po-posso com a cru-crueldade da saudade

Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago

 

Tem tem pe-pena deste mo-moribundo

Que que já virou va-va-va-va-ga-gabundo

Só só só só por ter so-so-sofri-frido

Tu tu tu tu tu tu tu tu

Tu tens um co-coração fi-fi-fingido

 

Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago

Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago

Não po-posso com a cru-crueldade da saudade

Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago

 

Teu teu co-coração me entregaste

De-de-pois-pois de mim tu to-toma-maste

Tu-tua falsi-si-sidade é pro-profunda

Tu tu tu tu tu tu tu tu

Tu vais fi-fi-ficar corcunda!

 

Idioma Esquisito | Nelson Sargento

Esse samba é fantástico! O compositor teve uma sacada genial criando palavras esquisitas que na verdade não existem.

Letra Completa:

 

Fui fazer o meu samba

Na mesa de um botequim

Depois de umas e outras

O samba ficou assim

 

Fui fazer o meu samba

Na mesa de um botequim

Depois de umas e outras

O samba ficou assim

 

Estrambonático, Palipopético

Cibalenítico, Estapafúrdico

Protopológico, Antropofágico

Presolopépipo, Atroverático

 

Batunitétrico, Pratofinandolo

Calotolético, Caranbolâmbolu

Posolométrico, Pratofilônica

Protopolágico, Canecalônica

 

É isso aí, é isso aí

Ninguém entendeu nada

Eu também não entendi

(Eu então vou repetir)

Piston de Gafieira | Billy Blanco

Este samba conta a história de uma briga muito engraçada que acontece numa gafieira e como os músicos da banda lidam com a situação para que a confusão não chame a atenção da polícia.

Letra Completa:

 

Na gafieira segue o baile, calmamente,

Com muita gente dando voltas no salão;

Tudo vai bem, mas eis porém que, de repente,

Um pé subiu e alguém de cara foi ao chão.

 

Não é que o Doca, um crioulo comportado,

Ficou tarado quando viu a Dagmar,

Tôda soltinha dentro de um vestido-saco,

Tendo ao lado um cara fraco,

E foi tirá-la p’ra dançar.

 

O môço era faixa preta, simplesmente,

E fez o Doca rebolar sem bambolê;

A porta fecha e, enquanto dura o vai-não-vai,

Quem está fora não entra, quem está dentro não sái.

 

Mas a orquestra sempre toma providência,

Tocando alto p’ra polícia não manjar;

E, nessa altura, como parte da rotina,

O piston tira a surdina e põe as coisas no lugar.

 

A Semente | Bezerra da Silva

Esse samba conta a história de um vizinho que foi preso porque estava com umas plantas muito suspeitas no seu quintal. Uma das músicas mais engraçadas que conheço.

https://www.youtube.com/watch?v=HB7UTk0QaZ8

Letra Completa:

 

Meu vizinho jogou

Uma semente no seu quintal

De repente brotou

Um tremendo matagal (Meu vizinho jogou)

 

Quando alguém lhe perguntava

Que mato é esse que eu nunca vi?

Ele só respondia

Não sei, não conheço isso nasceu aí

Ele só respondia

Não sei, não conheço isso nasceu aí

 

Mas foi pintando sujeira

O patamo estava sempre na jogada

Porque o cheiro era bom

E ali sempre estava uma rapaziada

Os homens desconfiaram

Ao ver todo dia uma aglomeração

E deram o bote perfeito

E levaram todos eles para averiguação e daí

 

Na hora do sapeca-ia-ia o safado gritou

Não precisa me bater, que eu dou de bandeja tudo pro senhor

Olha aí eu conheço aquele mato, chefia

E também sei quem plantou

 

Quando os federais grampearam

E levaram o vizinho inocente

Na delegacia ele disse:

“Doutor não sou agricultor, desconheço a semente”.

Mal de Percussion | Duo Moviola (Douglas Germano e Kiko Dinucci)

Esse samba fala da “mania” que os músicos têm de ficar batucando sem parar, seja onde for. A letra tem várias sacadas incríveis, como é o caso do próprio título que faz uma brincadeira com o nome do Mal de Parkinson.

Letra Completa:

 

Vê se para esse batuque

Não dá, eu já tentei!

 

Teleco-teco

Tum-ca-ca

Tum-tum-ca-ca

Tum-tum-pa-pa-pa

 

A mão tem vontade própria

Bate que bate com a direita

Bate que bate com a canhota

Bate que bate com a direita

Bate que bate com a canhota

 

E quando pinta o breque

É um repique no vazio pra voltar

A mão se acaba ra-cu-tum pa-ra-cum-ta

Altera o tempo, que ela adora se mostrar

Tanta vergonha que essa mão me fez passar

 

E no elevador é um terror e coisa e tal

Descobre som entre o espelho e a parede lateral

O pé se empolga e vai fazendo a marcação

É, ela não para não, não para não!

 

Eu já fui atrás de um doutor que é muito bom

Ele me disse: Isso é mal de percussión

Me receitou Lexotan, floral de Bach

Pra ela se acalmar, se acalmar

 

Na falta de objeto ela me espanca

Bate na coxa, na bochecha e na garganta

Na minha cara sempre aquele vermelhão

Ela não para não, não para não!

 

Eu já comprei lá na Dicico a machadinha

Pra mim alívio, para ela o fim da linha

Só falta alguém que se habilite, por favor!

A machadinha na mão dela é um horror, horror, horror!

Coluna Social | Pedro Miranda

Nesse samba genial, o compositor trata adjetivos e qualidades (hipocrisia, cinismo, respeito) como personagens de uma história: a festa de casamento do Cinismo e da Dona Hipocrisia.

Letra Completa:

 

O Cinismo casou com Dona Hipocrisia

Teve uma grande festança no apartamento da Demagogia

 

Lá na cozinha estava o Cinismo, comendo escondido

Foram perguntar pra ele

Cadê o salgadinho que tinha sumido?

Ele disse: Não lembro, não sei, não conheço, não vi nada não

E foi todo sorridente dançar com Madame Dissimulação

 

O Cinismo casou com Dona Hipocrisia

Teve uma grande festança no apartamento da Demagogia

 

A Hipocrisia, que sempre dizia que era uma santa

Tomou sete caipirinhas, caiu na cozinha e quase não levanta

Foi embora mais cedo, morrendo de medo da Reputação

E saiu de braços dados com a Incoerência e a Contradição

 

O Cinismo casou

 

A dona Inveja, amiga da Raiva e mulher do Despeito

Ofendeu dona Elegância, esposa pacata do nobre Respeito

Foi aí que a Prudência chamou o casal Consciência e Bom senso

Que saíram porta fora porque o ambiente já estava bem tenso

 

O Cinismo casou com Dona Hipocrisia

Teve uma grande festança no apartamento da Demagogia

Meio Tom | Pedro Miranda

Esse samba é um exemplo de música que combina perfeitamente o que está sendo dito na letra com o que está acontecendo na parte musical. Nesse caso ele está falando das pessoas que desafinam, e quando ele fala a palavra “meio-tom” a melodia sobe exatamente meio tom. Outras músicas que brincam com a correspondência entre letra e música são: “Samba de uma nota só” e “Desafinado”.

Letra Completa:

 

E quando eu canto

Ninguém gosta do meu som

Eu não consigo, eu desafino

Quando eu vejo é meio-tom

 

Fico acanhado porque eu sei qual é a nota

E meu único problema é minha corda vocal

Já fui ao médico pra curar o meu mal

Mas ele disse:

– Nesse caso, não tem jeito, isso é normal.

 

Por isso eu vou procurar uma escola

Porque eu não durmo antes do fim da história

Sei que se o povo não desafinasse

O cantor vivia de chapéu de esmola

 

É meio-tom

É meio-tom

É meio-tom

Só meio-tom

Os originais do samba – A dona do primeiro andar

O fator engraçado da letra desse samba é o trocadilho que existe no refrão: a frase “pela dona do primeiro andar” se transforma em “peladona do primeiro andar”.

Letra Completa:

 

Estou apaixonado, apaixonado estou

Estou apaixonado, apaixonado estou

 

Pela dona do primeiro andar

Pela dona do primeiro andar

Pela dona…

 

Seu sorriso de criança

Era o que eu mais queria

Implorei o seu amor

Ao menos por um dia

Agora estou sofrendo

Apaixonado estou

 

Pela dona do primeiro andar

Pela dona do primeiro andar

Pela dona…

 

Toda manhã desce comigo no elevador

Insiste sempre em olhar pro chão

Mal ela sabe que o seu copor sedutor

Já machucou todo o meu coração

 

Pela dona do primeiro andar

Pela dona…

Samba do Arnesto | Adoniram Barbosa

Adoniram é conhecido pelo senso de humor de alguns de seus sambas. Ele compôs diversas músicas engraçadas. Um recurso muito utilizado por ele são os erros propositais de português. No caso desta música, o próprio nome do personagem (que deveria ser Ernesto) é dito de forma errada.

Letra Completa:

 

O Arnesto nos convidou

Prum’ samba, ele mora no Brás

Nós fumos, não encontremos ninguém

Nós vortermos com uma baita de uma reiva

Da outra vez, nós não vai mais

Nós não semos tatu

O Arnesto nos convidou

Prum’ samba, ele mora no Brás

Nós fumos, não encontremos ninguém

Nós vortermos com uma baita duma reiva

Da outra vez, nós num vai mais

No outro dia encontremo com o Arnesto

Que pediu desculpas, mas nós não aceitemos

Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa

Mas você devia ter ponhado um recado na porta

O Arnesto nos convidou

Prum’ samba, ele mora no Brás

Nós fumos, não encontremos ninguém

Nós vortermos com uma baita duma reiva

Da outra vez, nós num vai mais

No outro dia encontremo com o Arnesto

Que pediu desculpas, mas nós não aceitemos

Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa

Mas você devia ter ponhado um recado na porta

Um recado ansim’, ói

Ói, turma, num deu pra esperar

Ah, duvido que isso num faz mar, num tem importância

Assinado em cruz, porque não sei escrever

Arnesto

Tiro ao Álvaro | Adoniram Barbosa

Mais uma vez Adoniram se utiliza de erros de português propositais para criar uma letra de música engraçada. Além de vários erros durante a música, o próprio título é uma brincadeira com “Tiro ao Alvo”.

Letra Completa:

 

De tanto leva frechada do teu olhar

Meu peito até parece sabe o que?

Taubua de tiro ao Álvaro

Não tem mais onde furar (não tem mais)

 

Teu olhar mata mais do que bala de carabina

Que veneno estriquinina

Que pexeira de baiano

Teu olhar mata mais que atropelamento de automóver

Mata mais que bala de revórver

Praça Clóvis | Paulo Vanzolini

Esse samba conta a história de um assalto. Mas surpreendentemente ao invés de a vítima achar ruim, na verdade achou bom.

Letra Completa:

 

Na praça Clóvis

Minha carteira foi batida

Tinha vinte e cinco cruzeiros

E o teu retrato

Vinte e cinco eu, francamente, achei barato

Pra me livrarem do meu atraso de vida

 

Eu já devia ter rasgado e não podia

Esse retrato cujo olhar

Me maltratava e perseguia

Um dia veio o lanceiro

Naquele aperto da praça

Vinte e cinco francamente foi de graça

Vacilão | Zeca Pagodinho

Nesse samba, Zeca Pagodinho conta a história super engraçada de um cara que chegou em casa bêbado e fez várias presepadas. Acabou perdendo a esposa por ser um “vacilão”.

https://www.youtube.com/watch?v=Ah8GAFef-Zw

Letra Completa:

 

Aquilo que era mulher

Pra não te acordar cedo

Saía da cama na ponta do pé

Só te chamava tarde, sabia teu gosto

Na bandeja, café

Chocolate, biscoito, salada de frutas

 

Suco de mamão

No almoço era filé mignon

Com arroz à la grega, batata corada

Um vinho do bom

E no jantar era a mesma fartura do almoço

E ainda tinha opção

É, mas deu mole, ela dispensou você

 

Chegou em casa outra vez doidão

Brigou com a preta sem razão

Quis comer arroz-doce com quiabo

Botou sal na batida de limão

 

Deu lavagem ao macaco

Banana pro porco, osso pro gato

Sardinha ao cachorro, cachaça pro pato

Entrou no chuveiro de terno e sapato

Não queria papo

 

Foi lá no porão, pegou “tresoitão”

Deu tiro na mão do próprio irmão

Que quis te segurar

Eu consegui te desarmar

 

Foi pra rua de novo

Entrou no velório pulando a janela

Xingou o defunto apagou a vela

Cantou a Viúva, mulher de favela,

Deu um beijo nela

 

O bicho pegou, a polícia chegou,

Um couro levou e em cana entrou…

E ela não te quer mais… Bem feito!

Batuque na Cozinha | Martinho da Vila

Nesse samba, Martinho da Vila fala de várias situações divertidas. Com certeza não poderia faltar numa lista de músicas engraçadas.

Letra Completa:

 

Batuque na cozinha

Sinhá não quer

Por causa do batuque

Eu queimei meu pé

 

Não moro em casa de cômodo

Não é por ter medo não

Na cozinha muita gente

sempre dá em alteração

 

Batuque na cozinha

Sinhá não quer

Por causa do batuque

Eu queimei meu pé

 

Então não bula na cumbuca

Não me espante o rato

Se o branco tem ciúme

Que dirá o mulato

Eu fui na cozinha

Pra ver uma cebola

E o branco com ciúme

De uma tal crioula

Deixei a cebola, peguei na batata

E o branco com ciúme de uma tal mulata

Peguei o balaio pra medir a farinha

E o branco com ciúme de uma tal branquinha

Então não bula na cumbuca

Não me espante o rato

Se o branco tem ciúme

Que dirá o mulato

 

Mas o batuque na cozinha

Sinhá não quer

Por causa do batuque

Eu queimei meu pé

 

Eu fui na cozinha pra tomar o café

E o malandro tá de olho na minha mulher

Mas, comigo eu apelei pra desarmonia

E fomos direto pra delegacia

Seu comissário foi dizendo com altivez

É da casa de cômodos da tal Inês

Revistem os dois, botem no xadrez

Malandro comigo não tem vez

 

Mas o batuque na cozinha

Sinhá não quer

Por causa do batuque

Eu queimei meu pé

 

Mas seu comissário

Eu estou com razão

Eu não moro na casa de arrumação

Eu fui apanhar o meu violão

Que estava empenhado com Salomão

Eu pago a fiança com satisfação

Mas não me bota no xadrez

Com esse malandrão

Que faltou com respeito a um cidadão

Que é Paraíba do Norte, Maranhão

 

Batuque na cozinha

Sinhá não quer

Por causa desse batuque

Queimei meu pé

Sono de Rei | Gandhi Martinez

Nesse samba estou contando a história de uma pessoa que dormiu enquanto andava de ônibus.

Letra Completa:

 

Eu cochilei na ladeira

Quando o ônibus foi pra contramão

Passou direto o sinal

E quase bateu de frente num portão

 

Mas nem assim dei bobeira

Do meu sono não despertei

Quase no ponto final

Me virei na cadeira e dormi outra vez

 

O “motóra” gritou para mim

Mas eu não escutei

Cobrador chegou perto e tentou conversar

Mas eu não levantei

 

O busão teve que retornar

E eu continuei

Relaxei no meu banco

E tirei no balanço o meu sono de rei

Tenha Dó Criançada | Gandhi Martinez

E para finalizar esta lista de músicas engraçadas, apresento meu samba-choro que narra algumas situações vivenciadas por professores de música em sala de aula. O destaque fica para a parte B, onde o professor não aguenta mais a bagunça dos alunos.

O grande desafio para compor essa música foi encaixar a letra e a melodia. Neste link você encontra um artigo com dicas de COMO COMPOR UMA MELODIA.

Letra Completa:

 

(A)

Ô criançada eu vim aqui só para ensinar

Não vão acreditar no que eu trouxe pra nós

Tem um montão de sons pra’gente descobrir

É só olhar pra mim e escutar com muita atenção

Eu sei que de manhã não é fácil para ninguém

Porém a gente tem muito o que estudar

Vamos aproveitar a aula pra ouvir depois cantar

Todas as músicas que vêm do coração

 

(B)

Eu só não quero ouvir a gritaria

da última aula eu não aguento mais

Eu pedi para vocês ouvirem uma música

Só que ninguém tava me dando bola

Tenho que ser um pouco incisivo

Não vou aturar essa chateação

Eu vou chamar a diretora pra dizer quem são

aqueles que não têm um pingo de educação

 

(A2)

De casa vem o ensinamento de se respeitar

De saber se portar, ouvindo com atenção

O professor é um amigo, então não aja assim

Será melhor pra mim, te ensinar essa canção

Quero que escutem muito bem o que eu vou tocar

Eu quero apresentar as notas para vocês

Não se preocupem, pois é fácil de aprender

É só deixar sair o som que vem do nosso coração

 

(C)

Dó, ré, mi, faça os seus deveres direitinho

Pra aprender todas as músicas legais

Estude tudo o que o professor pediu para você

Não fique em frente a TV, mostre que você é capaz

Dificuldades todos têm pelo caminho

O importante é você não desistir

Dedicação em tudo aquilo que se faz com muita paz

Pra que a vida seja sempre muito mais

Estudar e se dedicar sempre!

Se você quiser se tornar um excelente compositor, e realmente saber como escrever boas letras ou compor melodias marcantes, você vai ter que se dedicar muito. Recomendo que você sempre procure por mais conhecimento e aplique na prática tudo o que aprender. Pesquise por materiais bem embasados e feito por pessoas comprometidas em disseminar conteúdos de qualidade.

Clique no link se você quiser um passo-a-passo de como compor uma música do início ao fim!

Boas composições!

Sobre o autor

Gandhi Martinez
Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (3 CDs, 2 DVDs, 1 EP e alguns singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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Como Compor uma Música – 8 Dicas Infalíveis

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Como Compor Uma Música
Como Compor Uma Música

Existem muitas formas de se compor uma música. Alguns compositores começam escrevendo primeiro a letra, ou uma sequência de acordes, outros já saem criando a melodia com a letra junto, e por aí vai. Não existe uma fórmula que funcione para todos. Na maioria das vezes o que acontece é que o mesmo compositor tem várias maneiras de fazer música.

O que eu vou apresentar nesse artigo são dicas muito boas que você pode seguir como um passo-a-passo para compor uma música do início ao fim. Mas tenha em mente que essa é apenas UMA maneira de como compor uma música.

Fique comigo até o final que você não vai se arrepender.

Aqui está um passo-a-passo de como compor uma música do início ao fim. Aproveite!

(1) Escolha o estilo musical

Escolha o Estilo Musical
Escolha o Estilo Musical

Existem compositores que começam a compor uma música sem saber exatamente qual estilo musical que ela terá. Geralmente isso acontece quando o compositor começa pela letra. Mas se você já começar a compor uma música sabendo o estilo que ela terá, a composição fluirá mais facilmente.

Mas não basta escolher o estilo, você precisa estudar e analisar o estilo escolhido. A análise do estilo musical é fundamental! Duas características essenciais para se analisar são:

(1) A quantidade e os tipos de acordes mais comuns: preste atenção se os acordes são complexos ou simples e se as músicas desse estilo têm muitos acordes ou poucos.

(2) O conteúdo e a linguagem das letras: preste atenção em quais assuntos geralmente são abordados (amor, protesto, curtição, tristeza, sofrência, filosofia, etc). Preste atenção na linguagem utilizada: se é culta ou casual, se usa palavras de baixo calão, se usa gírias.

Analisando apenas esses detalhes com certeza você vai conseguir compor com mais facilidade e naturalidade. Esse tipo de exercício ajuda em todos os próximos passos.

(2) Defina a estrutura da música

Defina a Estrutura da Música
Defina a Estrutura da Música

O termo correto para se referir à estrutura de uma música é FORMA MUSICAL. A forma musical é um dos elementos mais importantes da música. Nada vai funcionar bem na sua música se ela não tiver uma forma equilibrada. Não adianta você conseguir criar aquele refrão matador se não souber como valorizar ele dentro da música.

Então vamos dar uma olhada nas SEÇÕES mais usadas nas formas musicais.

As formas musicais mais utilizadas no universo da música popular são variações dessas seções aqui:

Intro

Estrofe (ou verso)

Pré-refrão

Refrão

Solo

Ponte

Coda (finalização)

Essa sequência já pode ser considerada uma forma musical bem completa. É claro que nem todas as músicas utilizam todas essas seções e nem seguem essa estrutura exatamente. Algumas músicas não têm introdução, outras começam no refrão, outras não têm ponte nem solo, outras repetem o refrão várias vezes, e assim por diante.

O importante é você escolher como será a forma da sua música, ou pelo menos saber quais dessas seções a sua música terá.

Um bom jeito de decidir essas questões é prestar atenção nas formas utilizadas nas músicas do estilo que você quer compor. Tem estilos que não usam refrão e tem outros que valorizam muitíssimo o refrão, por exemplo.

Um bom exercício:

Escolha uma música que você gosta muito e analise a forma musical dela. Depois que você identificar cada seção e a maneira em que elas estão estruturadas, tente fazer uma música sua com essa mesma forma. Não se preocupe, isso não é plágio! Na verdade, algumas formas musicais são utilizadas em milhares (talvez milhões) de músicas e cada música dessas é diferente.

(3) Defina o “clima” da música

Defina o Clima da Música
Defina o Clima da Música

A escolha do “clima” é uma coisa que muitos compositores iniciantes (e até alguns experientes) deixam “ao acaso”. Mas se você perceber, todas as músicas que você adora têm um clima próprio e específico. Então, defina se a sua música vai ter um clima alegre, triste, agitado, tranquilo, agressivo, sombrio, etc. Isso facilita muito o processo de composição.

Por exemplo: se você decidir que a sua música terá um clima agressivo, talvez uma letra muito romântica não fique legal. Ou se o clima da música for muito tranquilo, talvez uma letra de protesto perca a força.

Quando você define o clima que a sua música vai ter, isso já facilita muito a sua vida, porque várias ideias que não combinariam com esse clima já são excluídas. Ou seja, você não perde tempo com ideias que ficariam ruins e, automaticamente, fica mais próximo de ideias que são mais propensas a funcionar bem com aquele clima. A escolha do clima influencia muito os três próximos passos.

(4) Crie progressões harmônicas

Crie Progressões Harmônicas
Crie Progressões Harmônicas

Uma progressão harmônica é uma sequência bem estruturada de acordes.

Esse passo tem tudo a ver com os passos 1, 2 e 3 que já vimos. Vamos ver as relações entre as progressões harmônicas e os passos anteriores:

Passo 1 – Existem progressões harmônicas típicas de cada estilo musical. Alguns estilos musicais usam acordes mais dissonantes e com sequências de acordes mais longas, já outros estilos usam acordes básicos e progressões curtas.

Passo 2 – Para cada seção (da forma musical) você vai precisar variar a progressão harmônica. A progressão utilizada no refrão geralmente é diferente da utilizada nas estrofes (versos) Apesar de isso não acontecer em todos os estilos musicais, é muito comum que cada seção da música use variações nas sequências de acordes. Alguns estilos fazem mudanças mais bruscas e outros fazem apenas algumas alterações sutis.

Passo 3 –  Os acordes têm o poder de modificar o clima musical. Se você quiser que a sua música tenha um clima triste, por exemplo, vai ser mais eficiente se você usar progressões harmônicas que privilegiem acordes menores e diminutos. Se quiser um clima mais alegre, acordes maiores podem funcionar melhor. É claro que essa história de acorde maior é alegre e acorde menor é triste não é uma coisa absoluta, mas pode ser um bom começo.

Pois bem, depois que você escolher as progressões harmônicas da sua música será mais fácil utilizá-las para seguir com o próximo passo.

(5) Crie a melodia

Crie a Melodia
Crie a Melodia

Vamos supor que você esteja seguindo esse passo-a-passo à risca e já decidiu em qual estilo musical irá trabalhar, já definiu a forma musical, já sabe qual clima a sua música terá e já criou algumas progressões harmônicas. Se você tiver tudo isso bem encaminhado, será muito mais fácil criar uma boa melodia para a sua música.

Uma coisa que você tem que entender é que cada seção da música exige uma melodia com características específicas:

Nas estrofes (ou versos): as melodias são mais graves, amenas e com carga emocional baixa. Geralmente a melodia dessas partes se repete, mas com letra diferente.

No refrão: a melodia geralmente atinge as notas mais agudas da canção, isso ajuda a elevar a carga emocional ao máximo.

No pré-refrão: a melodia precisa fazer uma ligação entre as notas graves e amenas da estrofe com as notas agudas e expressivas do refrão. Essa parte precisa preparar o ouvinte para o refrão.

Na ponte e no solo: a melodia pode variar bastante. Por exemplo, se a música já estiver com bastante energia nas outras seções, a ponte ou o solo podem dar uma aliviada na energia para preparar a entrada triunfal do último refrão. Se a música estiver com a energia baixa, essas seções podem ser utilizadas para criar um clímax.

Na introdução e na finalização: pode ser utilizada a melodia de alguma outra seção da música, mas de forma instrumental.

Essa parte da melodia confunde muita gente, por isso criei outro artigo explicando COMO COMPOR UMA MELODIA.

(6) Escreva a letra

Escreva a Letra
Escreva a Letra

Como já foi dito, existem muitas maneiras de como compor uma música. No caso deste passo-a-passo, a letra só vai começar a ser escrita agora, mas nada impede que você comece a compor uma música pela letra.

Também existem inúmeras maneiras de se fazer uma letra de música, aqui vou te propor uma que eu gosto muito e que funciona super bem.

Se você seguiu os passos até aqui, nesse momento já tem uma música quase completa. Já dá para tocar a sua música e sentir o clima dela e decidir o tema da sua letra. Então você pode fazer o seguinte. Siga esses passos:

(1) Grave a sua música tocando ela inteira e cantarolando a melodia sem letra mesmo, usando o velho “lá lá lá” ou fazendo da maneira que preferir. Não se preocupe se você não tiver um gravador profissional ou um programa de gravação no computador, pode usar o gravador do celular mesmo. Mas procure um local silencioso para fazer a sua gravação, isso ajuda muito.

(2) Depois você vai escutar algumas vezes o que gravou e escrever alguns temas que combinam com o clima da sua música. Nessa etapa você só precisa escrever os sentimentos gerais da sua música, como “triste”, “alegre”, “dançante”, “tranquilo”, etc.

(3) Agora chegou o momento de colocar a sua personalidade e escolher temas que tenham a ver com a sua experiência de vida. Por exemplo: se você identificou que o clima tá meio triste, chegou a hora de relacionar essa “tristeza musical” com algum fato triste da sua vida. Pode ser um namoro que terminou, uma mudança de cidade, um animal de estimação que morreu, ou qualquer outra coisa nesse sentido.

(4) Depois de definir qual fato específico vai inspirar a sua letra, você vai escrever como se sente em relação ao assunto. Esse é o momento de abrir o seu coração. Escreva como se fosse um diário, não precisa pensar em rimas nesse momento.

(5) Depois que você tiver bastante informações sobre o assunto, chegou a hora de lapidar o texto e deixar ele com cara de letra de música. Defina a linguagem que será utilizada na sua letra (lembre-se das análises feitas no passo 1). Se faça essas perguntas:

Sua letra vai ter uma linguagem informal? Ou o assunto é sério e precisa de uma linguagem mais culta? Você vai usar gírias e expressões regionais? Você quer contar uma história com começo meio e fim ou sua música terá poucas frases de efeito?

Pense nessas questões e ajuste o seu texto para que ele siga apenas um tipo de linguagem.

(6) Depois que tiver o texto lapidado, é hora de encaixar a letra na melodia que você já criou. Você vai prestar atenção nas acentuações melódicas. Toda melodia tem notas mais acentuadas que outras, é isso que você vai procurar. E pra que você precisa disso? Pra encaixar a letra de forma adequada!

(7) Agora que você já entendeu as acentuações melódicas, você vai começar a cantarolar a letra em cima dessa melodia. Mas vai prestar atenção e tentar encaixar as sílabas tônicas das palavras com as acentuações da melodia. Isso pode ser um pouco difícil no começo, mas essa etapa é uma das mais importante!

(8) Agora você vai gravar as partes que conseguiu encaixar. Você vai perceber que alguns ajustes serão necessários, tanto na letra quanto na melodia. A letra vai precisar ser modificada para criar esquemas de rimas que você achar interessante, e a melodia pode sofrer algumas alterações para privilegiar algumas palavras da letra.

DICA DE OURO

Não tente “forçar rimas” com frases terminando com coisas do tipo: “a fazer”, “a chorar” só para rimar com alguma palavra terminada em “er” ou “ar”. O mais natural nesse caso seria “fazendo” e “chorando”. Se você forçar a barra nas rimas, a chance de a sua letra parecer ridícula é muito grande.

Se esforce e faça modificações até ficar bom! Quando tiver dúvida sobre como a letra está soando, recite ela em voz alta e se estiver soando muito diferente de como você fala no dia-a-dia, ligue o sinal de alerta e tente reescrever a parte que está esquisita.

(7) Crie um título chamativo

Crie um Título Chamativo
Crie um Título Chamativo

“Os detalhes fazem toda a diferença”, você já deve ter ouvido essa frase, né? Pois é, isso é a mais pura verdade! E na música isso vale ouro. O título é um desses detalhes que fazem toda a diferença.

Quando uma pessoa vai ouvir uma música, geralmente, a primeira coisa com a qual ela tem contato é com o título. Isso quer dizer que o título já faz parte da música antes mesmo dela ser ouvida. Então o título precisa cativar a atenção da pessoa e fazer ela ter vontade de escutar a música.

Isso não quer dizer que você tem que criar um título espalhafatoso só para chamar a atenção. É claro que não é isso! Mas você precisa dar um título interessante para a sua música e, principalmente, que tenha a ver com o que está sendo dito na música.

Uma forma de dar um bom título para uma música é tentar resumir o assunto da letra em poucas palavras. Geralmente a parte mais importante da letra está presente no refrão, então esse é um lugar muito bom para se procurar um título. Se você repete muitas vezes uma palavra ou uma frase durante a música, pode ser uma boa pedida usar essa palavra ou frase como título.

Nunca menospreze a importância de um bom título. Como você já deve saber, hoje em dia está muito fácil gravar música (em casa mesmo) e lançar nas plataformas digitais. Por um lado isso é bom porque muita gente pode se expressar através da música de forma acessível, mas por outro lado isso causa uma verdadeira avalanche de músicas sendo lançadas diariamente na internet.

Mas o que isso tem a ver com o título de uma música? Tudo!

No meio de tantas opções de músicas sendo lançadas, o título da sua música pode ser uma arma poderosa para se destacar. Muitas vezes as pessoas escolhem músicas novas para ouvir apenas por causa do título. Isso já deve ter acontecido com você também. Então use o título da sua música a seu favor!

(8) Finalize a música

Finalize a Música
Finalize a Música

Agora estamos na reta final da composição. Garanto que você já entendeu muitas coisas sobre como compor uma música. Vamos finalizar o trabalho!

Grave você tocando e cantando a música do início ao fim. Se tiver a possibilidade de fazer a introdução e os solos, melhor ainda, mas se não puder, grave as partes que tiver letra e seguindo a forma musical que você já escolheu.

Escute algumas vezes para ver se tudo está se encaixando. Perceba se não tem cortes bruscos e desnecessários, se está faltando um momento de clímax, se a história contada na letra está clara e compreensível, se a forma musical está adequada, se a música não está muito grande ou muito pequena, etc.

Depois disso, faça todos os ajustes necessários e regrave com as alterações feitas.

Depois de todos esses ajustes, chegou o momento de deixar a música “descansar”. Você vai ouvir ela no dia seguinte ou depois de alguns dias (mas não muitos dias!). Isso vai te ajudar a se distanciar da euforia causada pela finalização de uma composição.

Eu sei que finalizar uma música dá uma sensação ótima, mas temos que ir com calma. Nesse momento de euforia nós tendemos a achar que a nossa música está maravilhosa, que é uma obra-prima, que vai ser sucesso na certa, e coisas desse tipo.

Então precisamos nos distanciar um pouco dela para podermos ver com mais clareza os pontos fortes e os pontos fracos que ainda podem ser melhorados na nossa música.

Mas eu não estou falando para você esquecer a sua música por meses, não! Não faça isso! Poucos dias já são suficientes.

Depois de todas essas etapas você pode gravar a “versão definitiva” e enviar para alguns amigos ou familiares e perguntar o que eles acharam da música. Geralmente essas pessoas vão elogiar a sua música porque gostam de você. Mas existem algumas perguntas que você pode fazer para saber se a sua música está funcionando. Faça essas perguntas:

Teve alguma parte da música que chamou muito a sua atenção e ficou grudada na sua cabeça?

Você entendeu sobre o que eu estou falando? Gostou da forma que eu abordei o assunto?

Que tipo de sentimento a música te proporcionou? Tristeza, alegria, calma, vontade de dançar, etc?

Em qual local você gostaria de ouvir essa música? Relaxando no sofá de casa, escutando ela no fone de ouvido enquanto caminha, num jantar romântico, num filme de ação, numa novela, etc?

Essa música parece com as músicas de algum artista famoso que você gosta? Qual artista?

Com as respostas para essas perguntas você vai ter muita informação valiosa sobre a sua composição. Muito melhor do que respostas do tipo: “que lindo”, “parabéns”, “adorei a música” e coisas desse tipo que, na verdade, não dizem nada.

Dica extra: registre a sua música!

Registrar a sua música é imprescindível. Isso pode te poupar muita dor de cabeça no futuro. Você pode utilizar sites pagos como o Músicas Registradas (musicasregistradas.com) ou se filiar em associações como a UBC ou Abramus, que possuem serviços gratuitos de registro de música. Não vacile!

Sobre o autor

Gandhi Martinez
Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (3 CDs, 2 DVDs, 1 EP e alguns singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

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Como Compor uma Melodia

Como Compor uma Melodia – 6 Pontos de Partida

Como Compor uma Melodia

Como Compor Uma Melodia

A melodia é uma das partes mais importantes de uma música, seja esta música uma canção ou uma música instrumental. A melodia pode ser definida como aquela parte que a gente consegue cantarolar ou assobiar.

Geralmente, nós conseguimos lembrar e gostar de melodias mesmo quando são cantadas numa língua que não entendemos ou mesmo que seja uma melodia puramente instrumental. É realmente incrível o poder que uma boa melodia possui e por isso que você precisa aprender como compor uma melodia excelente.

Mas como compor uma melodia? Essa é uma das perguntas mais frequentes quando o assunto é composição musical. E a resposta é simples: existem inúmeras maneiras. Neste artigo te mostro algumas das formas mais eficientes de se fazer uma melodia.

As dicas que darei são especialmente importantes para quem quer aprender como iniciar o processo de composição de uma melodia. Eu foquei na questão de como iniciar uma melodia porque geralmente essa é a parte que mais “trava” as pessoas. Muita gente quer compor uma melodia, mas fica meio perdido e não sabe por onde começar.

Esse “branco criativo” é bem comum, você não está sozinho. A boa notícia é que não precisamos de grandes inspirações ou conhecimentos teóricos para compor uma boa melodia, o que precisamos são de ferramentas e práticas eficientes – e de muita persistência e dedicação!

Aqui está uma lista com 6 dicas de como compor uma melodia. Aproveite!

(1) Ouvir músicas do estilo escolhido

Ouvir Músicas do Estilo Escolhido
Ouvir Músicas do Estilo Escolhido

Uma forma de ajudar a sua inspiração para começar a se sentir à vontade para compor melodias é ouvir muita música do mesmo estilo que você está querendo compor. Mas quando eu falo muita música, é muita música MESMO!

O seu cérebro e o seu “ouvido musical” precisam ter contato com muitos padrões e estruturas melódicas de um determinado estilo para poder te ajudar a improvisar melodias coerentes naquele estilo.

Você precisa aumentar o seu arsenal de melodias para se sentir confortável na hora criar as suas próprias melodias. A verdade é que isso vale para todos os aspectos relacionados à composição musical: ouça muita música prestando atenção nos detalhes! Isso vai te ajudar muito na hora de compor melodias, ritmos, harmonias e assim por diante.

(2) Cantar as músicas que você gosta

Cantar As Músicas Que Você Gosta

Você precisa tornar seu cérebro e ouvido musical mais aguçados para reconhecer e se apropriar de padrões melódicos, e isso ocorre mais eficientemente se você cantar as melodias das músicas ao invés de só ouvi-las. É claro que você não precisa ser um cantor ou cantora profissional para fazer isso.

Na verdade, para esse exercício você não precisa nem cantar a letra da música, basta entoar a melodia (pode ser com o famoso lá lá lá). A intenção aqui não é preparar um show com esse repertório, mas apenas te ajudar a se apropriar ainda mais das características melódicas do estilo que você está
estudando.

Fazendo isso você estará bebendo diretamente da fonte! Ou seja, você vai internalizar as estruturas de músicas que já passaram pelo crivo de vários profissionais (compositor, produtor, arranjador – e do público) até chegar naquela gravação que você está ouvindo agora. Isso não pode ser desperdiçado!

Essa prática é OURO para quem quer saber como compor uma melodia com mais confiança e agilidade! Cantar músicas que já existem vai deixar o seu arsenal musical muito mais internalizado e isso vai facilitar muito a sua vida na hora de compor uma melodia original.

(3) Criar melodias

Criar Melodias

Depois de ter ouvido e cantarolado muita música prestando atenção nas melodias, chegou a hora de começar a procurar as suas próprias ideias melódicas. Portanto, uma maneira muito eficiente de começar a compor uma melodia é simplesmente ficar cantarolando melodias.

Para algumas pessoas isso pode parecer difícil, mas eu te garanto que vale a pena se esforçar e sair da sua zona de conforto. Você pode fazer isso com acompanhamento harmônico ou sem acompanhamento. Em ambos os caos existem vantagens e desvantagens, por exemplo:

Sem acompanhamento – você fica totalmente livre para utilizar as notas e as rítmicas que quiser, porém, pode ser mais difícil construir uma melodia coerente.

Com acompanhamento – você pode ficar muito “preso” às notas oferecidas pelos acordes, porém, é mais fácil desenvolver uma melodia coerente e com sentido mais musical.

Apesar de as duas formas serem válidas e muito ricas de possibilidades, eu sugiro começar com a segunda opção.

(4) Usar progressões harmônicas de apoio

Usar Progressões Harmônicas

Se você toca algum instrumento harmônico pode utilizá-lo para fazer progressões harmônicas enquanto faz suas experimentações melódicas.

Progressões harmônicas são sequências de acordes, como por exemplo C | Am | F | G (que são as cifras do acordes de Dó | Lá menor | Fá | Sol).

Instrumentos harmônicos são aqueles que podem fazer acordes, os mais comuns são: violão, piano, guitarra, teclado, ukulele, acordeon, cavaquinho, bandolim, etc.

Se você não toca nenhum desses instrumentos, não se preocupe, você pode encontrar várias “bases harmônicas” em sites como o YouTube e em aplicativos como o Autochords. Além disso, você pode pedir para algum amigo ou amiga (que toque algum desses instrumentos) gravar uma base para você.

Não precisa ser uma gravação sofisticada, o próprio celular pode ser usado para gravar e enviar o áudio por aplicativo de mensagem, isso já é suficiente. O importante é ter a base para ajudar na criação da melodia.

Duas dicas que vão te ajudar muito nessa atividade são:

(1) utilize progressões de acordes que estão de acordo com o estilo musical em questão. Se você não sabe quais são as características harmônicas do estilo que você quer utilizar, procure por essas informações na internet, converse com amigos que também se interessam em compor ou analise você mesmo músicas desse estilo. Se dedique!

(2) comece e terminar as frases melódicas em notas do acorde. Essa questão pode mudar um pouco dependendo do estilo (por exemplo: Jazz, Bossa Nova, MPB), mas em geral é uma boa regra para se guiar. Se você já toca um instrumento, isso fica mais fácil.

Apesar de essa ser uma questão um pouco mais teórica, você sempre pode se guiar pelo seu “ouvido musical”. A intuição é nossa aliada, lembre-se disso! E se o seu arsenal musical estiver bem afiado, a sua intuição e seu ouvido musical ficarão ainda mais certeiros. Pode confiar.

(5) Crie um motivo melódico

Crie um Motivo Melódico

Como você já percebeu, existem muitas maneiras de como compor uma melodia, e a criação de um motivo é mais uma delas. Um motivo pode ser definido como “a célula básica da melodia”, é a parte estrutural mais elementar.

Calma! Eu sei que isso pode parecer abstrato demais, por isso vou dar um exemplo que vai te ajudar. Lembra da 5a Sinfonia de Beethoven? Aquela do tan tan tan taaann?

Então, o tan tan tan taaann é o motivo dessa composição. Ele é utilizado de várias formas durante a música, se você ouvir novamente a 5a Sinfonia vai conseguir perceber claramente o que estou dizendo.

Depois de ouvir e entender do que se trata o motivo, procure usar essa mesma lógica para iniciar uma melodia. Faça isso cantarolando ou tocando um instrumento. E lembre-se que o motivo é uma ideia curta, com 3 ou 4 notas no máximo, mas que podem ser utilizadas para fazer melodias mais longas e complexas.

(6) Crie um contracanto para uma melodia conhecida

Crie Um Contracanto Para Uma Melodia

Sabe aquela música que você adora e que daria tudo para ter sido você a pessoa que compôs ela? Então, você pode se utilizar dela para compor uma melodia de sua autoria.

Funciona assim: enquanto estiver ouvindo essa música que você adora, você vai começar a cantarolar uma “melodia de resposta” à melodia principal. Tente pensar que você está conversando musicalmente com a música e que a sua melodia é uma resposta à melodia da música em questão.

Esta é uma forma de compor uma melodia totalmente de sua autoria através de um contracanto feito para a melodia de uma música de outra pessoa. É claro que esse exercício pode ser um pouco desafiador no começo, mas quando você se soltar e deixar fluir, vai se surpreender com os resultados.

Muito importante!!!

Em todos os casos que apresentei neste artigo é imprescindível que você GRAVE o que está fazendo, porque é muito fácil esquecer ideias que estão sendo improvisadas na hora. Pode ser com o gravador do celular mesmo. Não vacile, grave tudo!

Estudar e se dedicar sempre!

Estude Sempre!

Se você quiser se tornar um excelente compositor, e realmente saber como compor uma melodia, você vai ter que se dedicar muito. Algumas dessas dicas que você acabou de ler podem ser praticadas imediatamente, dependendo do seu nível de experiência.

Já outras dicas vão precisar de mais tempo para serem amadurecidas e se tornarem efetivas na sua prática de composição. O conhecimento musical é infinito, quando a gente acha que sabe muita coisa, logo percebe que há muito mais para aprender.

Recomendo que você sempre procure por mais conhecimento e aplique na prática tudo o que aprender. Pesquise por materiais bem embasados e feito por pessoas comprometidas em disseminar conteúdos de qualidade. Eu sei que na internet as vezes ficamos perdidos com tanta informação e fica difícil saber o que é relevante e o que não é, mas siga firme na procura, vale muito a pena!

Clique no link se você quiser um passo-a-passo de como compor uma música do início ao fim!

Boas composições!

Sobre o autor

Gandhi Martinez
Gandhi Martinez

Sou compositor, pianista, arranjador e educador musical há mais de 15 anos. Sou graduado em Música, Mestre em Interpretação e Criação Musical e Doutorando em Processos Criativos (Composição Musical). Já figurei na lista dos 21 melhores instrumentistas do Brasil com o meu primeiro CD. Já lancei diversos trabalhos com minhas composições autorais (3 CDs, 2 DVDs, 1 EP e alguns singles).

Minhas composições vão desde a canção popular brasileira até a música instrumental popular e peças eruditas. Atualmente, além do Doutorado, estou me dedicando a compor minhas próprias canções e a ensinar outras pessoas que estejam interessadas em compor música.

Conheça Meu Livro De Composição

Se você quer ter acesso a um material completo e exclusivo sobre como compor música utilizando ferramentas profissionais, recomendo que conheça o meu livro digital “Criando Canções Incríveis”.

Com esse livro você vai aprender todas as etapas para fazer músicas do início ao fim de forma profissional. Fiz esse livro para ajudar pessoas que querem aprender a fazer suas próprias músicas. E o melhor, tá rolando uma super promoção e ainda com bônus exclusivos! Aproveite, essa é a hora de mostrar sua música para o mundo!

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